Desde o fim do ano passado que a energia fria e seca de Capricórnio se faz sentir de forma mais óbvia nas nossas vidas. O Sol e Mercúrio vieram juntar-se a Júpiter, Saturno e Plutão neste signo, acentuando o peso e a gravidade dos tempos que correm. Esta sexta-feira, dia 10, às 19h21, horário de Lisboa, ou 16h21, hora de Brasília, a Lua torna-se cheia nos 20° de Caranguejo. Mas, com a Terra a encobrir a luz que o Sol projecta na superfície lunar, este momento é também um eclipse da Lua. Os eclipses lunares acontecem cerca de seis em seis meses e tornam o simbolismo dessa Lua Cheia especialmente poderoso e potente. Questões que começaram a ser pensadas ou preparadas seja na Lua Nova de Capricórnio, há quinze dias, ou na Lua Nova de Caranguejo, há seis meses e que também foi um eclipse, chegam agora ao seu auge, ao seu ponto de máxima visibilidade. Este eclipse é especialmente tenso. De um lado temos o Sol em Capricórnio, um signo de Terra, rígido e intransigente, mas também pragmático e competente. Mercúrio, a mente experiente e planeadora, está no coração do Sol e empresta-lhe as suas características que ficam iluminadas pela sua luz. Bem perto destes dois planetas estão também Saturno e Plutão, já conjuntos um ao outro por grau, apesar de o aspecto perfeito acontecer apenas dois dias mais tarde, dia 12. Ainda no mesmo signo, mas ainda bastante atrasado para esta reunião, está o gigante Júpiter. Do outro lado está a Lua em Caranguejo, confortável no seu próprio signo, mas quase sozinha e eclipsada a enfrentar os difíceis desafios lançados pelo grupo de pesos pesados no signo oposto. Em Peixes, Neptuno, que não conhece fronteiras e que sabe que somos apenas um oceano de gotas inseparáveis e indistiguíveis, por pouco ainda consegue apoiar a Lua com a sua capacidade de compaixão e de aceitação. A pressão que sentimos já não é novidade. Pelo menos desde há dois anos, quando Saturno entrou em Capricórnio e se juntou a Plutão que já por ali andava desde 2008, que se tornou claro a desconstrução das nossas estruturas e o teste aos nossos limites. Se antes não os conhecíamos, agora estamos a olhar para eles de frente. Alguns resistiram enquanto puderam, outros ainda nem se aperceberam que já estão virados do avesso. Também nos é mais visível o nosso poder, aquilo de que somos capazes. Às vezes subestimamo-nos, porque ainda não fomos desafiados o suficiente, não conhecemos a nossa capacidade de resistência, de perseverança, a garra que encontramos quando precisamos mesmo de seguir em frente. Durante os próximos dias e, noutra escala, durante os próximos meses vamos poder distinguir os contornos das nossas limitações e das nossas reais capacidades. Este eclipse vem aumentar a polarização e os conflitos. Os muros que nos protegem de quem nos ameaça e que, simultaneamente, nos separam e nos fazem acreditar que quem está do outro lado é diferente de nós. Mas também o sistema que se torna autoritário e autocrático e que se afasta de quem devia servir e acaba por ser atropelado pela engrenagem cega e surda. Ou ainda a tua atitude dura e intransigente para com alguém em nome de uma mágoa que não podes esquecer. Prepotência e vitimização, defesa e insegurança, opressão e fraqueza. Como podemos encontrar o equilíbrio? Como podemos saber se estamos a escolher o melhor caminho? Em Capricórnio reconhecemos os limites, aprendemos a respeitá-los e aceitamos as consequência inevitáveis de os ultrapassar. Assumimos a responsabilidade por nós mesmos e tornamo-nos adultos, respeitando as nossas capacidades assim como as nossas limitações. Estendemos este respeito aos outros e esperamos o mesmo em troca. Isto implica definir os nossos contornos também para os outros e saber dizer “não” a pesos que não conseguimos carregar, a culpas que não são nossas ou a ofensas que nos magoam. Com Caranguejo aprendemos a valorizar a nossa vulnerabilidade, as nossas fraquezas e as nossas emoções, por muito tontas ou injustificadas que pareçam. Cuidamos das nossas fragilidades e das dos outros como quem cuida de um bebé, porque somos todos bebés quando nos sentimos inseguros, cansados ou carentes. O autocuidado torna-se a estratégia de sobrevivência mais poderosa, seja para garantir que estamos bem o suficiente para podermos ajudar os outros, seja para reconhecer que estamos frágeis demais para ficarmos sozinhos e precisamos pedir ajuda. Mas os tempos são densos e às vezes não há equilíbrio possível nem existe o melhor caminho. Às vezes o conflito é inevitável e é preciso avisar os outros que os lobos estão a chegar. Se sentes que é esta a tua situação, então grita, toca a trombeta e põe essa raiva que te queima por dentro ao serviço de todos. Torna-te porta-voz de uma causa, denuncia abusos de poder, defende uma minoria. Assume a responsabilidade de transformares essa energia que te consome em algo produtivo e benéfico para ti e para o colectivo. Outras vezes o medo é avassalador e paralisa-nos. Congela a nossa respiração, o nosso sangue, as nossas emoções. Não nos queremos mexer porque entrar em acção implica sentir a angústia que nos aperta o peito e que mais parece um animal selvagem a abocanhar-nos por dentro. Se é aqui que estás, deixa-te sentir a dor e procura ajuda. Estás a precisar de alguém que te dê a mão, o ombro, o colo. Respeita o teu sofrimento e valida as tuas emoções, sem cobranças e sem pressas. Procura quem te veja, aceite a tua fragilidade e saiba ficar ao teu lado. Cuida-te e deixa que cuidem de ti. Quem tem planetas ou ângulos perto dos 20° dos signos cardinais, Carneiro, Caranguejo, Balança ou Capricórnio, está a sentir de uma forma mais pessoal e desafiante este ambiente carregado de tensão. Se tens algum ponto importante do teu mapa próximo dos 20° de Touro ou Virgem, esta pressão está a teu favor, aproveita-a para te impulsionares a alturas que até agora julgavas inalcançáveis. Conheces as tuas verdadeiras capacidades? E respeitas os teu limites? Sabes quando precisas de ajuda? Sabes como te proteger e te cuidar? Consegues tomar conta dos outros sem ser invasivo e sem te desrespeitares? Aceitas a fragilidade da vida? Vivemos momentos históricos a nível mundial, mas, também numa dimensão individual, muitos de nós estamos a passar por uma fase definidora do nosso caminho. Deixemos então que seja a nossa humanidade a construir esse caminho. Com a nossa força, a nossa vontade, a nossa fraqueza e as nossas limitações. Com todo o nosso amor. “Somos menos do que pensamos e mais do que acreditamos.”
2 Comentários
Ângela
11/1/2020 18:13:37
Adoro seus posts!
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Bárbara Bonvalot
11/1/2020 20:29:24
Obrigada pelo carinho, Ângela :)
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