A próxima Lua Nova traz consigo uma energia de novidade e leveza, mas também alguma volatilidade e instabilidade. Na próxima sexta-feira, dia 24, mais precisamente às 21h41, hora de Lisboa, 18h41 em Brasília, a Lua junta-se ao Sol nos 4° de Aquário e dá início à lunação deste signo. Este mês lunar traz o sabor do futuro, do que virá no final do ano quando Júpiter e Saturno se juntarem no primeiro grau do signo do aguadeiro, e é um prenúncio do ano que se seguirá, com estes dois planetas a atravessarem esse signo. Aquário procura um entendimento intelectual do mundo que o rodeia e tenta encontrar caminhos inovadores e originais que nos levem mais longe e mais alto. Este signo consegue contemplar as coisas com a perspectiva de uma águia que no seu alto voo vê, não só o momento presente, mas faz também uma projecção do que vem a seguir. Às vezes, a sua altitude gera distância, isolamento e incompreensão, mas o futuro raramente é compreendido ou aceite por todos. No entanto, esta energia de Aquário ainda ecoa o passado. Afinal Saturno, o seu regente, ainda segue em Capricórnio, acompanhado por Plutão e Júpiter. Poderemos já sentir os ventos de mudança a soprar na nossa cara e a querer levantar as nossas asas, mas na paisagem ainda está a montanha severa e inóspita do signo da cabra. Os dois luminares fazem uma quadratura com o disruptivo Urano, que está no início de Touro e acrescenta uma certa imprevisibilidade a esta lunação. Apesar de parecer que tudo se aquietou depois dos dois eclipses do começo do Inverno, o clima é de alguma tensão e ansiedade. A aparência de estabilidade pode ser rompida a qualquer momento, seja por algum acontecimento externo inesperado, seja por uma vontade interna de mudança ou um impulso de rebeldia contra uma situação que nos incomoda ou ofende. Antes de darmos espaço à acção, é importante perceber se o nosso ímpeto nos vai trazer algo de realmente benéfico e produtivo ou é apenas um escape estéril para a nossa sensação de frustração e cansaço depois do que passámos nos últimos dois anos. Vénus, o planeta das relações e do prazer, está em Peixes, um signo onde se sente como em casa, e derrete-se nos braços do subtil Neptuno que a deixa num estado de encantamento quase hipnótico. A deusa do amor num signo de Água compensa um pouco a aridez da energia de Aquário e de Capricórnio, os dois signos predominantes nesta Lua Nova e ambos administrados pelo austero Saturno. Estamos mais sensíveis, mais ligados uns aos outros e queremos acreditar no melhor do outro e no melhor de nós mesmos, abrindo assim espaço à fantasia e à ilusão. Mas também estamos mais susceptíveis ao sofrimento, mais compassivos e mais dispostos a aceitar as diferenças e a perdoar as ofensas. Só que Vénus não está tranquila, ela está em tensão com o destemido Marte que, em Sagitário, quer defender apenas uma verdade e irrita-se com a passividade e a falta de definição com que Vénus em Peixes se veste. Por sua vez, esta intimida-se com o excesso de confiança de Marte e refugia-se na alienação da sua imaginação. Mais uma vez, é importante tomar atenção aos impulsos, mesmo ao impulso para a inacção, e perceber qual a verdadeira motivação por trás da vontade de lutar, de confrontar ou até de fugir, ou por trás da vontade de ficar quieta e de não mudar nada. Desde Capricórnio, o mestre Júpiter apoia Vénus e empresta-lhe algum pragmatismo e objectividade para que ela possa aliar a sua sensibilidade aos seus recursos, de forma a que possamos realmente fazer alguma coisa com o que sentimos. No signo dos limites, Júpiter traz-nos a sobriedade do realismo, compensa as nossas divagações ilusórias e enganadoras e transforma as fantasias em possibilidades reais. Possamos nós ter os olhos e o coração igualmente abertos. Outro aspecto que ajuda esta Lua Nova a levar-nos para a frente é o sextil do energético Marte com Mercúrio, o nosso mensageiro e moço de recados, que segue mais à frente da Lua e do Sol em Aquário. A nossa cabeça está mais ágil, não apenas com uma grande capacidade de entender a big picture, mas também com a rapidez e a coragem para conseguir abrir os caminhos que nos permitem avançar. Por entre fadiga e irritação, ansiedade e empatia, este mês traz-nos também com um vislumbre do que pode vir a ser a nossa vida. Se calares todo o ruído à tua volta, o que ouves, o que vês? Quem és tu quando estás centrada e focada em ti mesma? Que visão tens para a tua vida daqui a um ano? Saber quem és e o que queres não te poupa dos desafios, mas dá-te a firmeza para permaneceres flexível, a imaginação para lidares com a realidade, a calma para agires depressa e a lucidez para viveres agora o teu futuro.
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Desde o fim do ano passado que a energia fria e seca de Capricórnio se faz sentir de forma mais óbvia nas nossas vidas. O Sol e Mercúrio vieram juntar-se a Júpiter, Saturno e Plutão neste signo, acentuando o peso e a gravidade dos tempos que correm. Esta sexta-feira, dia 10, às 19h21, horário de Lisboa, ou 16h21, hora de Brasília, a Lua torna-se cheia nos 20° de Caranguejo. Mas, com a Terra a encobrir a luz que o Sol projecta na superfície lunar, este momento é também um eclipse da Lua. Os eclipses lunares acontecem cerca de seis em seis meses e tornam o simbolismo dessa Lua Cheia especialmente poderoso e potente. Questões que começaram a ser pensadas ou preparadas seja na Lua Nova de Capricórnio, há quinze dias, ou na Lua Nova de Caranguejo, há seis meses e que também foi um eclipse, chegam agora ao seu auge, ao seu ponto de máxima visibilidade. Este eclipse é especialmente tenso. De um lado temos o Sol em Capricórnio, um signo de Terra, rígido e intransigente, mas também pragmático e competente. Mercúrio, a mente experiente e planeadora, está no coração do Sol e empresta-lhe as suas características que ficam iluminadas pela sua luz. Bem perto destes dois planetas estão também Saturno e Plutão, já conjuntos um ao outro por grau, apesar de o aspecto perfeito acontecer apenas dois dias mais tarde, dia 12. Ainda no mesmo signo, mas ainda bastante atrasado para esta reunião, está o gigante Júpiter. Do outro lado está a Lua em Caranguejo, confortável no seu próprio signo, mas quase sozinha e eclipsada a enfrentar os difíceis desafios lançados pelo grupo de pesos pesados no signo oposto. Em Peixes, Neptuno, que não conhece fronteiras e que sabe que somos apenas um oceano de gotas inseparáveis e indistiguíveis, por pouco ainda consegue apoiar a Lua com a sua capacidade de compaixão e de aceitação. A pressão que sentimos já não é novidade. Pelo menos desde há dois anos, quando Saturno entrou em Capricórnio e se juntou a Plutão que já por ali andava desde 2008, que se tornou claro a desconstrução das nossas estruturas e o teste aos nossos limites. Se antes não os conhecíamos, agora estamos a olhar para eles de frente. Alguns resistiram enquanto puderam, outros ainda nem se aperceberam que já estão virados do avesso. Também nos é mais visível o nosso poder, aquilo de que somos capazes. Às vezes subestimamo-nos, porque ainda não fomos desafiados o suficiente, não conhecemos a nossa capacidade de resistência, de perseverança, a garra que encontramos quando precisamos mesmo de seguir em frente. Durante os próximos dias e, noutra escala, durante os próximos meses vamos poder distinguir os contornos das nossas limitações e das nossas reais capacidades. Este eclipse vem aumentar a polarização e os conflitos. Os muros que nos protegem de quem nos ameaça e que, simultaneamente, nos separam e nos fazem acreditar que quem está do outro lado é diferente de nós. Mas também o sistema que se torna autoritário e autocrático e que se afasta de quem devia servir e acaba por ser atropelado pela engrenagem cega e surda. Ou ainda a tua atitude dura e intransigente para com alguém em nome de uma mágoa que não podes esquecer. Prepotência e vitimização, defesa e insegurança, opressão e fraqueza. Como podemos encontrar o equilíbrio? Como podemos saber se estamos a escolher o melhor caminho? Em Capricórnio reconhecemos os limites, aprendemos a respeitá-los e aceitamos as consequência inevitáveis de os ultrapassar. Assumimos a responsabilidade por nós mesmos e tornamo-nos adultos, respeitando as nossas capacidades assim como as nossas limitações. Estendemos este respeito aos outros e esperamos o mesmo em troca. Isto implica definir os nossos contornos também para os outros e saber dizer “não” a pesos que não conseguimos carregar, a culpas que não são nossas ou a ofensas que nos magoam. Com Caranguejo aprendemos a valorizar a nossa vulnerabilidade, as nossas fraquezas e as nossas emoções, por muito tontas ou injustificadas que pareçam. Cuidamos das nossas fragilidades e das dos outros como quem cuida de um bebé, porque somos todos bebés quando nos sentimos inseguros, cansados ou carentes. O autocuidado torna-se a estratégia de sobrevivência mais poderosa, seja para garantir que estamos bem o suficiente para podermos ajudar os outros, seja para reconhecer que estamos frágeis demais para ficarmos sozinhos e precisamos pedir ajuda. Mas os tempos são densos e às vezes não há equilíbrio possível nem existe o melhor caminho. Às vezes o conflito é inevitável e é preciso avisar os outros que os lobos estão a chegar. Se sentes que é esta a tua situação, então grita, toca a trombeta e põe essa raiva que te queima por dentro ao serviço de todos. Torna-te porta-voz de uma causa, denuncia abusos de poder, defende uma minoria. Assume a responsabilidade de transformares essa energia que te consome em algo produtivo e benéfico para ti e para o colectivo. Outras vezes o medo é avassalador e paralisa-nos. Congela a nossa respiração, o nosso sangue, as nossas emoções. Não nos queremos mexer porque entrar em acção implica sentir a angústia que nos aperta o peito e que mais parece um animal selvagem a abocanhar-nos por dentro. Se é aqui que estás, deixa-te sentir a dor e procura ajuda. Estás a precisar de alguém que te dê a mão, o ombro, o colo. Respeita o teu sofrimento e valida as tuas emoções, sem cobranças e sem pressas. Procura quem te veja, aceite a tua fragilidade e saiba ficar ao teu lado. Cuida-te e deixa que cuidem de ti. Quem tem planetas ou ângulos perto dos 20° dos signos cardinais, Carneiro, Caranguejo, Balança ou Capricórnio, está a sentir de uma forma mais pessoal e desafiante este ambiente carregado de tensão. Se tens algum ponto importante do teu mapa próximo dos 20° de Touro ou Virgem, esta pressão está a teu favor, aproveita-a para te impulsionares a alturas que até agora julgavas inalcançáveis. Conheces as tuas verdadeiras capacidades? E respeitas os teu limites? Sabes quando precisas de ajuda? Sabes como te proteger e te cuidar? Consegues tomar conta dos outros sem ser invasivo e sem te desrespeitares? Aceitas a fragilidade da vida? Vivemos momentos históricos a nível mundial, mas, também numa dimensão individual, muitos de nós estamos a passar por uma fase definidora do nosso caminho. Deixemos então que seja a nossa humanidade a construir esse caminho. Com a nossa força, a nossa vontade, a nossa fraqueza e as nossas limitações. Com todo o nosso amor. “Somos menos do que pensamos e mais do que acreditamos.” |
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