O Alfaiatezinho Valente, por Carl Offterdinger (fim do séc. XIX)
O conto do pequeno alfaiate que acaba por casar com uma princesa e ganhar metade de um reino faz-nos acreditar que tudo é possível, desde que tenhamos optimismo, confiança e um pouco de sorte. Esta atitude de abertura à vida e fé no futuro é emblemática do signo de Sagitário. Este herói só é pequeno em tamanho, porque o seu espírito e a sua vontade de crescer para além das fronteiras que a sociedade lhe impõe são enormes. Como muitos outros contos, a sua versão mais divulgada é a dos irmãos Grimm, da primeira metade do séc. XIX, mas antes desta já existiam tantas variantes quantos os contadores de histórias.
O início da história apresenta-nos o protagonista. Nas versões mais conhecidas um alfaiate, noutras um sapateiro e noutras ainda a sua única característica distintiva é ser anão. O denominador comum é a sua baixa condição social (as duas profissões eram das mais humildes até cerca do fim do séc. XIX) traduzida na sua pequenez física, mas simultaneamente, e isto também é transversal a todas as versões, a sua jovialidade e a sua enorme auto-confiança, qualidades características do expansivo Júpiter, planeta regente de Sagitário. Na versão dos Grimm eles fazem-nos este retrato com o episódio inicial da vendedora de geleia. Com a promessa de que a irá aliviar da sua mercadoria, o alfaiatezinho faz a camponesa subir as escadas com a sua pesada carga e abrir todos os frascos para no fim comprar apenas 100 gr de geleia, mas com a convicção de que está a fazer à senhora um grande favor. Bem intencionado, mas com tendência ao exagero, ao inflamado Sagitário não passa pela cabeça que às vezes pode parecer arrogante e condescendente.
A primeira acção realmente importante e decisiva para o desenrolar da história acontece quando o pequeno alfaiate mata várias moscas que o incomodavam com um só golpe. Algumas histórias falam-nos de sete — daí o outro título pelo qual o conto também é conhecido, Mata Sete —, outras aumentam o número para doze, outras ainda falam em quarenta e em cinquenta moscas, um exagero muito à maneira de Sagitário. Independentemente do número de insectos mortos pelo alfaiate com uma só pancada, o facto é que ele ficou bastante orgulhoso do seu feito e decidiu comunicá-lo à comunidade. Divulgação, propagação, promoção são acções próprias deste signo, que tem uma capacidade única e genuína de motivar os outros e de partilhar com eles a sua visão e os seus sonhos.
O nosso protagonista faz então uma faixa com a inscrição “Mata Sete” e decide partir alegremente pelo mundo em busca de aventuras já que a oficina de alfaiate é demasiado limitadora para o seu espírito extrovertido e expansivo. Sagitário aprecia a liberdade e adora alargar os seus horizontes viajando para territórios distantes e exóticos. Logo o alfaiatezinho encontra um gigante (personagem jupiteriana, se não em espírito, pelo menos em tamanho) que o menospreza. Mas ao ver os dizeres da sua faixa decide desafiá-lo para um teste para ter a certeza de que a insignificante personagem à sua frente era tão valente quanto o fazia acreditar. Com alguma sorte, outro tanto de astúcia e um admirável sentido de humor, o alfaiate sagitariano convence o colosso da sua bravura e assim selam uma parceria que não dura muito, pois é sabido que os gigantes são criaturas ignorantes, rudes e de pouca confiança. Com a descrição das partidas que o ardiloso alfaiate prega ao gigante, percebemos que ele é sem dúvida superior ao maior dos gigantes, não em tamanho ou força, mas com certeza em génio e em inspiração.
Por esta altura da história já percebemos que, a acompanhar a jovialidade e o bom humor do nosso pequeno herói, vêm também algumas das características sombrias do signo do centauro. As inverdades, a manha e a falta de ética ou moral são alguns aspectos desafiantes da energia de Sagitário e de Júpiter, que pedem crescimento e sublimação, de forma a poderem ser vividas no seu lado mais maduro e elevado. A verdade, a honestidade e a moral são virtudes que este signo pode personificar como nenhum outro.
O Alfaiatezinho Valente, por Carl Offterdinger (fim do séc. XIX)
Depois da sua aventura entre os gigantes, da qual o alfaiate sai ileso, mais uma vez com muita sorte e alguma esperteza, ele chega a um palácio. Como até aqui, a fama anunciada na sua faixa fascina tanto os habitantes quanto o monarca deste reino, que decide pô-lo ao seu serviço. Quem não fica tão entusiasmado com esta decisão são os soldados, significadores de Marte, que estão perto do rei, o Sol, e que não entendem a força do nosso pequeno grande herói. Júpiter, representado pelo alfaiate, não teme a força bruta de Marte. Como já nos foi transmitido no episódio do gigante, ele é maior do que essa energia crua e violenta. A sua força é de ordem espiritual, vem-lhe da fé e do optimismo com que encara todos os desafios. Esta tensão entre os soldados e o alfaiate, ou Marte e Júpiter, não aparece em todas as versões, mas está apresentada de forma muito clara pelos irmãos Grimm, talvez porque ambos têm nos seus mapas natais estes dois planetas em aspecto.
Com a simpatia do rei e a suspeita receosa dos soldados, o alfaiatezinho é desafiado a superar três tarefas que até ali ninguém tinha conseguido vencer. O pequeno valentão tem aqui a oportunidade de pôr a sua confiança e a sua sabedoria ao serviço de algo maior do que ele próprio, um reino inteiro, mas é também a ocasião para provar a sua lealdade ao colectivo. Com os seus dons, alguma sorte e a habilidade de imaginar a saída mais fácil para todas as questões, o pequeno alfaiate consegue livrar o reino de dois terríveis gigantes, de um selvagem unicórnio e de um feroz javali, devolvendo a fé e a esperança a todos os habitantes do reino. Estes desafios remetem-nos à condição dual de Sagitário, um signo mutável. O último dos signos de Fogo, o arqueiro ainda tem em si uma natureza animal, mas ao contrário dos dois signos anteriores, Carneiro e Leão, inteiramente animais, o centauro é metade cavalo e metade homem. Sagitário tem a tarefa de transcender a sua natureza animal, instintiva e grosseira, e orientar a sua seta para um propósito de sabedoria e de sentido, tarefa na qual o valente alfaiate se revela bem sucedido.
Com este sucesso, de pequeno e modesto alfaiate, o nosso herói alcança fama e fortuna, casa com a princesa e ganha como dote metade do reino. E assim acabam algumas versões desta narrativa, mas não todas. Algumas variantes, incluindo a dos irmãos Grimm, ainda relatam um episódio no qual a princesa apanha o seu marido em flagrante a sonhar alto com agulhas e aprendizes e apercebe-se do logro do seu casamento. O rei, sentindo-se também enganado, decide livrar-se do alfaiate trapaceiro, que pela última vez se salva ajudado pela sorte e pelo seu espírito matreiro e espertalhão. A princesa acaba por relevar a condição humilde do seu marido e o rei perdoa-lha a sua origem e aceita-o sem mais reservas. Este desfecho é simbólico de uma outra característica de Sagitário, aqui projectada na princesa e no rei, a sua enorme tolerância e a sua capacidade para seguir em frente sem guardar raiva nem rancor.
O Alfaiatezinho Valente oferece-nos a visionária lição de Sagitário, o optimismo, a fé e a confiança no futuro abrem-nos caminhos e levam-nos longe. Se um humilde alfaiate pode casar com uma princesa e tornar-se dono de metade de um reino, tudo é possível. Júpiter é o planeta das possibilidades e das oportunidades, para ele não existem impossíveis e tudo é uma promessa de futuro. Basta acreditar na nossa visão e, porque acreditamos, os outros também acreditam e todos juntos podemos realmente tornar os nossos realidade. Com a simpatia do rei e a suspeita receosa dos soldados, o alfaiatezinho é desafiado a superar três tarefas que até ali ninguém tinha conseguido vencer. O nosso pequeno valentão tem aqui a oportunidade de pôr a sua confiança e a sua sabedoria ao serviço de algo maior do que ele próprio, um reino inteiro, mas é também a ocasião para provar a sua lealdade ao colectivo. Com os seus dons, alguma sorte e a sabedoria para imaginar a saída mais fácil para todas as questões, o pequeno alfaiate consegue livrar o reino de dois terríveis gigantes, de um selvagem unicórnio e de um feroz javali, devolvendo a fé e a esperança a todos os habitantes do reino. Estes desafios remetem-nos à condição dual de Sagitário, um signo mutável. O último dos signos de Fogo, o arqueiro ainda tem em si uma natureza animal, mas ao contrário dos dois signos anteriores, Carneiro e Leão, inteiramente animais, o centauro é metade cavalo e metade homem. Sagitário tem a tarefa de transcender a sua natureza animal, instintiva e grosseira, e orientar a sua seta para um propósito de sabedoria e de sentido, tarefa na qual o valente alfaiate se revela bem sucedido.
Com este sucesso, de pequeno e modesto alfaiate, o nosso herói alcança fama e fortuna, casa com a princesa e ganha como dote metade do reino. E assim acabam algumas versões desta narrativa, mas não todas. Algumas variantes, incluindo a dos irmãos Grimm, ainda relatam um episódio no qual a princesa apanha o seu marido em flagrante a sonhar alto com agulhas e aprendizes e apercebe-se do logro do seu casamento. O rei, sentindo-se também enganado, decide livrar-se do alfaiate trapaceiro, que pela última vez se salva ajudado pela sorte e pelo seu espírito matreiro e espertalhão. A princesa acaba por relevar a condição humilde do seu marido e o rei perdoa-lha a sua origem e aceita-o sem mais reservas. Este desfecho é simbólico de uma outra característica de Sagitário, aqui projectada na princesa e no rei, a sua enorme tolerância e a sua capacidade para seguir em frente sem guardar raiva nem rancor.
O Alfaiatezinho Valente oferece-nos a visionária lição de Sagitário, o optimismo, a fé e a confiança no futuro abrem-nos caminhos e levam-nos longe. Se um humilde alfaiate pode casar com uma princesa e tornar-se dono de metade de um reino, tudo é possível. Júpiter é o planeta das possibilidades e das oportunidades, para ele não existem impossíveis e tudo é uma promessa de futuro. Basta acreditar na nossa visão e, porque acreditamos, os outros também acreditam e todos juntos podemos realmente tornar os nossos sonhos realidade.