![]() Estamos a viver grandes mudanças sociais a nível mundial. Mudanças inevitáveis e inadiáveis. A palavra “normal” tornou-se vaga e intangível, como o pote de ouro no fim do arco-íris. Um dia a vida vai estabilizar, vamos encontrar novos lugares e novas formas e então sim, vamos descobrir novamente o “normal”. Um outro “normal”. Um dia. Mas não agora. Porque a verdadeira mudança ainda nem começou. O solstício que se aproxima — de Verão no hemisfério Norte, de Inverno no Sul — anuncia um grande novo começo. No domingo de manhã, às 7h40, hora de Lisboa, 3h40 em Brasília, acontecerá nos céus um eclipse solar. Este eclipse não será visível em Portugal nem no Brasil, apenas na África Central, Oriente Médio, Índia e China. Horas depois de o Sol entrar no signo de Caranguejo, a Lua alcança-o, esconde-o e, por alguns momentos, temos a escuridão de um eclipse a ensombrar o momento de máxima luz na metade norte do planeta. No Ascendente do Thema Mundi, o mapa que os antigos atribuíam ao nascimento do mundo, é Caranguejo que se encontra no ascendente. Esta Lua Nova e o seu eclipse acontecem no primeiro grau deste signo, o grau inicial do princípio do mundo. Caranguejo tem a força e a fragilidade das primeiras águas. A força necessária para nascer e a fragilidade intrínseca a este momento. Caranguejo é a casa da Lua, um planeta de mudanças, de oscilações, de instabilidade e de inconstância. A Lua é andarilha, caminheira, não pára. Umas vezes é cheia, outras vezes vazia. Umas vezes é a mãe que alimenta e nutre, outras vezes é o bebé carente que precisa de colo e de cuidado. Este eclipse sublinha o momento de viragem que vivemos. Recorda-nos que todos os momentos charneira são plenos de potência e simultaneamente frágeis e quebradiços. Os próximos meses, que estarão sob a influência desta estação de eclipses, não serão fáceis nem tranquilos. Mas são o início do nascimento de uma nova forma de funcionarmos uns com os outros, na grande família humana. O Sol, que normalmente é quem empresta a sua luz para que o mundo seja mundo, está agora enfraquecido e a Lua recebe-o no seu colo e acolhe a sua debilidade e o seu cansaço. A Lua cuida porque é da sua natureza cuidar. Sol e Lua não formam aspectos de relevo a outros planetas e acabam por ficar entregues ao reino lunar, que, mesmo com as melhores intenções, é flutuante e nem sempre confiável. Poucos dias antes, Mercúrio, que também segue por Caranguejo, entrou em movimento retrógrado. Uns dias depois será Neptuno que inverte a sua marcha. Logo a seguir é a vez de Vénus dar por finda a sua viagem invertida para regressar ao seu andamento directo. Tantos planetas a mudar de direcção apenas para sublinhar as alterações gigantes que estamos a viver. Como se estivéssemos em cima de uma falha geológica no momento em que duas placas tectónicas se movimentam. De que lado está a segurança? Para onde podemos escapar? Caranguejo tem implícita a energia de um nascimento, mas todos os nascimentos são um processo. É necessário atravessar um espaço em que deixamos de ser o que éramos, mas onde ainda não somos o que iremos ser. Um espaço onde não somos nada, mas onde temos a promessa de poder vir a ser tudo. Um espaço escuro, estreito, desconfortável, onde parece que não cabemos e de onde queremos fugir. Para a mãe são as dores das contracções, para o bebé é sentir-se empurrado pelas mesmas contracções para o canal de parto. Durante os próximos meses, até perto do fim do ano, podes sentir que o que estás a viver não é um início, mas um fim. É natural, estamos a começar o processo. Vais sentir-te mais ligada aos instintos, mais vulnerável e mais reactiva. Pergunta-te, Estou a ser suficientemente paciente comigo e com os outros? Consigo cuidar de mim e proteger-me do que me agride e me ofende? Faz sentido resistir à mudança? Ou posso entregar-me a ela, mesmo sem saber o que me espera? Estamos a assistir colectivamente ao nascimento de uma nova organização social. Mas esta transformação não é nem rápida nem indolor. A nível pessoal, a casa onde se encontra Caranguejo no teu mapa natal indica-te onde está a acontecer um reset na tua vida. Mesmo que não percebas para onde vais, mesmo que não vejas uma saída, confia no processo. Toma consciência do que te faz sentir em casa, reconhece os afectos que te seguram e foca-te no presente. Lembra-te, estás a vivenciar um parto!
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![]() Hoje, sexta-feira dia 5 de Junho, a Lua Cheia em Sagitário torna-se um eclipse lunar, amplificando a as emoções, os instintos e a impulsividade da energia lunar. Este eclipse, que tem o seu ponto máximo às 20h24, hora de Lisboa, ou 16h24, hora de Brasília, não é especialmente forte e a sua energia será sobreposta pelo eclipse solar de 21 de Junho. Ainda assim, vamos ter dificuldade em conter o ímpeto da sua força nas próximas semanas. De um lado está a Lua em Sagitário, a verdade fica toldada pelas emoções e as convicções são manchadas por impulsos instintivos. Quando se soltam, as emoções desta Lua são como cavalos selvagens a galope, sem rédeas nem freio. Do outro lado está o Sol em Gémeos que nos dispersa e nos deixa perdidos no meio de tanto informação. Achamos que, porque repetimos o que lemos e o que ouvimos, compreendemos o seu significado, mas estamos a ser apenas papagaios. O que nos distingue como humanos é a nossa capacidade de entender e processar a informação, transformando-a em conhecimento. E isso, nem toda a gente sabe fazer. Perto do Sol está Vénus, a que rege as relações e as uniões, a que junta, liga e unifica. Ela ainda está retrógrada, mas já caminha para o seu esplendor como estrela da manhã, quando a sua luz fica mais masculina e agressiva. A nossa vontade é orientada para a relação e as ideias misturam-se com a expressão de afectos e de desafectos. Mas o diálogo está pesado e carregado de emoções violentas. Em tensão apertada com estes planetas está Marte em Peixes, o próprio deus da guerra, pronto para o combate, com ou sem a razão do seu lado. Marte aproxima-se também de uma conjunção com Neptuno que desfaz qualquer limite ou fronteira que se levante à sua frente. Os nossos impulsos mais agressivos e mais instintivos, que tentávamos dominar e conter, escapam da vigília do nosso consciente e manifestam-se, descontrolados e selvagens. Uma palavra mal escolhida, um gesto mal calculado ou um erro até agora tolerado, mas repetido pela enésima vez, podem ser o pavio para uma guerra aberta numa relação já sob tensão ou até mesmo para uma ligação que nunca tenha passado uma prova de fogo deste género. O conflito pode parecer inevitável e a nossa zanga pode até ser muito justa, mas o nosso arrebatamento só vai aumentar a agressividade do outro lado. Das duas uma, ou assumimos que vamos despoletar um processo que pode não ter regresso, ou precisamos de libertar essa raiva que cresce por dentro e de canalizá-la de forma produtiva para que ela não se torne destrutiva e arrasadora. Outra manifestação também possível é uma energia sexual muito forte e crua. De qualquer das formas, fazer exercício físico, qualquer que ele seja desde que nos faça transpirar, pode ajudar a descarregar a energia acumulada e a esgotar a intensidade das emoções surgem à superfície e assim neutralizar o fogo deste eclipse. Se no meio de tudo isto conseguires ter um momento de silêncio interno, faz estas perguntas, O que me deixa zangada? Que injustiças não consigo mais suportar? O que é me irrita, mas sinto que não posso/ não devo/ não consigo fazer nada acerca disso? Quero mesmo entrar nesta luta? Reconhece as emoções que surgem, valida-as e procura um escape produtivo para as descarregares ainda com mais energia e com mais intenção. Ou então, se estiveres preparada, assume o teu lado na luta, com consciência e verdade, enfrenta essa batalha e orienta o teu lado mais selvagem para um propósito maior do que tu própria. |
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