Durante a tarde de amanhã, dia 14 de Agosto, às 15h53 de Portugal e 11h53 do Brasil, a Lua abraça o Sol aos 21°31’ do signo de Leão. Quinze dias depois, já com o Sol em Virgem, será o momento da Lua Cheia em Peixes, o ponto mais visível deste ciclo lunar e a altura de receber o retorno das intenções depositadas na Lua Nova. A Rainha é recebida nos aposentos do Rei, onde a expressão individual, a criatividade e a espontaneidade são os temas dominantes. A companhia de Vénus, que, depois de ter posto um pezinho em Virgem, regressou para se juntar à festa, acrescenta uma dose de hedonismo e vaidade a este encontro. É o momento para cuidarmos de nós, da nossa imagem, e de sentirmos prazer na nossa individualidade. Esta pequena corte forma um trígono com o original e surpreendente Urano, que destaca a importância de nos valorizarmos e de nos reconhecermos por aquilo que em nós é diferente e único e de exibirmos as nossas características mais estranhas com orgulho e alegria. Podemos aproveitar para fazer alguma mudança de visual mais ousada e inovadora, que espelhe com maior verdade a nossa essência. Por outro lado, a festa em Leão faz quadratura a Saturno em Escorpião, que cobra seriedade, compromisso e profundidade ao show off leonino. Se não estivermos seguros do nosso brilho e aquilo que mostrarmos não for genuíno e verdadeiro, mais tarde iremos pagar as consequências dessa leviandade. O corajoso Marte, no início de Leão e a fazer ainda um trígono a Saturno, reforça a ideia da afirmação da nossa individualidade de forma coerente e madura. Logo a seguir está Júpiter, mesmo a iniciar a sua jornada de cerca de um ano por Virgem, mas ainda de mãos dadas com Vénus, Lua e Sol. O planeta da fé e da expansão não está muito confortável no prático e modesto signo de Virgem, no entanto traz um novo significado para a sinceridade da expressão leonina. Juntamente com Mercúrio, que segue um pouco mais à frente, ele confirma-nos que a manifestação da nossa singularidade será melhor conseguida quanto mais a trouxermos para o nosso quotidiano, quanto mais a vivenciarmos no nosso dia-a-dia. Do lado oposto, em Peixes, Neptuno confronta o nosso pragmatismo com a inebriante ilusão da perfeição – nada do que podemos realizar é tão sublime quanto a fantasia da imaterialidade. Mercúrio, com o seu sentido prático e ajudado pelo trígono a Plutão, empresta-nos a lógica, o sangue frio e a perspicácia para separarmos o trigo do joio e conseguirmos delinear tarefas e prioridades. Pode ser útil lembrarmo-nos que, em última instância, tudo o que fazemos ultrapassa a nossa esfera pessoal e ecoa no colectivo. A Lua Cheia de dia 29 é precisamente no eixo Virgem/ Peixes, o eixo do serviço, e opõe a objectividade e cepticismo do Sol conjunto a Júpiter em Virgem à volatilidade e misticismo da Lua conjunta a Neptuno em Peixes. O equilíbrio entre estes dois mundos é regulado por Saturno que, no fim de Escorpião, faz uma quadratura T, apesar de já um pouco larga, com os luminares. Para integrar a realidade concreta com a noção do todo, precisamos de encontrar um sentido e uma profundidade nas nossas acções, eliminando o que não é essencial, mas apenas acessório e superficial, e mapeando as dimensões internas que vamos descobrindo nesse processo. Em Leão junta-se o casal maravilha, Vénus e Marte, em trígono a Urano, aquecendo o clima com paixão, diversão e novidade, mas o quincúncio a Plutão pode trair a aparente leveza desta união. Pode ser interessante rever atitudes egocêntricas e levianas nos relacionamentos e aproveitar para fazer as mudanças que sentirmos necessárias para a nossa auto-estima. Em resumo, durante este mês lunar teremos a oportunidade de assumir o nosso lado mais estranho e especial, de mostrá-lo e de nos divertirmos com esse lado esquisito de nós mesmos. Mas, como tudo tem consequências, é importante que este movimento de exibicionismo seja alinhado com a nossa individualidade e seja vivido confortavelmente no nosso quotidiano, pois é bem possível que esta exposição seja mais duradoura do que imaginámos inicialmente. Sê real, sê verdadeiro, sê brilhante!
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O medo separa-me dos outros. Quando cedo ao medo, sinto que preciso de me proteger, de me defender ou, por vezes, de atacar. Quando cedo ao medo, fecho todas as partes que não gosto em mim e acredito que elas ficam presas num armário, que ninguém as vai ver e eu vou poder mostrar só as outras, as que admiro e aprendi a exibir - mas metade de mim ficou fechada. Quando cedo ao medo, sou uma versão menor de mim mesma. No entanto, o medo é necessário, ele mantém-nos vivos. Sem medo nós atravessaríamos uma estrada cheia de carros acreditando que nada nos aconteceria, por exemplo. O medo é um estado de alerta que dispara perante uma ameaça e nos prepara para a sobrevivência. Só que a maior parte das ameaças que percepcionamos não são reais, são apenas memórias das vezes que, enquanto bebés, sentimos que a mãe nos abandonou ou se tornou, ela própria, uma ameaça. Isto é inevitável, as mães são pessoas, têm as suas próprias necessidades e não conseguem ser colo o tempo todo, mas a natureza do bebé é receber e, quando isto não acontece, ele desenvolve estratégias para chamar a atenção da mãe e para a manter por perto. O bebé rapidamente aprende quais são os comportamentos que lhe garantem a sobrevivência e quais os que o põem em risco, quais são as personagens que ele pode assumir e quais as que precisa de esconder. Quando crescemos continuamos a querer receber e sentimo-nos ameaçados quando isso não acontece. Mas quando crescemos somos seres já completamente desenvolvidos, autónomos e independentes e o nosso papel deixa de ser o de “passivo receptor de cuidado” para passar a ser o de “activo cuidador de si próprio”. Entretanto, esquecemo-nos daquela gente toda que escondemos no armário… Existem no dia-a-dia ameaças reais à minha integridade física e, desde que seja mesmo possível fazer alguma coisa para me proteger, o medo é-me útil. Mas, hoje em dia, a maior parte das vezes em que eu sinto medo, a ameaça é apenas uma memória de abandono ou rejeição, uma história que já não existe. Então, o desafio é aprender a ir para lá deste medo, que me deixa sozinha, isolada e separada, e saber seguir em frente, descobrindo novas paisagens dentro de mim. O desafio é ultrapassar os papéis limitados que aprendi a viver e assumir todos os monstros que escondi no armário. Quando estendo a minha confiança a novos territórios, a zonas de insegurança e até de pânico, quando me permito caminhar através do medo, percebo que afinal os demónios que eu me esforcei durante tanto tempo por esconder e negar são os meus melhores amigos. Quando não cedo ao medo e me atrevo a passar para o outro lado dele, aceito todas as minhas personagens, as lindas e as feias, as más e as boas, as fortes e as fracas. Quando ultrapasso o medo, torno-me mais completa e transparente e a separação, o abandono e a rejeição dos outros deixam de fazer sentido porque eu já não sou separada de mim própria. |
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Maio 2024
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