Espero que tenhas aproveitado o último mês para ganhar fôlego, porque as próximas semanas adivinham-se intensas. Esta noite, às 3h47 do dia 13, em Lisboa, 23h47 do dia 12, hora de Brasília, a Lua faz conjunção ao Sol nos 20° de Caranguejo e, por ser esta uma Lua Nova perto do eixo dos nodos, seremos brindados com um eclipse solar. Este eclipse não é especialmente forte, mas assinala o início da passagem do eixo dos eclipses da oposição Leão/ Aquário para Caranguejo/ Capricórnio. De todas as formas, um eclipse acrescenta sempre uma dose de dramatismo ao momento e os seus efeitos alargam-se por cerca de seis meses. Caranguejo, o signo que recebe esta Lua Nova, é a casa da Lua, o ninho onde ela é rainha e senhora. Signo de água e cardinal, ele é o primeiro colo e o início da ligação emocional. A Lua encontra-se no seu próprio território, aqui ela é a mãe que alimenta e embala o bebé, mas é também o bebé que se esconde e procura conforto no peito da mãe. O Sol neste signo é a protecção que oferecemos a tudo o que é pequeno e indefeso para que cresça saudável e forte, mas também a imaturidade e a insegurança que nos deixam dependentes dos outros. Do outro lado do zodíaco, em Capricórnio, e exactamente oposto aos luminares, está Plutão, o senhor do submundo, e ele traz consigo temas que preferiríamos manter ocultos. Com esta oposição, a sensibilidade do eclipse é intensificada para além dos limites. Situações de prepotência e abuso de poder ou questões de carência e de dependência podem surgir. Somos obrigados a olhar precisamente para o que não queremos ver, para aqueles cantos escondidos onde vamos escondendo o nosso lixo pessoal na esperança de que, se não lhe tocarmos, ele se evapore e desapareça. De uma forma construtiva, podemos utilizar esta energia para olharmos para nós mesmos e tentarmos perceber como é que nos negligenciamos. Como é que perdemos o domínio da nossa vontade? Como é que abdicamos do nosso poder pessoal e o entregamos ao outro em troca apenas de um pouco de alimento para as nossas inseguranças de estimação? Como é que manipulamos os outros para não nos vermos confrontados com as nossas próprias fraquezas e inseguranças? Todos temos obsessões, dependências ou segredos que sabemos que são auto-destrutivos, mas que vamos mantendo por uma questão de hábito e de acomodação. Todas as raivinhas, frustrações e medinhos, que carregamos no bolso há algum tempo como se fossem pedras da praia, precisam de ser queimados para que não sejam eles a consumirem-nos por dentro. Agora é o momento para purgar hábitos, parcerias ou afectos que sabemos já há muito tempo que nos são tóxicos e prejudiciais, antes que eles nos rebentem na cara. Todos os demónios procuram companhia e onde houver alimento para um, há alimento para os outros… Lua e Sol afastam-se de dois trígonos, um com Neptuno em Peixes e outro com Júpiter em Escorpião, o primeiro o planeta da transcendência e do sacrifício e o outro o da fé e do optimismo. Trazemos a memória de dias mais inocentes e mais leves e isso dá-nos confiança e acalenta-nos a esperança de que tudo passa e que a limpeza que temos a fazer nos vai deixar mais abertos e mais preparados para a vida que temos pela frente. Da Terra vem a estabilidade que vai sustentar a profunda regeneração que precisa de ser feita. Vénus em Virgem, Saturno em Capricórnio e Urano em Touro, todos no início dos signos, formam um fortíssimo grande trígono de terra. As mudanças necessárias podem ser feitas sem dor e sem medo, podem ser vividas com o prazer das pequenas conquistas. Estas mudanças não têm de ser grandiosas nem dramáticas, na verdade bastam alguns pequenos ajustes e inovações numa ou noutra rotina e a disciplina para os manter. Mesmo que no início sintamos alguma resistência, depressa nos habituaremos à leveza e à clareza de espírito que vem de não mais carregarmos connosco a sujidade e o veneno que nos turvam a consciência. Esta lunação pode trazer-nos pessoas ou situações que nos põem frente a frente com as nossas questões de poder pessoal e de vulnerabilidade. Nem a prepotência, nem a manipulação e nem a vitimização nos fazem crescer. Que hábitos ou pessoas eu preciso de largar para seguir em frente? Que lutas quero abandonar para não me perder nelas? Que dependências e compulsões vou aniquilar antes que me consumam? Que cada um assuma o compromisso de cuidar apaixonadamente de si próprio, respeitando as suas necessidades, mas não alimentando as suas carências, nutrindo o conforto, mas sem a toxicidade. Com realismo, simplicidade, criatividade e com toda a ternura que cada um de nós merece.
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