(Tema proposto no âmbito do curso Autobiografia Criativa. Escolhi o gospel Amazing Grace. Sugiro a leitura do texto acompanhada pela música no vídeo abaixo.) Amor. Todos podemos ser amados. Pureza. Amor incondicional. Paz. Esperança, mesmo no lugar mais escuro. A dualidade - o lugar escuro que é o porão de um navio negreiro, mas também o lugar escuro onde está o capitão desse navio. O medo que nos mantém presos e que nos impede ver a Luz. Compaixão, compreender o medo do outro. O medo separa-nos da luz, do Amor que todos procuramos. É fácil… esse Amor está tão próximo. Enquanto houver uma luzinha, por muito ténue que seja, há a possibilidade de salvação, de Amor, de colo, de consciência. O som que salva, o Amor que salva. Salvação… No início era um momento com o pai. Tanto quanto sabia, a vida podia ser assim para sempre. Eu e o pai a ouvir a música dele, que agora é minha também, no chão da sala, a traduzirmos as letras do inglês. Mais tarde era a memória desse momento. Percebi então o quanto gosto de gospel e de espirituais negros. Gosto de músicas que vêm do coração, músicas que ninguém repara, que estão dentro dos dias e fora do tempo. E hoje, depois de tantos anos a conviver com esta música, depois de a ter quase esquecido, ela ganha outro significado. À medida que eu vou encontrando novos espaços dentro de mim, esta música vai preenchendo esses espaços e troca sentimentos, emoções e significados com essas novas partes de mim. Talvez porque ela seja tão profunda quanto pode ser a vida e vai ressoando comigo na medida da minha própria profundidade. "Eu estava perdido e agora encontrei-me Estava cego e agora vejo."
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Antes de me interessar por Astrologia entendia que somos todos diferentes, cada um com a sua motivação e a sua expressão próprias, mas, só depois de começar a aprender Astrologia, percebi o quão diferentes nós somos. Uma das primeiras coisas que aprendi em Astrologia são os quatro elementos e é também a base da análise de qualquer mapa, pois eles são o pano de fundo da interpretação astrológica. Os elementos, como manifestação primeira da energia na matéria, estão presentes em diferentes filosofias e antigos sistemas de crenças. Na Grécia clássica, a teoria dos elementos era transversal a várias disciplinas, como a Filosofia, a Medicina e, claro, a Astrologia. Os quatro elementos são o Fogo, o Ar, a Água e a Terra. Os dois primeiros são elementos masculinos, que funcionam de forma extrovertida, de dentro para fora, e os dois últimos são elementos femininos, introvertidos e receptivos. Os signos de Fogo são Carneiro, Leão e Sagitário. Na natureza, o fogo tem uma direcção ascendente e não pede licença para avançar, ele é enérgico e dominante e assim são as pessoas com este elemento muito presente em si, directas, frontais e com facilidade em assumir a liderança e em dar a cara. Intuitivos e instintivos, estes indivíduos não param a pensar no que virá, nem a olhar para o que ficou atrás. O Ar traduz o nosso lado racional e social. Os signos pertencentes a este elemento são Gémeos, Balança e Aquário e todos eles simbolizam, cada um de sua forma, as conexões mentais e sociais que estabelecemos com o que nos rodeia. O Ar relativiza, põe em relação e aquilo que sei, o que eu conheço, pode ser apenas um ponto de vista, existindo sempre outras perspectivas para qualquer questão. Alguém com o Ar dominante o seu tema natal vai funcionar de uma forma essencialmente mental, lógica e analítica. Caranguejo, Escorpião e Peixes incluem-se no elemento Água, que está ligado ao sentimento e à emoção. Quando é este elemento que está em primazia no nosso mapa, a subjectividade, a imaginação e a criatividade estão favorecidas. Por causa da sua grande sensibilidade, estas pessoas podem ser de uma grande empatia e compaixão. Aqui está o nosso colo primordial, o que nos nutre e o que nos une, o nosso inconsciente colectivo. Por último, temos o mais denso dos quatro elementos, a Terra, que se expressa através dos signos de Touro, Virgem e Capricórnio. Este tipo de personalidade é pragmático e realista, lida com a matéria e com os sentidos. São pessoas estáveis, confiáveis, conservadoras e sérias. É a Terra que nos sustenta, que nos dá chão e alimento, e as prioridades destes indivíduos são concretizar, construir e estruturar. Todos nós temos estes elementos presentes no nosso mapa natal, em proporções variadas. Pragmático ou sentimental, impulsivo ou racional, o Universo manifesta-se em cada um de nós através das infinitas possibilidades do caleidoscópio da vida. Esta noite, à 1h06 de terça-feira, dia 13, em Lisboa, e às 21h06 de segunda-feira, dia 12, em Brasília, acontece a união dos dois luminares aos 19° do signo de Balança. Este é o momento ideal para entregar as intenções para as próximas quatro semanas, especialmente se estas tiverem como foco o tema que já vem do último eclipse, a forma como vivemos as nossas relações. A Lua Cheia será no dia 27, às 12h05 em Lisboa e às 10h05 em Brasília, aos 3° de Touro e revelará a firmeza dos nossos propósitos. O próximo mês lunar vem mais calmo e mais sereno, mesmo a calhar para o rescaldo dos eclipses. A Lua junta-se o Sol no signo dos relacionamentos, Balança, e juntos fazem uma oposição muito apertada a Urano, o planeta da libertação e da diferenciação, no independente signo de Carneiro. Agora, depois do abanão que sentimos no último mês, começam a desenhar-se as respostas para algumas das questões levantadas pela ventania que passou nas nossas vidas: Será que conseguimos assumir os nossos compromissos de relacionamento, ou de qualquer tipo de aliança, sem ser necessário sufocar a nossa individualidade e sem diminuir a nossa liberdade? De que forma podemos integrar autonomia e compromisso, singularidade e partilha? O casal celeste faz também uma quadratura, ainda que já um pouco afastada, ao denso Plutão, que segue na sua lenta visita a Capricórnio. Tensões internas e questões de poder que se projectam nas parcerias ainda vão andar no ar, mas dissipar-se-ão em poucos dias, quando o Sol se distanciar deste aspecto tenso. Vénus, a elegante anfitriã dos dois astros reais, troca de domicílio com Mercúrio, a primeira em Virgem, o segundo em Balança, reforçando-se mutuamente. Na verdade, exceptuando Saturno e os planetas transpessoais, todas as outras personagens astrais se encontram divididas entre estes dois signos, atribuindo a esta lunação uma energia refinada e harmoniosa, disponível e cooperativa. Vénus, Marte e Júpiter no diligente signo de Virgem facilitam tarefas quotidianas, que implicam organização e discernimento e também ajudam a implementar novas rotinas mais eficientes e mais saudáveis. Marte e Júpiter já se separam da oposição a Neptuno, mas Vénus começa agora a formar esse mesmo aspecto e é importante conseguirmos sonhar alto, mas com os pés no chão, sem esforços desnecessários e lembrando-nos que é com pequenos passos que se faz uma grande viagem. O industrioso Marte e o idealista Júpiter no signo de Virgem tornam-se mais pragmáticos e cautelosos, no entanto, o trígono que ambos formam a Plutão, e ao qual Vénus se vai juntar no fim do mês, empresta-lhes força e intensidade. Esta é uma oportunidade de fazer acontecer e de implementar as tais novas rotinas mais eficientes e mais saudáveis. Vénus está ainda em tensão com Saturno e pode tornar-se demasiado crítica e exigente, mas lembre-se que feito é melhor que perfeito. O planeta da comunicação e das trocas, Mercúrio, está em casa de Vénus, na diplomática Balança, a fazer conjunção à Cabeça do Dragão e sextil a Saturno. Este posicionamento dá-nos a disciplina e a responsabilidade necessárias para integrar no dia-a-dia pequenas mudanças que nos irão aproximar de um futuro mais equilibrado e harmonioso. O Mercúrio em Balança apoiado pela estrutura moral do Saturno em Sagitário favorece também o diálogo e o reconhecimento do ponto de vista do outro e pode ajudar a estabelecer pontes e a encontrar a justa medida no confronto entre a individualidade de Urano e o compromisso de Sol e Lua em Balança. Depois da intensidade dos dois eclipses nas últimas semanas, este mês apresenta-se mais calmo e ponderado e oferece-nos a oportunidade para assentarmos os pés no chão e finalmente olharmos com atenção para o que estamos a fazer no nosso quotidiano. É o momento para alinharmos o nosso comportamento diário com as nossas intenções a longo prazo e podemos aproveitar o balanço do último eclipse para dar continuidade ao processo de integração da nossa autonomia e da nossa independência com os compromissos e as alianças que estabelecemos com o outro, procurando o equilíbrio certo entre os dois lados. No momento em que o bebé nasce, ele vive o seu primeiro trauma, o trauma da separação. Antes do nascimento, ele é tudo o que existe e tudo o que existe é o bebé, vivendo num universo que lhe satisfaz todas as necessidades sem que para isso tenha de se esforçar. Porém, no momento em que nasce, tudo muda, ele deixa de ser um com a mãe para começar o seu percurso enquanto ser individual. Nesta nova vida, a sua primeira relação é com a mãe, que, apesar da separação, vai continuar a desempenhar o papel de protectora e cuidadora, mas agora e por causa dessa separação, a satisfação das necessidades do bebé não é imediata, nem constante e nem sempre é realmente à medida da sua fome. Assim, mesmo com o esforço da mãe, haverá momentos em que ele vai sentir o desconforto e a insegurança, momentos em que vai querer mais e momentos em que se vai sentir simplesmente insatisfeito e isto acentua o seu sentimento de separação. A forma como a mãe dá colo e alimenta, mesmo que não seja a que sempre satisfaz o bebé, vai marcá-lo de tal forma que será para sempre a sua bitola de nutrição emocional e de segurança. Simultaneamente, este será também um padrão de carência e de vazio. Este padrão é simbolizado na Astrologia pela Lua. Se nos lembrarmos de como a Lua está sempre a mudar, desde cheia e redonda até completamente invisível no céu, ou de como ela influencia as marés, que enchem e vazam, podemos perceber este vai e vem de saciedade e de insatisfação. Em adulto, esta pessoa continua a carregar consigo esta memória e vai procurar que os relacionamentos a alimentem da mesma forma que a mãe a alimentou e a protegeu, porque esse é o seu hábito, o que conhece, mesmo que isso não a tenha satisfeito completamente. Acontece que o nosso caminho é da dependência para a autonomia e, eventualmente, temos de aprender a satisfazer a nossas próprias necessidades, materiais e emocionais. Alguns astrólogos dizem-nos para esquecermos a Lua, que pertence ao passado e representa padrões inconscientes que devemos ultrapassar. Porém, o bebé carente e dependente continua cá dentro a pedir para ser saciado. Mais importante do que ignorarmos esse bebé, é nós aprendermos a cuidar dele sem ceder aos seus caprichos e às suas birras. Aprendermos a ser mãe de nós mesmos, aprendermos a proteger e a alimentar o nosso lado emocional, mais vulnerável e inseguro, sem prejudicarmos os outros à nossa volta e sem nos sacrificarmos no processo, é um dos passos mais importantes no caminho do nosso crescimento individual e da nossa autonomia. |
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