Fotografia de Vadim Sadovski em Unsplash Lua Nova: 29˚ Carneiro 50’ Lisboa (UTC +1): 20 de Abril de 2023, 5h12 Brasília (UTC -3): 20 de Abril de 2023, 1h12 Mais sobre o eclipse: https://www.timeanddate.com Nas últimas semanas puseste algo novo em andamento? Sentes que viraste uma página em alguma área da tua vida? Este movimento pode estar a ser mais ou menos visível para o lado de fora, dependendo de qual a casa que Carneiro ocupa no teu mapa, mas o importante é que o seu impacto será forte e terá consequências a longo prazo. A lua nova anterior aconteceu no primeiro grau de Carneiro. Foi o início de um início. Este eclipse solar, a segunda lua nova neste signo este ano, agora no último grau, vem fechar o compromisso assumido durante a última lunação, e é o início de um fim. Daqui para a frente já não há volta atrás, mas ainda há ajustes possíveis. Último grau de Carneiro No primeiro grau de um signo temos a expressão limpa, pura e plena de potencial da sua energia. Há uma ingenuidade, uma natureza inocente e infantil, próprias de quem ainda desconhece magnitude e a complexidade da vida. Quando um planeta se encontra no último grau do signo, já viveu as diferentes dimensões dessa energia. Agora é maduro e conhecedor das diversas possibilidades, mas também tem os pés calejados e o corpo cansado pelo caminho já feito. No último grau de Carneiro está acumulada toda a experiência do signo, toda a coragem, independência, liderança e capacidade de afirmação que lhe são características. Mas aqui também podemos encontrar um excesso de individualismo, de agressividade e de impulsividade. E até algum cansaço, de tanta urgência e tanta correria. De qualquer forma, este é um grau de instabilidade e de crise. Por um lado há o exagero do signo, por outro há um prenúncio de mudança e a sensação de que agora é tarde demais para reverter o que já foi feito. Eclipse solar Mais ou menos de seis em seis meses, a lua nova brinda-nos com um eclipse solar e a sua promessa de inícios intensifica-se e estende-se para lá das quatro semanas do ciclo de lunação. Os efeitos desta lua nova especial são dramáticos e profundos e vão marcar mudanças acentuadas que podem surgir num período de seis meses a dois anos depois. Eclipses trazem desvios de rota, mudanças ou rupturas. É importante termos presente que muito do que acontece nas nossas vidas é um processo. Simbolicamente, o eclipse solar, porque acontece na lua nova, marca o início do processo de mudança e o eclipse lunar, que acontece na lua cheia, traz a manifestação do resultado. As áreas de vida afectadas pela mudança são indicadas pelos signos e casas por onde estão a passar os nodos lunares, o eixo que marca os eclipses e que permanece cerca de ano e meio em cada signo. No fim de Carneiro, este eclipse inaugura os eclipses no eixo Carneiro/ Balança, depois da temporada Touro/ Escorpião — sim, os eclipses andam em contramão, o que é bastante apropriado para o seu significado. Quadratura a Plutão em Aquário A influência mais forte de outro planeta sobre o eclipse é a de Plutão, que, no primeiro grau de Aquário, está numa posição de autoridade relativamente aos luminares. Esta pressão do planeta da morte, do poder e dos segredos sublinha o ambiente de intensidade e drama. Podemos entrar em modo sobrevivência, a querer controlar mais do que aquilo que podemos. Queremos definir-nos, mostrar quem somos e garantir que a nossa autonomia e liberdade não ficam comprometidas e que o nosso ego não sai beliscado. Existe o medo do desconhecido, a ansiedade de encontrar a segurança que teima em não se materializar e o arrepio que sentimos porque sabemos que mesmo que regressemos ao passado, o passado já não vai lá estar como antes. Tudo isto faz saltar dinâmicas de poder, de abuso ou de manipulação. Conjunção a Vesta em Touro Vesta é a deusa virgem que cuida do fogo sagrado do lar e da existência interior e não deixa que a sua chama se apague. Onde ela se encontra num mapa é onde está aquilo que nos é mais sagrado. Em Touro, mas muito próxima da Lua e do Sol, Vesta recorda-nos o valor da tranquilidade e da paciência e a importância da autenticidade. Vesta oferece a sua protecção a este eclipse. Mas é necessário um sacrifício, uma purificação pelo fogo, um compromisso por aquilo que nos é mais sagrado. Para encontrarmos a definição e o chão que ansiamos, precisamos de renunciar a algo. Mas essa renúncia pode também ser a libertação de alguma coisa que não nos nutre, como um vício, um mau hábito ou uma má relação. O que não podemos sacrificar, seja em nome de um objectivo, de uma relação ou de promessa antiga, é a nossa integridade, seja ela física, emocional ou moral. Mercúrio estacionário em Touro No momento em que acontece este eclipse, Mercúrio está a travar a sua marcha e a preparar-se para ficar retrógrado. Há ainda uma oportunidade de revisitar a casa antiga, de repescar alguma coisa importante que tenha ficado para trás ou ainda de deitar fora algo que levámos para a casa nova, mas afinal não precisamos. Mas talvez este Mercúrio parado seja mais pertinente para quem está ainda à procura de um desfecho e não sabe por onde começar. Revisitar os lugares por onde passámos, refazer o percurso feito, agora em retrospectiva, pode ajudar a arrumar ideias e a perceber em que momentos recebemos avisos, mas não lhes prestámos atenção. Não para nos carregarmos com o fardo da culpa de não os termos levado a sério, mas para os podermos reconhecer no futuro. Síntese do Eclipse Solar As próximas semanas, e talvez os próximos meses, dependendo do impacto que este eclipse tem no teu mapa, vão pressionar-te e pôr-te à prova. Agarrares-te à ideia de que estás em “controlo da situação” não te serve, nem te leva longe. Que situação estás a fazer por manter, mas que se está a revelar tóxica? Quem é que estás a deixar de ser para poderes cumprir com um compromisso? O que é que precisas de sacrificar para restaurar a tua saúde? Que história recente precisas de recordar para observar o que te passou ao lado e guardar a aprendizagem para o futuro? Quando sentires que te estão a desafiar, a obrigar-te a escolher entre a espada e a parede, quando sentires a pressão e uma luta de poder parece inevitável, lembra-te que a única saída é a rendição. Baixa os braços e pára de lutar, acredita que vais sobreviver. Aliás essa é a única forma de sobreviver. Afinal, a tua chama não se apaga enquanto tu estiveres a cuidar de ti. Essa é a promessa de Plutão e de Vesta neste eclipse.
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Fotografia de Roman Kraft em Unsplash Lua Nova: 0˚ Carneiro 49’ Lisboa (UTC +0): 21 de Março de 2023, 17h23 Brasília (UTC -3): 21 de Março de 2023, 14h23 No mês passado houve uma dor que se agudizou, uma ferida não atendida que não foi mais possível ignorar. Espero que lhe tenhas prestado a atenção necessária, que a tenhas aceite como uma parte de ti que vai sempre doer, mas cuja existência é um elemento essencial da tua humanidade. Nas duas últimas semanas também sentimos um aperto, um puxão a trazer-nos para o chão e para realidade das nossas emoções. Se tens tendência para te perderes em subjectividades passivas, podes ter sentido a necessidade de abrir os olhos e de pôr os pés no chão. A realidade pode não ser tão perfeita, mas tem mais corpo e é mais verdadeira. A primeira lua nova do ano astrológico acontece mesmo no início do signo de Carneiro, ele próprio o signo dos inícios. Logo a seguir Plutão, depois de quinze anos em Capricórnio, entra em Aquário e, pouco depois, Marte despede-se da sua estadia de seis meses em Gémeos (tempo demais para quem costuma passar apenas seis semanas em cada signo) e muda para Caranguejo. Isto tudo com Saturno recém chegado ao signo de Peixes. Inícios, arranques e aberturas são o tema desta lua nova. A chegada a um lugar novo, onde ainda não nos sentimos confortáveis, onde ainda não nos instalámos, mas que sabemos que é onde vamos ficar nos próximos tempos. Duas Luas Novas, dois inícios Esta não será a única lua nova em Carneiro deste ano. Ainda antes de o Sol sair deste signo, a Lua alcança-o novamente e, com a proximidade do eixo nodal, a segunda Lua Nova em Carneiro é potenciada por um eclipse solar. Duas Luas Novas em Carneiro, duas oportunidades de início para este ano. A primeira lunação, que começa agora, pode funcionar como espécie de antecâmara para as mudanças que se anunciam. Há três anos percebemos recebemos ordem de expulsão de um lugar confortável e conhecido. Tivemos que dar um salto no vazio, sem saber onde íamos cair. Até agora estávamos a viver num limbo, num período de transição, sem entender muito bem o que se segue. A viagem acabou e agora estamos a acabar de chegar. Só que ainda vamos ter que desfazer malas, abrir caixas e encontrar uma nova arrumação para a nossa vida neste espaço por estrear. O signo de Carneiro O primeiro signo do zodíaco traz consigo a força bruta dos começos. A imagem que uso nas minhas aulas para descrever este signo é o rebento de uma planta a brotar da terra. A nova vida a nascer lembra-me sempre do forte impulso que é necessário para quebrar a casca da semente, contrariar a gravidade e romper através da terra para a plena luz do dia. Carneiro é um signo de Fogo, extrovertido, e cardinal na modalidade. Põe as coisas em movimento, procura a novidade e, para ele, “parar é morrer” — o que é verdade, já que parar é deixar de ser Carneiro para se tornar Touro. Uma das coisas mais fáceis para Carneiro é separar-se do todo e distinguir o seu próprio contorno. Este signo vive na urgência de dizer “eu sou” e de fazer vingar a sua vontade, sem lastro que o atrase e sem dependências que que o prendam. Sextil a Plutão em Capricórnio A ligação a Plutão, o senhor do mundo subterrâneo, é o aspecto mais apertado desta lua nova, apesar de ser fora de signo (entre dois signos que na não fazem sextil um ao outro, mas sim uma quadratura) e de Lua e Sol já se afastarem de Plutão. A conversa fácil dos luminares com aquele planeta potencia o foco, a capacidade para ver para lá da superfície e ajuda-nos a distinguir o essencial do acessório. Quando fazemos uma mudança, importa deixar para trás o que já não faz sentido, aquilo a que já não dávamos uso e o que não nos vai servir na casa nova. Ao desempacotar as caixas ainda vamos a tempo de descartar o que ficou obsoleto ou se tornou tóxico. Certifica-te de que ficas contigo apenas o que é realmente teu e apenas o que é realmente essencial, para poderes continuar com mais leveza e com mais verdade. Plutão em Aquário Poucos dias depois da lua nova, Plutão entra em Aquário, onde, nos próximos três meses, vai ensaiar o que será a sua passagem mais larga por este signo entre 2024 e 2043. Por ser um planeta muito lento, as transformações que opera não são imediatamente perceptíveis. Para termos uma ideia do que irá ser queimado, purificado e empoderado nos vinte anos que se seguem, basta prestar atenção aos acontecimentos dos próximos meses na área de vida do nosso mapa natal onde está Aquário. De uma forma mais genérica, deixo aqui algumas ideias para este signo que me são especialmente queridas: inovação, tecnologia e conhecimento científico; romper limites, caos, revolução e emancipação; solidariedade, igualdade e democracia; colectivos, associações e comunidades; trabalho em rede, justiça social e inclusão; diferença, consciência da diferença e aceitação da diferença. Que temas da tua vida são tocados pela energia de Aquário? Para entenderes melhor as transformações que o trânsito deste planeta vai trazer para a tua vida nos próximos vinte anos e quais os impactos a curto prazo, basta fazer uma consulta comigo. Explicar-te-ei tudinho :) Quadratura a Marte em Gémeos Marte, o planeta da força e da acção, recebe esta lua nova no seu domicílio diurno e está contacto os seus hóspedes, por signo com um sextil e por grau com uma quadratura. Assim como o aspecto com Plutão, também este acontece fora de signo e também este é um aspecto que já se desfaz. Ainda à semelhança de Plutão, também Marte muda de signo dias depois da lua nova. Sai de Gémeos e ingressa em Caranguejo, um lugar de desconforto e inquietação para o planeta do confronto e da pressa. No seu melhor é uma força inexorável que nos impele a seguir em frente carregada com a energia propulsora e criadora das renovações e dos começos, à procura encontrar finalmente a sua nova casa. O perigo é a dificuldade em distinguir riscos reais de perigos imaginários. É preciso confiar no futuro e não fazer como a mulher de Lot. Síntese da Lua Nova Depois do empurrão que levámos há três anos, agora os nossos pés voltam a sentir o chão. Mas é um chão novo, um território diferente, desconhecido, que nos causa estranheza e desconforto. As próximas semanas são, assim, o momento de chegada a uma nova paisagem, aquele instante em que já aterrámos do salto e levantamos a cabeça para olhar em volta. Olha á tua volta. Por onde é que vais começar? O que é que vais iniciar este mês lunar e que pode ser o teu objectivo deste ano? O que é que não pode mais esperar para acontecer na tua vida? Esta lunação é para virar a página, renovar e dar impulso a coisas novas e frescas. A uma vida renovada e refrescada. Lua Nova: 11˚ Carneiro 31' Lisboa: 1.Abr.22, 7:24 Brasília: 1.Fev.22, 3:24 Percepciono o mundo através de sensações, emoções e sentimentos. O que significa que sou hipersensível, tanto a nível emocional como sensorial. (Para simplificar, e porque dentro de mim é difícil separá-los, vou usar a palavra sensações e sentir para falar sobre estas ideias durante o resto do texto). Sinto demasiado. Sinto intensa e profundamente. Mas na maioria das vezes não tenho consciência do que estou a sentir. Para me tornar consciente de algumas das minhas sensações, tenho de parar e ficar um pouco com a sensação que está presente. Não é fácil. Às vezes, as sensações são demasiado desconfortáveis e não as quero ver cara a cara. Quero afastar-me. Mas já sei que sentar-me com elas é a única saída, e, se e quando me sentir suficientemente segura, então abro a guarda e deixo sair essas sensações para poder olhar para elas e conhecê-las. Digo olhar para elas, porque, normalmente, as sensações vêm com imagens. Não imagens reais, cheias de detalhes, contornos e definição. Mais como imagens subjectivas, oníricas, carregadas de simbolismo e significado. Uma ideia pré-verbal que de alguma maneira serve como uma forma, ou uma estrutura, através da qual as sensações podem tornar-se mais distintas e visíveis para mim. Por vezes as imagens são memórias ou histórias que na minha cabeça são descritivas desse sentimento, emoção ou sensação. É por isso que, por vezes, tenho de contar uma história para conseguir transmitir o meu ponto de vista. Outras vezes, se tiveres sorte, eu já sintetizei a história numa fórmula verbal que é mais directa e de fácil digestão para as outras pessoas. Este é o último passo, verbalizar a imagem. Isto normalmente leva tempo. Muito tempo, dependendo se o contexto é novo ou inesperado para mim. Às vezes não digo nada. Não porque não se passa nada dentro de mim. Não porque não esteja consciente do que se passa à minha volta (embora de vez em quando isto também seja verdade, mas este assunto fica para outra altura). Mas porque estou a processar todos os estímulos nesse modo sensitivo inicial, e vou levar algum tempo, de preferência num ambiente seguro, a processar a minha resposta em palavras compreensíveis que eu e as outras pessoas possamos entender. Os meus começos são neste modo sensível, instintivo, muito cru e quase animal, onde estou muito atenta a tudo e a processar todos os inputs a um nível muito profundo e inconsciente. A energia direccionada para este processo é muita e, enquanto isto está a acontecer, não há ninguém no leme. A tripulação está toda reunida à volta das informações que estou a receber e o navio ficou em piloto automático. Acredito que todos os nossos começos têm o mesmo padrão. Quem somos e como reagimos no início de qualquer processo é semelhante a quem éramos e como reagíamos no início da nossa vida. (Explico isto aqui.) É por isso que é sempre tão difícil definir-me quando me encontro num novo contexto. Quando estou nesse modo sensível dos inícios, não sei quem sou. A definição só acontece em relação, e, enquanto estou a sondar, a sentir e a processar a um nível inconsciente cada estímulo que recebo do mundo exterior numa determinada situação, ainda não consigo saber quem sou nessa situação. No meu mapa natal, o asteróide Quíron, o centauro estudioso e curador, está em Carneiro, signo da definição e da assertividade, na décima segunda casa, o lugar da inconsciência e da perda de identidade. Este asteróide simboliza o sofrimento e as feridas que nunca fecham. Mas é também acerca de rendição, aceitar essa ferida e ensinar os outros sobre esse tema. Definir-me é uma espada de dois gumes. Ser vista significa que estou a abrir a possibilidade de rejeição. Não ser vista significa que não vou conseguir satisfazer as minhas necessidades. O meu Quíron natal está muito próximo desta última Lua Nova em Carneiro, que aconteceu em conjunção com o mesmo asteróide em trânsito. Isto significa que estou a passar pelo meu retorno de Quíron, aquela altura na vida em que o centauro regressa à sua posição natal e nos obriga a desfazer as malas e lidar com toda a bagagem acumulada até ao momento presente. Na verdade, estou já no final deste trânsito, e posso dizer-te que tem sido uma viagem bonita, muito profunda e muito intensa. O centro desta viagem tem sido a minha auto-descoberta autista. Compreender-me através desta lente que tem todas as cores do arco-íris e encontrar o meu próprio contorno nesta dimensão escondida e tantas vezes mal compreendida da neurodiversidade é o ensinamento que Quíron tinha para mim este tempo todo. Há dois anos, não teria conseguido explicar-te o meu padrão de processamento como descrevi acima pela simples razão de que não me era conhecido com este detalhe e profundidade. Mas esta descoberta não é sem dor. Nomear-me, ser capaz de dizer "sou autista", é por vezes recebido com incompreensão ou mesmo confronto. A tal espada de dois gumes. A questão é que, ao conhecer mais dimensões de mim própria, não as posso desver, não posso voltar àquela pessoa indefinida, bem comportada, maleável e pronta a adaptar-se ao mundo exterior. À medida que conquisto cada vez mais paisagens interiores, torna-se mais difícil corresponder às expectativas das outras pessoas e às normas sociais. Nesta lunação, com Quíron conjunto à lua nova em Carneiro, conhece quem és, define-te e diz o teu nome. Eu sou a Bárbara. Astróloga. Autista. Opinativa. Quem és tu? “Mesmo quando as dúvidas nos atormentam, mesmo quando não conseguimos ver o caminho nem prever consequências, ainda assim continuamos adiante. Imprevistos podem e irão surgir, mas a criatividade necessária para os superar pode levar-nos a encontrar novas paisagens, ainda que estas não sejam visíveis imediatamente. Mais à frente, quando o nevoeiro levantar, vamos perceber o tanto que andámos e todas as coisas novas que descobrimos pelo caminho.” Escrevi o parágrafo de cima no texto sobre a última Lua Nova, a de Peixes, mas na altura desconhecia ainda a dimensão e os contornos concretos do que aí vinha. Agora, com a nossa sociedade em isolamento compulsivo, estamos todos a ser obrigados a encontrar novas formas de trabalhar, novas formas de nos relacionarmos e novas formas de usar os nossos recursos. Estamos todos a aprender a cultivar a nossa autonomia e a dependermos menos de certos serviços que, afinal, percebemos serem supérfluos, mas também a tomar consciência de como estamos todos tão mais ligados do que pensávamos. Um vírus que começou na China e que achámos que nunca chegaria à Europa está agora espalhado pelo mundo inteiro. A próxima Lua Nova acontece nos 4° do signo de Carneiro, amanhã de manhã, terça-feira dia 24, às 9h28, hora de Lisboa, 6h28, em Brasília. Carneiro é o signo dos inícios, ele inicia o ano zodiacal e traz consigo a Primavera do hemisfério Norte, o renascimento da natureza e a força necessária à vida. Esta Primavera vai ser inevitavelmente diferente, porque a energia de confinamento e introspecção, natural do Inverno, vai arrastar-se por mais algum tempo. Mas também porque esta Primavera marca um ano de viragem, o ponto zero de uma nova era, o início de uma nova vida. Lua e Sol entregam-se nas mãos do Quíron, que conhece bem o sofrimento e que, precisamente por isso, se tornou um curador. Nós estamos em sofrimento, mas não é por estarmos fechados em casa. Estamos em sofrimento porque, enquanto sociedade, nos apegamos de forma doentia ao consumo, às coisas e à imagem. Premiamos comportamentos individualistas e alienados e assim fomos criando uma desconexão de nós mesmos, do colectivo e da natureza. Estamos em sofrimento porque somos adictos, viciados em consumos tóxicos que nos tapam os vazios da alma. Mas Quíron, além do sofrimento, também traz a cura. E esta paragem pode ser bastante reveladora para cada um de nós e de certeza que o será para o colectivo. Estamos a perceber onde nos dói, o que nos provoca dor, ansiedade e angústia e é precisamente aí que está a cura, no reconhecimento e na aceitação do sofrimento. Só depois de realmente entendermos o que nos dói e porque dói é que estaremos prontos para nos curarmos. Quíron em Carneiro mostra-se como o individualismo cego e o egoísmo doente ou, em contraste, como a incapacidade, o desconhecimento da própria força e a dificuldade em tomar iniciativa. O texto da Lua Nova em Peixes termina com a frase “Somos menos do que pensamos e mais do que acreditamos.” O nosso egocentrismo gosta de nos ver separados, isolados e mais do que os outros, mas não somos nada disso. Somos todos feitos de carne, de ossos e de sangue, todos mortais. E a nossa sensação de impotência também é falsa porque, quando nos ligamos à nossa essência e vivemos com consciência todas as nossas dimensões, deixamos de ser um só e tornamo-nos grandes, maiores do que acreditámos ser possível. Logo a seguir a Quíron e também no papel de curadora, está Lilith, a Lua Negra, a força feminina e selvagem da Terra. Ela é visceral, crua, instintiva e primitiva, ela é o lado animal que gostamos de esquecer que ainda existe em nós. Lilith é a própria Natureza, pura, forte e inexorável. Ela é a nossa natureza primordial, a nossa Mãe mais antiga, e exige respeito. Nós, enquanto sociedade, temos feito de tudo para a ignorar e agora a Mãe chegou ao seu limite e mandou-nos a todos para o quarto de castigo, como li algures nas redes sociais. O nosso medo do desconhecido faz-nos desconfiar da Natureza, faz-nos pensar que que é ela perigosa e traiçoeira e que temos que a controlar e corrigir. Na verdade, ao querer dobrar a Natureza segundo a nossa vontade, estamos a ofendê-la, a feri-la e a violentá-la. E o que fazemos todos os dias, de forma cada vez mais sistemática, mais grosseira e mais cruel, à Mãe Natureza, fazemos a nós mesmos, ao nosso corpo, às nossas emoções e a toda a Humanidade. Nas próximas semanas, enquanto te estiveres a adaptar às novas circunstâncias, sente-te. Sente como estão as tuas emoções, como está o teu corpo. Consegues verdadeiramente parar? Ou precisas do ruído à tua volta ou de algum outro tipo de escape? De que emoções queres fugir? Depois de as reconheceres, dá-lhes um pouco de espaço. É ok se não te sentires bem e o medo, a ansiedade ou a impaciência são normais em fases de mudança. Podes também reconhecer outras emoções mais positivas que coabitam com as emoções difíceis. É importante aceitá-las todas, as “boas” e as “más”. Fingir que não sentimos o que sentimos é o princípio da dissociação e foi isso que nos trouxe até aqui. Seja o que for que sentes, aceita, liga-te à tua respiração e reconecta-te com a tua essência. Define o teu contorno interno e separa-te do barulho das luzes com que és assediada constantemente. Separa-te do lado de fora, da sociedade e das expectativas dos outros, e liga-te do lado de dentro, à tua essência, à Humanidade e à Vida. Depois de algumas semanas de confusão, inércia, fantasia ou inspiração – ou talvez tudo ao mesmo tempo, porque afinal foi a lunação de Peixes… – a vida ganha agora outro ritmo com a Lua Nova em Carneiro. Nesta sexta-feira dia 5 de Abril, às 9h50 de Lisboa, 5h50 em Brasília, quando a Lua alcança o Sol aos 15° daquele signo, inicia-se um novo mês lunar, o primeiro deste novo ano zodiacal. Carneiro é o primeiro dos signos, ele abre a Primavera no hemisfério norte, quando a natureza, depois de ter estado em repouso durante o Inverno, renasce forte e vibrante. Esta é uma Lua Nova carregada do simbolismo dos começos. Carneiro é um signo de Fogo cardinal e a sua energia é espontânea e frontal, directa, impulsiva e iniciadora, tudo o que é necessário para abrir novos ciclos e arrancar com novos projectos. Há cerca de quinze dias, quando o Sol saiu da dormência de Peixes para ingressar em Carneiro, percebemos a velocidade a aumentar e a vida a apanhar o passo. Agora, com a Lua a juntar-se ao astro-rei para a primeira Lua Nova deste ano astrológico, é o momento certo para dar o pontapé de saída a alguma ideia ou plano que estava guardado há algum tempo ou a algum sonho que tenha surgido na nossa imaginação no mês anterior. No último dia de Março, o acelerado Marte, dispositor desta Lua Nova, entrou na agitação de Gémeos, deixando para trás o signo de Touro que, com a sua lentidão e a sua paciência, contraria a natureza rápida e precipitada daquele planeta. Os dois luminares são assim recebidos por um Marte ágil e despachado, tanto a nível mental como na acção, mas que pode perder o foco com alguma facilidade. Gémeos gosta de multiplicidade, mas em vez de querermos fazer dez coisas ao mesmo tempo, talvez possamos focar-nos apenas em duas ou três, de forma a tornar esta energia o mais produtiva possível, sem contrariar a sua essência. Lua e Sol formam quadraturas a Saturno e Plutão que estão bem próximos um do outro em Capricórnio, signo das construções duradouras, da estrutura tradicional e conservadora, das regras antigas e cristalizadas. Tanto Saturno quanto Plutão gostam de exercer controle e domínio sobre o que governam e os dois planetas juntos neste signo mostram sinais de prepotência e autoritarismo e mantêm-nos presos a uma segurança que já não nos protege. Avançar para novas realidades não é feito sem custo e, seja porque nos atrevemos a seguir em frente, seja porque ainda não conseguimos dar o salto e ficámos para trás, podemos sentir na pele a mão pesada de uma autoridade que um dia chegou a ser um suporte, mas que agora apenas se serve a si própria. E no fim, esta dificuldade ajuda apenas a confirmar que, quer queiramos quer não, só existe um caminho, em frente. O Nodo Sul, que também está em Capricórnio, precisamente no meio da conjunção de Saturno e Plutão, deixando bem marcada a sua presença nesta quadratura aos luminares, reforça a importância de deixarmos o passado para trás, onde ele pertence. Novos caminhos e novas aventuras começam nesta lunação. É importante que os passos mais significativos sejam dados durante as próximas duas semanas, até à Lua Cheia, por um lado porque é nesta metade do ciclo que está favorecido o potencial de crescimento da semente, por outro porque as semanas seguintes serão as mais desafiantes. Para saberes que assuntos podes iniciar este mês, olha para a casa do teu mapa onde está o grau 15 de Carneiro e reflecte sobre o seu significado. Se tiveres planetas ou ângulos perto desse grau em signos cardinais, então esta Lua Nova vai-te tocar de uma forma mais pessoal. Quem seria eu se estivesse sozinho no mundo? Quem seria eu se não dependesse de ninguém, nem ninguém dependesse de mim? Quem seria eu se tivesse a coragem de sair desta muralha que me protege e me prende? Aonde iria? Que aventuras viveria? Quem seria eu? O tema desta Lua Nova é abandonar sistemas antigos e obsoletos e não ter medo de caminhar sozinho. Aceitas o desafio? |
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