Desde a última Lua Nova, que nos trouxe um eclipse solar, sentimos a tensão a aumentar. Algumas questões vieram ao de cima e tornaram-se mais insistentes do que esperávamos, chamando a nossa atenção de uma forma cortante e a preparar-nos para o eclipse lunar que aí vem. Um eclipse lunar traz a culminação daquilo que andámos a cultivar nos últimos meses. Lembra-te da intenção que puseste na altura do eclipse solar em Aquário, a 15 de Fevereiro último. Pensa no que fizeste entretanto para alcançar o teu objectivo e percebe se chegaste lá ou se, pelo contrário, ele se tornou um obstáculo. De uma forma ou de outra, agora é tempo de fechar um ciclo. Amanhã, sexta-feira, 27 de Julho, chegamos à Lua Cheia deste ciclo. Às 21h21, hora de Lisboa, e 17h21, hora de Brasília, Lua e Sol ficam frente a frente, a primeira aos 4° de Aquário e o segundo aos 4° de Leão, por isso este eclipse afecta especialmente aqueles que têm algum planeta ou ângulo no início dos signos fixos, Touro, Leão, Escorpião ou Aquário. Neste confronto, a Lua alinha-se perfeitamente atrás da Terra e, com a luz do Sol tapada pelo nosso planeta, a superfície lunar ganha uma cor avermelhada e densa e por isso se diz de sangue. Este será o eclipse lunar mais longo do século, com quase duas horas só de eclipse total, e esta Lua sangrante será visível em Portugal a partir do momento em que nascer no horizonte, às 20h47, e na metade oriental do Brasil a partir das 18h. Aquário é um signo que preza a independência e a originalidade, mas também tem tendência a chocar os outros com atitudes divergentes e radicais. Aqui a Lua torna-se distante e imprevisível, afasta-se porque se sente discriminada e para alcançar a segurança precisa de se libertar das convenções e das regras sociais. Bem próximo da Lua, a menos de um grau, está o impetuoso Marte a trazer-lhe uma grande dose de reactividade. Há já algum tempo que Marte forma uma quadratura com Urano que está no início de Touro. A primeira vez foi no meio de Maio, quando o planeta vermelho entrou em Aquário, e agora novamente nos últimos dias, em movimento retrógrado, quase a voltar a Capricórnio. O ambiente está carregado e nós andamos irritáveis, com a paciência de um gato assanhado e, de vez em quando, as faíscas saltam. A precipitação e os gatilhos inesperados provocam acidentes – um dia é um corte num dedo, outro dia uma torrada que deixamos queimar e, se tivermos sorte, os acidentes ficam por aqui… Um eclipse já é por si só um momento de inquietação, perdemos a luz e ficamos entregues à nossa própria escuridão. Com a proximidade de Marte, que arrasta consigo a tensão com Urano, o clima de ansiedade e a sensação de perigo iminente aumenta. De um lado estão a Lua e Marte em aspecto tenso a Urano. Os nossos instintos de protecção estão acesos e disparam à menor percepção de ameaça. Queremos libertar-nos do que nos limita o crescimento, há cortes a fazer, mas é importante avaliar as consequências antes de avançar com algum tipo de resposta. Marte está retrógrado nos céus e a acção fica virada para dentro, o movimento é mais interno e privado do que propriamente para fora ou visível para o grupo. Agora as decisões ficam ainda dentro de nós e os passos são dados para trás para ganhar o impulso necessário, e só depois, daqui a um mês, quando Marte regressar ao andamento directo, poderemos avançar com as nossas resoluções em segurança. Perto do grau do eclipse está sempre um dos Nodos e desta vez, muito perto, é o Nodo Sul, a Cauda do Dragão, que aponta as experiências já adquiridas, o território conhecido. Podes ter recebido algumas “visitas” do passado para te lembrares do que ainda precisas libertar-te. A sensação de isolamento e de rejeição em relação aos grupos, de não ter espaço para expressarmos quem somos acorda em nós uma grande revolta. Isto acontece com pessoas e situações externas, mas também com os nossos preconceitos e outras construções emocionais e mentais que levantámos para nos protegermos. Olhando para essa revolta, para essa força que cresce dentro de nós, como podemos usá-la de forma construtiva e benéfica para todos? Vamos à outra polaridade do eixo, onde estão o Nodo Norte e o Sol, ao signo de Leão. Aqui encontramos a honra, o orgulho e a genuinidade. Precisamos de pôr brio na nossa rebeldia, coragem na nossa diferença e coração na nossa desobediência. Precisamos ser nós próprios a reconhecer o nosso brilho, romper com os nossos medos e com os mecanismos de auto-protecção que criámos e que nos afastam dos outros. Precisamos ter a coragem de mostrar quem somos. Para já, estamos todos em modo selvagem, com os instintos afiados e prontos a saltar à menor provocação. Este eclipse é o auge deste período bastante intenso e desafiante, mas também vem com a dose certa de audácia para fazermos deste momento um ponto de viragem nas nossas vidas. O segredo é não encarar nenhum desafio ou afronta de forma pessoal, não responder a nenhum tipo de provocação e cultivar a paciência, a introspecção e, acima de tudo, o amor próprio. Mantém os dois pés no chão para não seres arrastado pelo vendaval, o coração aberto para poderes ver bem o teu brilho e o dos outros e ousa largar tudo o que compromete a tua verdadeira luz. Com o próximo eclipse solar daqui a quinze dias, fecha esta estação de eclipses e nós continuaremos as nossas vidas com o coração mais aberto, mais leve e mais luminoso.
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Espero que tenhas aproveitado o último mês para ganhar fôlego, porque as próximas semanas adivinham-se intensas. Esta noite, às 3h47 do dia 13, em Lisboa, 23h47 do dia 12, hora de Brasília, a Lua faz conjunção ao Sol nos 20° de Caranguejo e, por ser esta uma Lua Nova perto do eixo dos nodos, seremos brindados com um eclipse solar. Este eclipse não é especialmente forte, mas assinala o início da passagem do eixo dos eclipses da oposição Leão/ Aquário para Caranguejo/ Capricórnio. De todas as formas, um eclipse acrescenta sempre uma dose de dramatismo ao momento e os seus efeitos alargam-se por cerca de seis meses. Caranguejo, o signo que recebe esta Lua Nova, é a casa da Lua, o ninho onde ela é rainha e senhora. Signo de água e cardinal, ele é o primeiro colo e o início da ligação emocional. A Lua encontra-se no seu próprio território, aqui ela é a mãe que alimenta e embala o bebé, mas é também o bebé que se esconde e procura conforto no peito da mãe. O Sol neste signo é a protecção que oferecemos a tudo o que é pequeno e indefeso para que cresça saudável e forte, mas também a imaturidade e a insegurança que nos deixam dependentes dos outros. Do outro lado do zodíaco, em Capricórnio, e exactamente oposto aos luminares, está Plutão, o senhor do submundo, e ele traz consigo temas que preferiríamos manter ocultos. Com esta oposição, a sensibilidade do eclipse é intensificada para além dos limites. Situações de prepotência e abuso de poder ou questões de carência e de dependência podem surgir. Somos obrigados a olhar precisamente para o que não queremos ver, para aqueles cantos escondidos onde vamos escondendo o nosso lixo pessoal na esperança de que, se não lhe tocarmos, ele se evapore e desapareça. De uma forma construtiva, podemos utilizar esta energia para olharmos para nós mesmos e tentarmos perceber como é que nos negligenciamos. Como é que perdemos o domínio da nossa vontade? Como é que abdicamos do nosso poder pessoal e o entregamos ao outro em troca apenas de um pouco de alimento para as nossas inseguranças de estimação? Como é que manipulamos os outros para não nos vermos confrontados com as nossas próprias fraquezas e inseguranças? Todos temos obsessões, dependências ou segredos que sabemos que são auto-destrutivos, mas que vamos mantendo por uma questão de hábito e de acomodação. Todas as raivinhas, frustrações e medinhos, que carregamos no bolso há algum tempo como se fossem pedras da praia, precisam de ser queimados para que não sejam eles a consumirem-nos por dentro. Agora é o momento para purgar hábitos, parcerias ou afectos que sabemos já há muito tempo que nos são tóxicos e prejudiciais, antes que eles nos rebentem na cara. Todos os demónios procuram companhia e onde houver alimento para um, há alimento para os outros… Lua e Sol afastam-se de dois trígonos, um com Neptuno em Peixes e outro com Júpiter em Escorpião, o primeiro o planeta da transcendência e do sacrifício e o outro o da fé e do optimismo. Trazemos a memória de dias mais inocentes e mais leves e isso dá-nos confiança e acalenta-nos a esperança de que tudo passa e que a limpeza que temos a fazer nos vai deixar mais abertos e mais preparados para a vida que temos pela frente. Da Terra vem a estabilidade que vai sustentar a profunda regeneração que precisa de ser feita. Vénus em Virgem, Saturno em Capricórnio e Urano em Touro, todos no início dos signos, formam um fortíssimo grande trígono de terra. As mudanças necessárias podem ser feitas sem dor e sem medo, podem ser vividas com o prazer das pequenas conquistas. Estas mudanças não têm de ser grandiosas nem dramáticas, na verdade bastam alguns pequenos ajustes e inovações numa ou noutra rotina e a disciplina para os manter. Mesmo que no início sintamos alguma resistência, depressa nos habituaremos à leveza e à clareza de espírito que vem de não mais carregarmos connosco a sujidade e o veneno que nos turvam a consciência. Esta lunação pode trazer-nos pessoas ou situações que nos põem frente a frente com as nossas questões de poder pessoal e de vulnerabilidade. Nem a prepotência, nem a manipulação e nem a vitimização nos fazem crescer. Que hábitos ou pessoas eu preciso de largar para seguir em frente? Que lutas quero abandonar para não me perder nelas? Que dependências e compulsões vou aniquilar antes que me consumam? Que cada um assuma o compromisso de cuidar apaixonadamente de si próprio, respeitando as suas necessidades, mas não alimentando as suas carências, nutrindo o conforto, mas sem a toxicidade. Com realismo, simplicidade, criatividade e com toda a ternura que cada um de nós merece. |
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