Uma das técnicas biográficas mais usadas em Astrologia são as progressões secundárias. Este método faz corresponder simbolicamente cada dia de vida a um ano, partindo do princípio que nós vivemos pequenos ciclos dentro de ciclos maiores e que estes se assemelham aos primeiros em padrão, apesar de divergirem em escala. Explicado de outra forma, se dividirmos o todo em pequenas partes, cada uma delas espelha em si mesma o padrão do todo. Nas progressões secundárias é dada uma grande importância à Lua. Sendo o planeta mais rápido, a Lua marca o ritmo dos nossos dias e a fluência do nosso quotidiano. É a Lua que nos esvazia e que nos alimenta, é através dela que pertencemos, que sentimos, que ganhamos raízes e nos ligamos à Terra e ao colectivo. Assim, também nas progressões secundárias, a Lua marca o ritmo do nosso sentir, da nossa carência e da nossa atenção ao longo da vida, daquilo que precisamos alimentar e ajudar a crescer em determinada fase. Da mesma forma, o ciclo de lunação por progressão secundária reflecte os diferentes momentos de desenvolvimento pessoal e interno dentro de um período de cerca de 29 anos – os 29 dias do ciclo de lunação projectados em um ano por cada dia. Dependendo da relação entre Sol e Lua no mapa natal de cada pessoa, a primeira Lua Nova progredida poderá acontecer logo nos primeiros anos de vida ou até aos 29 anos de idade. Por exemplo, alguém que tenha nascido com o Sol e a Lua opostos viverá a primeira Lua Nova progredida entre os 14 e os 15 anos; outra pessoa que tenha nascido no quarto crescente terá o Sol e a Lua conjuntos por progressão apenas aos 21 anos. Enquanto os trânsitos nos falam de eventos externos ou, pelo menos, visíveis e fáceis de datar, as progressões acrescentam-lhes um pano de fundo emocional, um sentido de ritmo subtil, mas bastante relevante na significação pessoal de cada momento astrológico. Independentemente da idade em que qualquer das fases deste ciclo é vivida, cada uma delas assinala os mesmos movimentos do ciclo de lunação, do qual falo em outro artigo, mas numa escala maior e a um nível de psicológico, interno e subjectivo. Quando comecei a dar consultas, esta técnica parecia-me demasiado abstracta e vaga para que eu me sentisse segura na sua utilização. Com o tempo (e com o meu próprio mapa), fui percebendo as suas subtilezas e o seu rigor e, hoje em dia, a lunação progredida é essencial para eu enquadrar os trânsitos numa moldura maior de crescimento pessoal de cada cliente. Lua Nova Progredida Esta é uma fase de inícios, mas também de finalizações, pois para abrir espaço para algo novo é necessário primeiro limpar o passado. A Lua Nova é um ponto de vazio, de escuridão e traz consigo uma sensação de perda ou, no mínimo, alguma confusão. Podemos sentir-nos ainda apegados a alguma coisa que já não é real, que já desapareceu das nossas vidas, com receio de que nada possa alguma vez vir a preencher o vazio deixado por essa vivência, com a qual nos identificámos intensamente. No entanto, este é o momento dos começos, mesmo quando ainda não conseguimos ver o caminho a seguir e o futuro nos parece incerto e vago. É uma altura em que nos apercebemos que há ciclos que se fecham e em que nos começamos a preparar para enfrentar um novo rumo na nossa vida. Agora ainda não é a hora para fazer planos ou definir metas, mas o foco deve estar em reconhecer aquilo que finaliza. Depois sim, podemos inspirar fundo e continuar a marcha sem pontas soltas ou excesso de bagagem. Este é um ponto zero, onde temos oportunidade de fazer um reset à vida e de nos conectarmos com a nossa essência mais profunda, de maneira a recomeçar o caminho ainda mais próximos de nós mesmos. Quarto Crescente Progredido Por esta altura, já não há regresso possível à antiga zona de conforto e é a nossa própria vontade que nos guia. Nesta fase, o impulso é para fora. Já existe uma primeira materialização do rumo que estamos a seguir e as nossas novas escolhas já estão a ser vividas de forma visível e palpável. Mas também nos aparecem os primeiros desafios e a nossa autonomia e capacidade de levar em frente os nossos desejos e aspirações são testadas. Porque a nossa direcção começa a ficar mais definida e concreta, este é o momento de mostrarmos o quanto estamos comprometidos com o nosso próprio crescimento pessoal. À nossa volta encontramos competição e até hostilidade que nos obriga a fortalecer as nossas intenções e a ganhar consciência das nossas forças, do nosso valor e da firmeza do nosso propósito. Muitas vezes, encontramos espaço para ajustes, adaptações e aperfeiçoamentos que se revelam necessários para que o plano maior possa ser bem sucedido. O sentido geral desta fase é de urgência e inquietação, que podem ser vividas em tensão e crise ou com dinamismo e entusiasmo. Lua Cheia Progredida Tudo aquilo em que trabalhámos nos últimos catorze ou quinze anos manifesta-se agora em toda a sua plenitude. Podemos gostar daquilo que criámos e permitimo-nos usufruir do nosso momento na ribalta ou pode acontecer que a materialização dos nossos sonhos acaba por revelá-los um pesadelo e obrigar-nos a assumir, forçadamente, as consequências das nossas escolhas anteriores. Da mesma forma que a Lua Cheia é iluminada pelo Sol e se torna visível e aparente, também nesta fase ficamos mais expostos e mais vulneráveis. Seja êxito ou seja fracasso, o resultado do nosso esforço e das nossas decisões vai estar num pedestal, para todos verem. A Lua Cheia progredida é como o cume de uma montanha que demorámos catorze anos a subir e, como qualquer pico depois de alcançado, o caminho que se segue é descendente. Após atingirmos a completude da forma, temos a oportunidade de deixar para trás a materialidade e o sucesso mundano e de iniciarmos o nosso “regresso a casa” com uma atitude de desapego, mas também de partilha e de dádiva. Depois de colhermos os frutos, doces ou amargos, chega a hora de partilhar a aprendizagem vivida. Podemos tornar-nos professores ou mentores, escrever sobre a nossa experiência ou criar métodos e práticas que podem ajudar e orientar outras pessoas que queiram trilhar na mesma direcção. Quarto Minguante Progredido Como no primeiro quarto, esta quadratura da Lua ao Sol traz um momento de crise e de insatisfação. Agora são-nos pedidas provas de maturidade e a forma como lidamos com a desconstrução e desestruturação das realizações alcançadas no ciclo anterior é um bom indicador do quanto crescemos com essas aprendizagens. Olhamos uma última vez para trás antes continuarmos a descida de regresso à nossa profundidade e reavaliamos as vitórias conquistadas e as derrotas sofridas e escolhemos que lições queremos guardar connosco para o futuro. Ao nos afastarmos do ponto mais alto, o ritmo abranda, deixamos de estar tão visíveis e o foco vira-se para dentro, para nós mesmos. Este pode ser um processo natural e voluntário ou pode ser-nos imposto através de impedimentos reais e físicos que limitam a nossa acção externa. Forçados ou não, esta é a fase em que deixamos cair as máscaras e nos mostramos frágeis e despidos, com as nossas qualidades e defeitos. No fim deste período, chegamos então ao término deste ciclo, prontos para semear novos inícios, contidos nas sementes que nos foram dadas pelos frutos colhidos no ciclo anterior.
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Nos últimos quinze dias os acontecimentos têm-se precipitado e muita coisa está a acontecer à nossa volta, mas também dentro de nós. A Lua Nova deste mês vem formar o quarto braço de uma grande cruz nos signos mutáveis e marca o ponto alto da quadratura T entre Júpiter em Virgem, Neptuno em Peixes e Saturno em Sagitário. Nos signos deste modo a energia dos elementos dispersa-se e multiplica-se, é irrequieta e instável, e por isso pede-nos síntese e integração. Sol e Lua têm encontro combinado nos 14° de Gémeos, na madrugada do próximo domingo, às 4h00 de Portugal e 0h00 do Brasil, e trazem-nos o desafio de permanecermos centrados e enraizados enquanto acompanhamos as voltas que a vida nos dá. Bem perto dos luminares, numa conjunção bastante apertada no versátil signo de Gémeos, está Vénus, o planeta dos relacionamentos. É o momento de dizer o que sentimos, comunicar a partir do nosso centro, mas também de abrir espaço ao outro para que possa fazer o mesmo e procurar entender o seu ponto de vista. O responsável e rígido Saturno opõe-se a estes três planetas desde Sagitário e, nesta conversa, uma das pessoas pode tornar-se inflexível na sua verdade, endurecendo o diálogo. Mas ser fiel a si próprio não implica fecharmo-nos à mudança que pode vir da troca de ideias, significa, sim, saber reconhecer os nossos princípios e separar o que é o fundamental do que é supérfluo. E honrar os nossos compromissos não tem que ser um esforço ou uma obrigação, não tem que ser feito por dever ou por medo do castigo. Honrar compromissos serve para estabelecermos relações sólidas, de confiança e de responsabilidade, onde a nossa própria estrutura e o nosso chão nos ajudam a chegar até ao outro. O eixo Gémeos/ Sagitário, ligado pela oposição entre Sol, Lua e Vénus, no primeiro signo, e o sério Saturno, no segundo, é cortado por outro eixo formado por Júpiter, em Virgem, oposto a Neptuno, em Peixes, cada um destes planetas em tensão com o simpático trio em Gémeos. Podemos ter tendência ao julgamento e a perdermo-nos em detalhes e contabilidades sem importância alguma. Por outro lado, podemos preferir meter os óculos cor-de-rosa e ignorar os problemas e as angústias, ou ainda distorcer a mensagem, deixando-a propositadamente vaga e confusa. Mas a comunicação pode ser auxiliada por estas duas forças se tivermos a humildade de usar a empatia, a tolerância e a vulnerabilidade em vez do rigor e da razão. Quem acolhe esta Lua Nova, é o versátil Mercúrio que se encontra em Touro, um signo demorado e paciente, que abranda o processamento das frenéticas mudanças que vão acontecendo em nós e ao nosso redor. Assim estaremos a funcionar em dois ritmos, um mais rápido e inconstante e outro mais lento e menos visível, com toda a inadequação e desajuste que isso implica. Por um lado, sentimos que está tudo a acontecer a uma velocidade relâmpago, por outro, parece que, apesar das reviravoltas, não saímos do mesmo lugar. Mercúrio opõe-se a Marte retrógrado em Escorpião e forma ainda um grande trígono de Terra com o sábio Júpiter, em Virgem, e com o denso Plutão, em Capricórnio. Nas conversas vão surgir assuntos difíceis, relacionados com dinheiro, sexualidade ou medos, assuntos que até agora temos mantido secretos ou, simplesmente temos conseguido evitar, mas que se tornam incontornáveis. O que vem à superfície são antigos fantasmas, que já não pertencem a este lugar onde agora nos encontramos e aparecem precisamente para serem desconstruídos, limpos e curados, pois já não há espaço para padrões antigos nesta nova realidade que começamos a viver. Este não é o tempo para tomar grandes decisões ou para definir novos rumos. Se insistirmos em correr, acabaremos por perceber que estivémos a andar em círculos. É, sim, o momento para conhecer este novo sítio onde nos encontramos e perceber o que é realmente importante e estrutural em nós, o que nos ergue e eleva, e o que é dispensável, o que nos pesa e nos mantém presos a um passado que já não existe. Onde estou eu no meio deste turbilhão? Quem sou eu se, para atender a tudo e a todos, tenho de ser tantos ao mesmo tempo? Onde é o meu centro, o meu lugar? É a partir daqui, deste centro, que saímos da periferia da nossa vida e estaremos assim disponíveis para, passinho a passinho, seguir adiante, para um futuro que já se faz presente. |
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