As últimas semanas trouxeram algumas tensões, mas também decisões e respostas para questões que aguardavam uma definição ou um desfecho há já bastante tempo. Esta lunação não será menos dramática, não fosse ela constituída por dois eclipses. O primeiro eclipse é o solar, gerado pela a Lua Nova de terça-feira, dia 2 de Julho, às 20h16 em Lisboa, 16h16 em Brasília. Este é um eclipse total que será visível apenas na zona do Pacífico Sul e no Sul do Chile e da Argentina. Os eclipses solares acontecem sempre que, durante uma Lua Nova, a órbita lunar se alinha com a órbita da Terra e a posição do Sol, fazendo com que a trajectória da Lua passe precisamente entre o astro-rei e o nosso planeta e oculte assim a luz solar da observação terrestre. Na Lua Nova o Sol esconde a Lua com a sua luz, mas quando se dá um eclipse solar a Lua também esconde o Sol na sua sombra – e todas as sombras pertencem ao reino da Lua, do inconsciente, da intuição e das imagens internas e silenciosas. Os eclipses solares são momentos intensos e desestabilizadores porque interferem com a ordem natural das coisas – de repente o dia escurece como se fosse noite, a temperatura desce e os animais inquietam-se. É uma oportunidade para apagarmos por uns instantes a cabeça e a razão e para nos conectarmos com as nossas emoções, com o nosso lado mais animal e instintivo, aquela parte de nós que sente, que intui e que adivinha. Eclipses anunciam fins e princípios e pressagiam mudanças grandes e definitivas. Algumas aguardadas, outras complemente inesperadas, algumas mais felizes, outras mais tristes, mas todas com uma grande carga emocional implícita. Lua e Sol escondem-se de nós aos 10° de Caranguejo, território da Lua e o signo da maternidade, do cuidado e da nutrição, do passado e da família, que protege e alimenta o que é vulnerável e delicado. Os eclipses acontecem sempre perto do eixo nodal e este eclipse em particular está próximo do Nodo Norte, que aponta para o futuro, o que está para vir. O nosso foco vira-se para as emoções e os afectos, para a forma como nos alimentamos (física e emocionalmente), para a família e para o lar. Talvez algum destes temas esteja a precisar de um olhar mais atento ou de uma introspecção sincera e isenta de julgamento, ou talvez até a atravessar uma mudança que ainda não temos a capacidade de entender. Seja celebrando e agradecendo, seja fazendo uma despedida ou um luto, é fundamental honrarmos essa parte mais delicada e sensível da nossa existência. E isso fazemos aceitando as emoções presentes, sem preferir e sem recusar nenhuma delas. Todas são importantes e todas nos merecem atenção porque cada uma nos fala de alguma necessidade preenchida ou por preencher dentro de nós. Do lado oposto está Saturno em Capricórnio, em conjunção perfeita ao Nodo Sul, as experiências já vividas e conhecidas. Existem obrigações e expectativas sociais que nos pesam e nos limitam, deveres que nos impomos a nós mesmos para corresponder a uma ideia de maturidade e a um nível de exigência que não nos pertence, mas que, por alguma razão, internalizámos. Agora é o momento de deixar ir as estruturas que nos afastam dos afectos, da nossa casa interna e da nossa sensibilidade. O sucesso material, a carreira e as conquistas sociais podem ser importantes, mas não são o que nos ampara nas fases mais delicadas e mais difíceis das nossas vidas. Pode ser interessante pensarmos – ou melhor ainda, sentirmos – como nos podemos cuidar nos momentos de maior vulnerabilidade e fraqueza, quem escolhemos ter ao nosso lado quando estamos no chão e quais as memórias que nos vão confortar enquanto nos sentirmos em baixo e sem forças. Além da conjunção de Saturno ao Nodo Sul, o aspecto mais apertado deste eclipse é o sextil que o mesmo planeta faz a Neptuno em Peixes. O concretizador Saturno, que já está favorecido no signo de Capricórnio, recebe apoio do planeta da compaixão e da transcendência. Também podemos encontrar a nossa estrutura na certeza de que existe um fio invisível que nos a liga a todos e a tudo e esse fio é tão mais forte quanto a capacidade de cada um de ir fundo na sua própria sensibilidade. Nestas primeiras semanas, até à Lua Cheia, cuidemos de nós, dos nossos afectos e das nossas vulnerabilidades. Podes aproveitar para perguntar: Como é que estou a cuidar das minhas emoções, da minha casa interna? Como cuido da minha família e daqueles de quem gosto? Como cuido de mim e como me alimento? Esta é uma boa altura para desligar do que está fora e escutarmo-nos por dentro. Mais do que declarar intenções e tentar ter algum tipo de controle sobre o que nos acontece, desta vez podemos pôr-nos a jeito para aceitar a fragilidade, a imprevisibilidade e as incertezas da vida.
1 Comentário
Simone Reis
3/7/2019 22:01:02
Muito Grata pelas palavras sensíveis e de encantamento que tanto tocam ao coração. Abraço
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