Nos dois últimos meses, foi crescendo a intensidade e a seriedade do ambiente à nossa volta e nas nossas próprias vidas. Algumas circunstâncias tornaram-se tão extremas e pesadas ao ponto de se tornarem insustentáveis, obrigando-nos a tomar decisões e a deixar ir certas situações. Agora estamos a lidar com cenários um pouco diferentes, alguns há muito aguardados, outros bastante inesperados. A lunação que abre o mês de Agosto traz-nos um clima mais ligeiro, agradável e prazeroso e com uma pitada de excitação — ou de desassossego. Na madrugada de 1 de Agosto, às 4h11 de Lisboa ou 00h11 no horário de Brasília, Lua e Sol juntam-se aos 8° de Leão, a morada do astro-rei. Este signo de Fogo pode ser tão vaidoso e convencido da sua própria importância quanto generoso e espontâneo na manifestação dos seus afectos. Leão é puro brilho e pode ficar demasiado focado na imagem e na forma como os outros o vêem, mas também pode iluminar todos à sua volta com a expressão mais genuína e verdadeira da sua essência. A Lua Nova deste mês faz conjunção com Vénus, a sedutora deusa da beleza e do prazer, e convida-nos a desfrutar da companhia daqueles que cabem no nosso coração. Queremos agradar e somos generosos com os elogios, mas também gostamos de nos sentir importantes e admirados. Podemos receber essa atenção dos outros ou podemos simplesmente presentear-nos a nós próprios com algum mimo que nos faz sentir especiais. Júpiter, o grande benéfico, que este ano está no conforto do seu próprio território, Sagitário, abençoa esta Lua Nova com um harmonioso trígono e faz-nos sentir mais confiantes e despreocupados. Também corremos o risco de exagerar na dose generosidade ou de sermos demasiado indulgentes connosco próprios ou com os outros. Mas um dia não são dias e estamos todos a precisar de um pouco de alegria, desde que saibamos manter os pés no chão. Em Touro, a receber uma quadratura dos luminares e de Vénus, está o excêntrico Urano, que desestabiliza um pouco o ambiente alegre e jovial oferecido pelos astros em Leão. As relações podem tornar-se tensas se não soubermos respeitar a necessidade de espaço e de liberdade de cada um. Tanto o signo de Leão quanto o planeta Urano pedem verdade e liberdade de acção, mas, se não houver confiança, uma das partes pode sentir-se sufocada pelo relacionamento e arriscar algum movimento brusco para se libertar. Outra manifestação deste aspecto pode ser algum encontro inusitado ou uma mudança repentina de planos, tudo coisas que a energia fixa de Leão pode ter dificuldade em encaixar. O melhor mesmo é ficarmos flexíveis e abertos para as surpresas da vida e veremos que estas podem revelar-se bastante divertidas e criativas. Minutos depois da Lua Nova, Mercúrio, que rege as palavras, os pensamentos e as deslocações e está retrógrado desde dia 7 de Julho, retorna ao seu movimento directo. Muito do que ficou parado ou andou para trás nas últimas três semanas volta ao seu ritmo normal e temos finalmente a sensação de que as coisas avançam. Essa diferença de velocidade será especialmente notória quando Mercúrio deixar o signo de Caranguejo — que faz oposição a Capricórnio, onde se encontram Saturno e Plutão — para se juntar à festa do Sol, Vénus e Marte em Leão. Podemos dizer que o pior já passou — pelo menos para já — e agora conseguimos olhar à nossa volta, perceber o que ficou e como podemos tirar o máximo de proveito da vida que temos pela frente. Ainda consigo reconhecer a minha essência depois de ter sido obrigado a amadurecer? Será que me lembro do que é que me diverte e me dá prazer? Sinto-me livre para ser eu próprio dentro dos compromissos que entretanto precisei assumir? As respostas a estas perguntas podem ajudar-nos a recuperar a coragem e o ânimo e lembrar-nos da alegria e do puro prazer que é viver.
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Aproxima-se o segundo eclipse deste mês, um eclipse parcial da Lua em Capricórnio, e a sensação é de que alguma coisa vai ter de ceder, não é mais possível continuar a segurar duas cordas que nos puxam em direcções opostas. Este eclipse acontece com a Lua de Cheia nos 24° de Capricórnio na terça-feira, dia 16 de Julho, e será visível em quase todo mundo, exceptuando a América do Norte e América Central, a Gronelândia, parte oriental da Rússia e o círculo polar Ártico. O seu ponto máximo será às 22h30, hora de Lisboa, 18h30, hora de Brasília e, a partir do momento em que a Lua se levantar a Oriente, será possível assistir ao impressionante espectáculo da Lua tingida de vermelho. A Lua Cheia é o momento de oposição entre o Sol e a Lua, quando as questões inconscientes e as tensões subterrâneas, semeadas ou enterradas na Lua Nova anterior. E neste mês a energia dos eclipses torna tudo mais intenso e mais relevante. As duas luzes confrontam-se e quase todos os outros planetas escolhem um dos lados. De um lado está a Lua em Capricórnio, acompanhada por Saturno e Plutão, na outra equipa estão o Sol e Vénus em Caranguejo e, logo de seguida, Mercúrio e Marte em Leão. De um lado estão o sentido de dever, de responsabilidade, a noção de regras e de pertença social, uma visão realista da vida, mas também rigidez e inflexibilidade. Do outro estão as emoções, o calor dos afectos, a fragilidade e a segurança emocional, o cuidado e a protecção, mas também a timidez e a cautela que nos impedem de seguir em frente. É necessário fazer escolhas, tomar decisões, não é possível ter “o melhor dos dois mundos”. Se estás há algum tempo a tentar seguir por dois caminhos que te levam em direcções contrárias, por esta altura já percebeste que quanto mais avanças mais esses dois caminhos divergem um do outro. Então também já percebeste que, a não ser que tenhas o dom da ubiquidade, vais ter de optar. Pode ser optar entre as obrigações de um trabalho exigente e as expectativas da vida familiar, ou entre cuidar de alguém (ou de toda a gente) e saber respeitar os próprios limites tanto físicos quanto emocionais, ou ainda entre ter uma forte autodisciplina para atingir objectivos e saber expressar as suas necessidades e emoções. Qualquer que seja o teu dilema, vais ter de escolher. Até pode ser possível a integração entre os dois pólos que parecem tão antagónicos, mas para isso será necessário olhar para cada uma das duas direcções com um olhar mais realista e mais sereno. O importante é respeitar os limites, os nossos e os dos outros, e não perder de vista os afectos, a vulnerabilidade e o autocuidado. Precisamos manter o esforço na medida certa para continuarmos a avançar em direcção às nossas metas, sem perder o foco do essencial, o amor que nos sustém. As últimas semanas trouxeram algumas tensões, mas também decisões e respostas para questões que aguardavam uma definição ou um desfecho há já bastante tempo. Esta lunação não será menos dramática, não fosse ela constituída por dois eclipses. O primeiro eclipse é o solar, gerado pela a Lua Nova de terça-feira, dia 2 de Julho, às 20h16 em Lisboa, 16h16 em Brasília. Este é um eclipse total que será visível apenas na zona do Pacífico Sul e no Sul do Chile e da Argentina. Os eclipses solares acontecem sempre que, durante uma Lua Nova, a órbita lunar se alinha com a órbita da Terra e a posição do Sol, fazendo com que a trajectória da Lua passe precisamente entre o astro-rei e o nosso planeta e oculte assim a luz solar da observação terrestre. Na Lua Nova o Sol esconde a Lua com a sua luz, mas quando se dá um eclipse solar a Lua também esconde o Sol na sua sombra – e todas as sombras pertencem ao reino da Lua, do inconsciente, da intuição e das imagens internas e silenciosas. Os eclipses solares são momentos intensos e desestabilizadores porque interferem com a ordem natural das coisas – de repente o dia escurece como se fosse noite, a temperatura desce e os animais inquietam-se. É uma oportunidade para apagarmos por uns instantes a cabeça e a razão e para nos conectarmos com as nossas emoções, com o nosso lado mais animal e instintivo, aquela parte de nós que sente, que intui e que adivinha. Eclipses anunciam fins e princípios e pressagiam mudanças grandes e definitivas. Algumas aguardadas, outras complemente inesperadas, algumas mais felizes, outras mais tristes, mas todas com uma grande carga emocional implícita. Lua e Sol escondem-se de nós aos 10° de Caranguejo, território da Lua e o signo da maternidade, do cuidado e da nutrição, do passado e da família, que protege e alimenta o que é vulnerável e delicado. Os eclipses acontecem sempre perto do eixo nodal e este eclipse em particular está próximo do Nodo Norte, que aponta para o futuro, o que está para vir. O nosso foco vira-se para as emoções e os afectos, para a forma como nos alimentamos (física e emocionalmente), para a família e para o lar. Talvez algum destes temas esteja a precisar de um olhar mais atento ou de uma introspecção sincera e isenta de julgamento, ou talvez até a atravessar uma mudança que ainda não temos a capacidade de entender. Seja celebrando e agradecendo, seja fazendo uma despedida ou um luto, é fundamental honrarmos essa parte mais delicada e sensível da nossa existência. E isso fazemos aceitando as emoções presentes, sem preferir e sem recusar nenhuma delas. Todas são importantes e todas nos merecem atenção porque cada uma nos fala de alguma necessidade preenchida ou por preencher dentro de nós. Do lado oposto está Saturno em Capricórnio, em conjunção perfeita ao Nodo Sul, as experiências já vividas e conhecidas. Existem obrigações e expectativas sociais que nos pesam e nos limitam, deveres que nos impomos a nós mesmos para corresponder a uma ideia de maturidade e a um nível de exigência que não nos pertence, mas que, por alguma razão, internalizámos. Agora é o momento de deixar ir as estruturas que nos afastam dos afectos, da nossa casa interna e da nossa sensibilidade. O sucesso material, a carreira e as conquistas sociais podem ser importantes, mas não são o que nos ampara nas fases mais delicadas e mais difíceis das nossas vidas. Pode ser interessante pensarmos – ou melhor ainda, sentirmos – como nos podemos cuidar nos momentos de maior vulnerabilidade e fraqueza, quem escolhemos ter ao nosso lado quando estamos no chão e quais as memórias que nos vão confortar enquanto nos sentirmos em baixo e sem forças. Além da conjunção de Saturno ao Nodo Sul, o aspecto mais apertado deste eclipse é o sextil que o mesmo planeta faz a Neptuno em Peixes. O concretizador Saturno, que já está favorecido no signo de Capricórnio, recebe apoio do planeta da compaixão e da transcendência. Também podemos encontrar a nossa estrutura na certeza de que existe um fio invisível que nos a liga a todos e a tudo e esse fio é tão mais forte quanto a capacidade de cada um de ir fundo na sua própria sensibilidade. Nestas primeiras semanas, até à Lua Cheia, cuidemos de nós, dos nossos afectos e das nossas vulnerabilidades. Podes aproveitar para perguntar: Como é que estou a cuidar das minhas emoções, da minha casa interna? Como cuido da minha família e daqueles de quem gosto? Como cuido de mim e como me alimento? Esta é uma boa altura para desligar do que está fora e escutarmo-nos por dentro. Mais do que declarar intenções e tentar ter algum tipo de controle sobre o que nos acontece, desta vez podemos pôr-nos a jeito para aceitar a fragilidade, a imprevisibilidade e as incertezas da vida. |
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