Na lunação anterior o nosso entusiasmo tropeçou em contrariedades e bloqueios que despertaram pequenas irritações, raivinhas ou até mesmo grandes frustrações. Em algumas situações assumimos abertamente o confronto e marcámos a nossa posição, noutras não tivemos outra escolha senão conformarmo-nos com a indesejada realidade.
No próximo dia 17, ao meio-dia, hora de Lisboa, 8h da manhã em Brasília, o encontro da Lua com o Sol nos 25° de Virgem aponta o início deste mês lunar. Virgem é terra mutável e o seu objectivo maior é o aperfeiçoamento da matéria. O seu sentido crítico, a sua atenção aos detalhes e sua busca pela eficiência podem ajudar-nos a organizar e a simplificar a vida ou, de forma menos produtiva, podem complicar tudo e criar um labirinto de caos. À medida que o Sol vem fazendo o seu caminho pelo signo de Virgem, desde o dia 22 do mês passado, nós também vamos tacteando esta nova paisagem à procura de previsibilidade, de algo conhecido e familiar. Mas a nossa frustração cresce com cada sinal de que nada vai voltar ao “normal” e a cada indício de que a confusão e a incerteza continuam na ordem do dia. Este mês dá continuidade ao tema da frustração, dos bloqueios e da insatisfação que já conhecemos da lunação anterior, simbolizado pela tensão entre o impetuoso Marte em Carneiro e intransigente Saturno em Capricórnio. Mas agora o nosso ponto de vista muda. Já não é a ousadia e a coragem de Marte que nos anima. Nesta Lua Nova o nosso suporte está na solidez e na segurança de Saturno. Na semana passada, quase a chegar ao fim do seu percurso por Carneiro, Marte travou a fundo e começou a sua marcha atrás. Isto quer dizer que a briga dele com os planetas em Capricórnio (Júpiter, Saturno e Plutão) já presente na Lua Nova anterior, está apenas a começar. Com Marte retrógrado a nossa capacidade de afirmação, o nosso impulso de seguir em frente e a nossa coragem para enfrentar batalhas ficam virados do avesso. Afinal corro em direcção a quê? Será que quero aquilo que penso que quero? Lua e Sol aperfeiçoam o trígono com Saturno, o senhor dos limites e das regras, e isso faz-nos olhar para as coisas sem a empolgação e o entusiasmo do mês passado, mas de forma mais realista e objectiva. Talvez não precisemos de deitar abaixo todas as estruturas. Talvez seja mais inteligente e até eficiente fazer primeiro um trabalho de reconhecimento daquilo funciona, daquilo que, apesar de tudo, neste momento ainda nos sustenta. Virgem é território de Mercúrio, a mente que procura respostas para tudo. Este adianta-se ao Sol e está já em Balança, de onde vai fazer quadraturas aos planetas em Capricórnio. O primeiro que encontra é Júpiter que está desconfortável em naquele signo, pois fica com a sua generosidade comprometida e mais sóbrio do que lhe é habitual. Ainda assim, Júpiter cumpre o seu papel de benéfico e este encontro serve-nos como uma espécie de aviso sobre o que podemos esperar a seguir. Nos próximos dias, primeiro Mercúrio e depois Marte vão apertar as suas quadraturas a Plutão e a Saturno e nós também vamos sentir esse aperto de forma mais ou menos pessoal, dependendo do nosso mapa natal. Por um lado queremos preservar a nossa individualidade e não queremos que ninguém nos diga o que fazer. Por outro estamos dispostos a ceder, a negociar e a fazer compromissos desde que isso nos devolva algum sentido de normalidade. Mas a verdade é que nenhum dos caminhos nos leva de volta à segurança e à previsibilidade que um dia conhecemos. As limitações impostas à nossa vida quotidiana são reais e não vão desaparecer tão depressa. Este mês lunar podes pôr na tua lista de tarefas “organizar a despensa”, tanto a nível prático como emocional. Como é que podes simplificar as tuas tarefas de modo a aliviar um pouco as tuas responsabilidades? Até que ponto a tua disponibilidade para com os outros interfere com a tua rotina? Será que podes facilitar certos aspectos da tua vida apenas pedindo ajuda? Depois de tantos meses a inventar novas soluções para a vida, estamos longe de ter os nossos níveis de energia no seu pico e precisamos fazer uma gestão cada vez mais eficaz das nossas reservas. Vamos precisar delas para os meses que se avizinham.
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