Lua Nova: 18° Caranguejo 01’ Lisboa: 10.Jul.2021, 2h16 Brasília: 9.Jul.2021, 22h16 O último mês veio com alguma bagagem que agora temos que arrumar. Entre chegadas e partidas muita coisa mudou. Do lado de Gémeos foram inícios e ideias-sementes, grávidas de oportunidades e possibilidades, que precisam das nossas mãos para crescer. Em Sagitário perdemos certezas, crenças e convicções, despedimo-nos do que já foi e agora esperamos a poeira baixar para ver o que restou. Nos últimos dias a impulsividade e a impaciência bateram de frente com a inflexibilidade e a indiferença. Acontecimentos precipitados, ataques súbitos, decisões espontâneas fazem as coisas aumentar de velocidade sem, no entanto, saírem do mesmo lugar. Marte confronta Saturno, e Urano instiga os dois, atiçando a precipitação do primeiro e desafiando a autoridade do segundo. O mês lunar começa neste tom de provocação e acrescenta-lhe mais um ingrediente, Vénus, a deusa da beleza e do prazer. Mas, se os deixarmos guiar pelos afectos, podemos encontrar um canal construtivo para a paixão e para a loucura. Signo de Caranguejo Esta Lua Nova acontece em Caranguejo, o signo da própria Lua. As suas características derivam do simbolismo desse planeta. Receptivo, cuidador, caprichoso e com flutuações de humor sujeitas ao ciclo lunar, Caranguejo é tenaz na protecção dos seus afectos, mas sinuoso na expressão da sua vontade. As águas de Caranguejo não são revoltas como as de Escorpião, nem infinitas como as de Peixes. Aqui temos o início das águas, a fonte que brota entre as pedras, o riacho que corre claro e rápido. Estas águas sabem proteger a fragilidade da vida. É preciso cuidado e muita dedicação para que aquilo que ainda é fraco e vulnerável cresça, ganhe força e prospere. Aspectos a Urano, Neptuno e Plutão Lua e Sol contactam com os três planetas transpessoais, Urano, Neptuno e Plutão. Com o primeiro, que segue em Touro, as duas luzes fazem um simpático sextil, que já vai perdendo força, mas ainda nos oferece alguns imprevistos, encontros surpreendentes ou simplesmente a abertura de espírito para arriscar algo inédito ou aceitar a diferença e a diversidade. Já com Plutão em Capricórnio a conversa torna-se mais pesada e, com a aproximação do quarto crescente, segredos podem vir ao de cima, uma crise adiada pode estalar e o desequilíbrio de poder numa determinada situação fica mais claro. É importante lembrar que a procura de segurança não tem de pôr em causa a nossa vontade, nem de comprometer o nosso poder pessoal. De Neptuno, que flutua em Peixes, os luminares recebem a bênção de um trígono. Esta harmonização de águas amplia as nossas emoções e abre espaço para o reconhecimento de vulnerabilidades, carências e dependências. Podemos observar os nossos momentos de fragilidade e aceitá-los pelo que são, um sinal que precisamos de nos cuidar e de nos dar colo. Sem julgamento e com muita compaixão. Vénus e Marte conjuntos em Leão Apesar da Lua Nova ter lugar em Caranguejo, ali ao lado Leão também chama a nossa atenção. Vénus e Marte estão juntos neste signo de emoções fortes, de espontaneidade e criatividade. Vénus deseja e Marte ataca. Vénus diz “eu gosto” e Marte esgatanha-se para lhe dar o que ela gosta. Na verdade, são como qualquer casal apaixonado que quer viver o calor do seu desejo, sem desculpas e sem consequências. Do lado contrário, em Aquário, Saturno impõe regras e limites ao par. É preciso esperar, existem condições, limitações e bloqueios. E trava o ímpeto ardente e infantil dos dois amantes. Mas a frustração não é um lugar confortável para ninguém e muito menos quando é aquecida pelo fogo de Leão. Em Touro, à espera do momento mais inoportuno para desestabilizar este braço-de-ferro, está Urano. Arrebatamentos súbitos podem fazer-nos agir de forma inusitada e caprichosa, sem pensarmos nas consequências. É importante mantermos alguma lucidez sobre os nossos impulsos em questões como o dinheiro, as relações e o prazer. Numa perspectiva construtiva, podemos encontrar a coragem para finalmente nos expormos e avançarmos de forma ousada relativamente aos afectos ou à sustentabilidade. Este movimento não acontece sem alguma dose de ansiedade, mas é propulsionado pela certeza de que este é o momento para arriscar e de que o esforço investido agora será largamente compensado lá à frente. Síntese desta Lua Nova Lua e Sol em Caranguejo pedem colo e segurança, Vénus e Marte em Leão gritam paixão e ousadia. Por um lado queremos proteger a nossa vulnerabilidade e as nossas emoções mais frágeis, por outro queremos viver as nossas paixões e arriscar alguns momentos de loucura. Em que área da minha vida eu preciso de me cuidar e de me preservar mais? Em que situação eu não estou a medir as consequências? Que atitudes destemidas estou a conter há tempo demais? Aquilo que eu desejo é saudável para mim e para as pessoas de quem eu gosto? Ninguém está sozinho. Os fios que nos unem são tão frágeis ou tão fortes quanto o nosso respeito pela vulnerabilidade. O equilíbrio entre a audácia e a insensatez é delicado, mas, se pusermos no fiel da balança a nossa sensibilidade e o nosso cuidado, talvez seja possível avançar e construir mais algum caminho nesta nova realidade, que nos é ainda tensa e estranha.
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Este ano temos duas Luas Novas em Caranguejo. A primeira aconteceu logo a seguir ao ingresso do Sol, no primeiro grau daquele signo, e brindou-nos com um potentíssimo eclipse solar. A segunda Lua Nova em Caranguejo tem lugar na próxima segunda-feira, dia 20, às 18h32 em Lisboa, 14h32, hora de Brasília, desta vez nos últimos graus do signo.
Em Caranguejo aprendemos o que são as emoções. Esta é a água dos primeiros afectos, o início dos laços invisíveis que nos ligam e o colo onde nos sabemos seguros e onde podemos descansar. Nestas águas, protegemos o que é frágil e cuidamos da nossa vulnerabilidade. E, na indefinição dos tempos que correm, sabermo-nos protegidas e acarinhadas é especialmente valioso. Neste signo, quem manda é a Lua, é ela a senhora deste pedaço do céu. Mas, no arranque desta lunação, o conforto de estar em sua própria casa é perturbado pela oposição exacta a Saturno, que está do outro lado do zodíaco, em Capricórnio, e faz uma última revisão ao seu domicílio nocturno antes de entrar de vez em Aquário. Queremos descansar, tomar conta de nós e dos nossos, ir para dentro, mas não podemos tirar a atenção do que está fora. Há alguma coisa que nos segura, que nos pesa, que não nos deixa descontrair. Podemos não conseguir nomear nem saber dizer ao certo de onde vem essa preocupação, mas sentimos a força da gravidade que nos prende ao chão e impede o nosso ânimo de levantar. Sentimo-nos presas, constrangidas. Sozinhas e isoladas até. Com responsabilidades a mais e com folgas a menos. Estamos divididas entre a esfera mais íntima e o mundo das obrigações sociais. Vivemos tempos excepcionais e temos gasto muita da nossa energia a navegar o mar de incerteza que estamos todos a atravessar. Os nossos recursos internos têm andado sobrecarregados a encontrar soluções para redefinir rotinas, redesenhar hábitos e reinventar direcções. Temos estado ocupadas a gerir as emoções intensas que surgem dentro de nós e á nossa volta. É normal que, por esta altura o cansaço pese. É normal que a energia esteja esgotada e que a cabeça e o corpo peçam descanso. Mercúrio, que cuida das nossas ideias e das nossas palavras, também está em Caranguejo, dependente dos humores da Lua e, por isso, mais instintivo e mais emocional. Daqui não viria problema algum, não fosse o caso de Hermes se aproximar de uma desafiante quadratura com o aceso Marte, que o espera em Carneiro. Marte em Carneiro é rude e impulsivo, não mede a força e desconhece o cuidado e a ponderação. Mercúrio em Caranguejo é delicado, sensível e melindroso. O pavio está curto e temos um fósforo aceso na mão. Podemos esperar discussões, controvérsias e conflitos. Desentendimentos que começam pela mais pequenina coisa, susceptibilidades que se ferem sem querer ou sensibilidades diferentes que se chocam e que preferem atacar para se proteger. Por outro lado, se conseguirmos articular o que sentimos de forma clara e assertiva, podemos desbloquear alguma situação mais tensa que se arrastava há algum tempo. Por vezes são necessárias discussões frontais e honestas para arrumar o lixo antigo que a inércia e a passividade deixaram acumular debaixo dos tapetes das relações. Cansaço e precipitação, frustração e falta de cuidado, sensibilidade e ansiedade. Estamos presas por cordéis frágeis que se podem quebrar a qualquer momento. O tempo que dedicas a cuidar de ti é suficiente? A atenção que dás aos teus afectos é recíproca e satisfatória? Que compromissos te pesam e te esvaziam? Será que assumes responsabilidades que não te pertencem? Para encontrar um equilíbrio é necessário fazer escolhas, aliviar a mochila, deixar para trás o excesso de bagagem. Não precisas de carregar o mundo nas tuas costas. Cuida de ti e rodeia-te de pessoas que te devolvem o carinho e a atenção que lhes dedicas. Quando sentires que estás a transportar peso em excesso, pega numa tarefa de cada vez, dando prioridade ao que te faz sentir preenchida, acolhida e amada. Estamos a viver grandes mudanças sociais a nível mundial. Mudanças inevitáveis e inadiáveis. A palavra “normal” tornou-se vaga e intangível, como o pote de ouro no fim do arco-íris. Um dia a vida vai estabilizar, vamos encontrar novos lugares e novas formas e então sim, vamos descobrir novamente o “normal”. Um outro “normal”. Um dia. Mas não agora. Porque a verdadeira mudança ainda nem começou. O solstício que se aproxima — de Verão no hemisfério Norte, de Inverno no Sul — anuncia um grande novo começo. No domingo de manhã, às 7h40, hora de Lisboa, 3h40 em Brasília, acontecerá nos céus um eclipse solar. Este eclipse não será visível em Portugal nem no Brasil, apenas na África Central, Oriente Médio, Índia e China. Horas depois de o Sol entrar no signo de Caranguejo, a Lua alcança-o, esconde-o e, por alguns momentos, temos a escuridão de um eclipse a ensombrar o momento de máxima luz na metade norte do planeta. No Ascendente do Thema Mundi, o mapa que os antigos atribuíam ao nascimento do mundo, é Caranguejo que se encontra no ascendente. Esta Lua Nova e o seu eclipse acontecem no primeiro grau deste signo, o grau inicial do princípio do mundo. Caranguejo tem a força e a fragilidade das primeiras águas. A força necessária para nascer e a fragilidade intrínseca a este momento. Caranguejo é a casa da Lua, um planeta de mudanças, de oscilações, de instabilidade e de inconstância. A Lua é andarilha, caminheira, não pára. Umas vezes é cheia, outras vezes vazia. Umas vezes é a mãe que alimenta e nutre, outras vezes é o bebé carente que precisa de colo e de cuidado. Este eclipse sublinha o momento de viragem que vivemos. Recorda-nos que todos os momentos charneira são plenos de potência e simultaneamente frágeis e quebradiços. Os próximos meses, que estarão sob a influência desta estação de eclipses, não serão fáceis nem tranquilos. Mas são o início do nascimento de uma nova forma de funcionarmos uns com os outros, na grande família humana. O Sol, que normalmente é quem empresta a sua luz para que o mundo seja mundo, está agora enfraquecido e a Lua recebe-o no seu colo e acolhe a sua debilidade e o seu cansaço. A Lua cuida porque é da sua natureza cuidar. Sol e Lua não formam aspectos de relevo a outros planetas e acabam por ficar entregues ao reino lunar, que, mesmo com as melhores intenções, é flutuante e nem sempre confiável. Poucos dias antes, Mercúrio, que também segue por Caranguejo, entrou em movimento retrógrado. Uns dias depois será Neptuno que inverte a sua marcha. Logo a seguir é a vez de Vénus dar por finda a sua viagem invertida para regressar ao seu andamento directo. Tantos planetas a mudar de direcção apenas para sublinhar as alterações gigantes que estamos a viver. Como se estivéssemos em cima de uma falha geológica no momento em que duas placas tectónicas se movimentam. De que lado está a segurança? Para onde podemos escapar? Caranguejo tem implícita a energia de um nascimento, mas todos os nascimentos são um processo. É necessário atravessar um espaço em que deixamos de ser o que éramos, mas onde ainda não somos o que iremos ser. Um espaço onde não somos nada, mas onde temos a promessa de poder vir a ser tudo. Um espaço escuro, estreito, desconfortável, onde parece que não cabemos e de onde queremos fugir. Para a mãe são as dores das contracções, para o bebé é sentir-se empurrado pelas mesmas contracções para o canal de parto. Durante os próximos meses, até perto do fim do ano, podes sentir que o que estás a viver não é um início, mas um fim. É natural, estamos a começar o processo. Vais sentir-te mais ligada aos instintos, mais vulnerável e mais reactiva. Pergunta-te, Estou a ser suficientemente paciente comigo e com os outros? Consigo cuidar de mim e proteger-me do que me agride e me ofende? Faz sentido resistir à mudança? Ou posso entregar-me a ela, mesmo sem saber o que me espera? Estamos a assistir colectivamente ao nascimento de uma nova organização social. Mas esta transformação não é nem rápida nem indolor. A nível pessoal, a casa onde se encontra Caranguejo no teu mapa natal indica-te onde está a acontecer um reset na tua vida. Mesmo que não percebas para onde vais, mesmo que não vejas uma saída, confia no processo. Toma consciência do que te faz sentir em casa, reconhece os afectos que te seguram e foca-te no presente. Lembra-te, estás a vivenciar um parto! Desde o fim do ano passado que a energia fria e seca de Capricórnio se faz sentir de forma mais óbvia nas nossas vidas. O Sol e Mercúrio vieram juntar-se a Júpiter, Saturno e Plutão neste signo, acentuando o peso e a gravidade dos tempos que correm. Esta sexta-feira, dia 10, às 19h21, horário de Lisboa, ou 16h21, hora de Brasília, a Lua torna-se cheia nos 20° de Caranguejo. Mas, com a Terra a encobrir a luz que o Sol projecta na superfície lunar, este momento é também um eclipse da Lua. Os eclipses lunares acontecem cerca de seis em seis meses e tornam o simbolismo dessa Lua Cheia especialmente poderoso e potente. Questões que começaram a ser pensadas ou preparadas seja na Lua Nova de Capricórnio, há quinze dias, ou na Lua Nova de Caranguejo, há seis meses e que também foi um eclipse, chegam agora ao seu auge, ao seu ponto de máxima visibilidade. Este eclipse é especialmente tenso. De um lado temos o Sol em Capricórnio, um signo de Terra, rígido e intransigente, mas também pragmático e competente. Mercúrio, a mente experiente e planeadora, está no coração do Sol e empresta-lhe as suas características que ficam iluminadas pela sua luz. Bem perto destes dois planetas estão também Saturno e Plutão, já conjuntos um ao outro por grau, apesar de o aspecto perfeito acontecer apenas dois dias mais tarde, dia 12. Ainda no mesmo signo, mas ainda bastante atrasado para esta reunião, está o gigante Júpiter. Do outro lado está a Lua em Caranguejo, confortável no seu próprio signo, mas quase sozinha e eclipsada a enfrentar os difíceis desafios lançados pelo grupo de pesos pesados no signo oposto. Em Peixes, Neptuno, que não conhece fronteiras e que sabe que somos apenas um oceano de gotas inseparáveis e indistiguíveis, por pouco ainda consegue apoiar a Lua com a sua capacidade de compaixão e de aceitação. A pressão que sentimos já não é novidade. Pelo menos desde há dois anos, quando Saturno entrou em Capricórnio e se juntou a Plutão que já por ali andava desde 2008, que se tornou claro a desconstrução das nossas estruturas e o teste aos nossos limites. Se antes não os conhecíamos, agora estamos a olhar para eles de frente. Alguns resistiram enquanto puderam, outros ainda nem se aperceberam que já estão virados do avesso. Também nos é mais visível o nosso poder, aquilo de que somos capazes. Às vezes subestimamo-nos, porque ainda não fomos desafiados o suficiente, não conhecemos a nossa capacidade de resistência, de perseverança, a garra que encontramos quando precisamos mesmo de seguir em frente. Durante os próximos dias e, noutra escala, durante os próximos meses vamos poder distinguir os contornos das nossas limitações e das nossas reais capacidades. Este eclipse vem aumentar a polarização e os conflitos. Os muros que nos protegem de quem nos ameaça e que, simultaneamente, nos separam e nos fazem acreditar que quem está do outro lado é diferente de nós. Mas também o sistema que se torna autoritário e autocrático e que se afasta de quem devia servir e acaba por ser atropelado pela engrenagem cega e surda. Ou ainda a tua atitude dura e intransigente para com alguém em nome de uma mágoa que não podes esquecer. Prepotência e vitimização, defesa e insegurança, opressão e fraqueza. Como podemos encontrar o equilíbrio? Como podemos saber se estamos a escolher o melhor caminho? Em Capricórnio reconhecemos os limites, aprendemos a respeitá-los e aceitamos as consequência inevitáveis de os ultrapassar. Assumimos a responsabilidade por nós mesmos e tornamo-nos adultos, respeitando as nossas capacidades assim como as nossas limitações. Estendemos este respeito aos outros e esperamos o mesmo em troca. Isto implica definir os nossos contornos também para os outros e saber dizer “não” a pesos que não conseguimos carregar, a culpas que não são nossas ou a ofensas que nos magoam. Com Caranguejo aprendemos a valorizar a nossa vulnerabilidade, as nossas fraquezas e as nossas emoções, por muito tontas ou injustificadas que pareçam. Cuidamos das nossas fragilidades e das dos outros como quem cuida de um bebé, porque somos todos bebés quando nos sentimos inseguros, cansados ou carentes. O autocuidado torna-se a estratégia de sobrevivência mais poderosa, seja para garantir que estamos bem o suficiente para podermos ajudar os outros, seja para reconhecer que estamos frágeis demais para ficarmos sozinhos e precisamos pedir ajuda. Mas os tempos são densos e às vezes não há equilíbrio possível nem existe o melhor caminho. Às vezes o conflito é inevitável e é preciso avisar os outros que os lobos estão a chegar. Se sentes que é esta a tua situação, então grita, toca a trombeta e põe essa raiva que te queima por dentro ao serviço de todos. Torna-te porta-voz de uma causa, denuncia abusos de poder, defende uma minoria. Assume a responsabilidade de transformares essa energia que te consome em algo produtivo e benéfico para ti e para o colectivo. Outras vezes o medo é avassalador e paralisa-nos. Congela a nossa respiração, o nosso sangue, as nossas emoções. Não nos queremos mexer porque entrar em acção implica sentir a angústia que nos aperta o peito e que mais parece um animal selvagem a abocanhar-nos por dentro. Se é aqui que estás, deixa-te sentir a dor e procura ajuda. Estás a precisar de alguém que te dê a mão, o ombro, o colo. Respeita o teu sofrimento e valida as tuas emoções, sem cobranças e sem pressas. Procura quem te veja, aceite a tua fragilidade e saiba ficar ao teu lado. Cuida-te e deixa que cuidem de ti. Quem tem planetas ou ângulos perto dos 20° dos signos cardinais, Carneiro, Caranguejo, Balança ou Capricórnio, está a sentir de uma forma mais pessoal e desafiante este ambiente carregado de tensão. Se tens algum ponto importante do teu mapa próximo dos 20° de Touro ou Virgem, esta pressão está a teu favor, aproveita-a para te impulsionares a alturas que até agora julgavas inalcançáveis. Conheces as tuas verdadeiras capacidades? E respeitas os teu limites? Sabes quando precisas de ajuda? Sabes como te proteger e te cuidar? Consegues tomar conta dos outros sem ser invasivo e sem te desrespeitares? Aceitas a fragilidade da vida? Vivemos momentos históricos a nível mundial, mas, também numa dimensão individual, muitos de nós estamos a passar por uma fase definidora do nosso caminho. Deixemos então que seja a nossa humanidade a construir esse caminho. Com a nossa força, a nossa vontade, a nossa fraqueza e as nossas limitações. Com todo o nosso amor. “Somos menos do que pensamos e mais do que acreditamos.” As últimas semanas trouxeram algumas tensões, mas também decisões e respostas para questões que aguardavam uma definição ou um desfecho há já bastante tempo. Esta lunação não será menos dramática, não fosse ela constituída por dois eclipses. O primeiro eclipse é o solar, gerado pela a Lua Nova de terça-feira, dia 2 de Julho, às 20h16 em Lisboa, 16h16 em Brasília. Este é um eclipse total que será visível apenas na zona do Pacífico Sul e no Sul do Chile e da Argentina. Os eclipses solares acontecem sempre que, durante uma Lua Nova, a órbita lunar se alinha com a órbita da Terra e a posição do Sol, fazendo com que a trajectória da Lua passe precisamente entre o astro-rei e o nosso planeta e oculte assim a luz solar da observação terrestre. Na Lua Nova o Sol esconde a Lua com a sua luz, mas quando se dá um eclipse solar a Lua também esconde o Sol na sua sombra – e todas as sombras pertencem ao reino da Lua, do inconsciente, da intuição e das imagens internas e silenciosas. Os eclipses solares são momentos intensos e desestabilizadores porque interferem com a ordem natural das coisas – de repente o dia escurece como se fosse noite, a temperatura desce e os animais inquietam-se. É uma oportunidade para apagarmos por uns instantes a cabeça e a razão e para nos conectarmos com as nossas emoções, com o nosso lado mais animal e instintivo, aquela parte de nós que sente, que intui e que adivinha. Eclipses anunciam fins e princípios e pressagiam mudanças grandes e definitivas. Algumas aguardadas, outras complemente inesperadas, algumas mais felizes, outras mais tristes, mas todas com uma grande carga emocional implícita. Lua e Sol escondem-se de nós aos 10° de Caranguejo, território da Lua e o signo da maternidade, do cuidado e da nutrição, do passado e da família, que protege e alimenta o que é vulnerável e delicado. Os eclipses acontecem sempre perto do eixo nodal e este eclipse em particular está próximo do Nodo Norte, que aponta para o futuro, o que está para vir. O nosso foco vira-se para as emoções e os afectos, para a forma como nos alimentamos (física e emocionalmente), para a família e para o lar. Talvez algum destes temas esteja a precisar de um olhar mais atento ou de uma introspecção sincera e isenta de julgamento, ou talvez até a atravessar uma mudança que ainda não temos a capacidade de entender. Seja celebrando e agradecendo, seja fazendo uma despedida ou um luto, é fundamental honrarmos essa parte mais delicada e sensível da nossa existência. E isso fazemos aceitando as emoções presentes, sem preferir e sem recusar nenhuma delas. Todas são importantes e todas nos merecem atenção porque cada uma nos fala de alguma necessidade preenchida ou por preencher dentro de nós. Do lado oposto está Saturno em Capricórnio, em conjunção perfeita ao Nodo Sul, as experiências já vividas e conhecidas. Existem obrigações e expectativas sociais que nos pesam e nos limitam, deveres que nos impomos a nós mesmos para corresponder a uma ideia de maturidade e a um nível de exigência que não nos pertence, mas que, por alguma razão, internalizámos. Agora é o momento de deixar ir as estruturas que nos afastam dos afectos, da nossa casa interna e da nossa sensibilidade. O sucesso material, a carreira e as conquistas sociais podem ser importantes, mas não são o que nos ampara nas fases mais delicadas e mais difíceis das nossas vidas. Pode ser interessante pensarmos – ou melhor ainda, sentirmos – como nos podemos cuidar nos momentos de maior vulnerabilidade e fraqueza, quem escolhemos ter ao nosso lado quando estamos no chão e quais as memórias que nos vão confortar enquanto nos sentirmos em baixo e sem forças. Além da conjunção de Saturno ao Nodo Sul, o aspecto mais apertado deste eclipse é o sextil que o mesmo planeta faz a Neptuno em Peixes. O concretizador Saturno, que já está favorecido no signo de Capricórnio, recebe apoio do planeta da compaixão e da transcendência. Também podemos encontrar a nossa estrutura na certeza de que existe um fio invisível que nos a liga a todos e a tudo e esse fio é tão mais forte quanto a capacidade de cada um de ir fundo na sua própria sensibilidade. Nestas primeiras semanas, até à Lua Cheia, cuidemos de nós, dos nossos afectos e das nossas vulnerabilidades. Podes aproveitar para perguntar: Como é que estou a cuidar das minhas emoções, da minha casa interna? Como cuido da minha família e daqueles de quem gosto? Como cuido de mim e como me alimento? Esta é uma boa altura para desligar do que está fora e escutarmo-nos por dentro. Mais do que declarar intenções e tentar ter algum tipo de controle sobre o que nos acontece, desta vez podemos pôr-nos a jeito para aceitar a fragilidade, a imprevisibilidade e as incertezas da vida. |
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