![]() No mês que passou, uma dor antiga veio à superfície da nossa memória. Apesar de aparecer com outras vestes, em outros contextos, esta dor é a mesma de sempre. É a dor que habita no lugar mais fundo de nós mesmos, mas à qual não nos queremos habituar. No entanto, ela ressurgiu e fez questão de não passar despercebida. Viste essa dor? Olhaste essa dor de perto? Entendeste porque é que ela aí está? Ela não precisa de ir embora, afinal ela pertence-te, pertence-nos. E esta dor ensina-nos a aceitação. Mais conscientes das armadilhas que usamos para escapar de nós mesmos, chegamos à Lua Nova de Carneiro, prontos para os começos que se anunciam. Acontece às 2h58 de segunda-feira, 16 de Abril, em Lisboa, e às 22h58 de domingo, dia 15, no horário de Brasília, quando a Lua alcança o Sol nos 26° deste signo. Carneiro é o primeiro dos signos, o Fogo da vontade, e é ele que abre o caminho na roda do zodíaco, com a sua iniciativa, o seu impulso e o seu destemor. Bem perto desta Lua Nova está Urano, que nos mostra que o futuro está mesmo ali ao virar da esquina. Sentimo-nos vibrantes com o que aí vem e ansiosos por fazer alguma coisa diferente do habitual, algo que nos faça sair da rotina, algo que nunca experimentámos antes. As outras pessoas podem achar que perdemos o juízo, mas nós sabemos que o juízo está no lugar do costume e que a nossa sanidade não é medida pelo julgamento dos outros. Podemos surpreender-nos a nós próprios com a rapidez de uma decisão ou ficar espantados com uma situação tão inesperada quanto excitante que a vida nos oferece. O melhor mesmo é não pensar muito e seguir com a primeira intuição – afinal Mercúrio acabou de ficar directo, mas ainda está um pouco lento. Lua e Sol afastam-se ainda de uma quadratura a Plutão, já a perder a força, mas ainda assim a pesar nas costas dos luminares. Há uma pressão que acentua a urgência de avançar, de ir ao encontro do futuro que prometemos a nós próprios. Para além destas companhias fora do nosso alcance e do nosso entendimento, Lua e Sol só se têm um ao outro. Mas isso não importa, o que menos incomoda Carneiro é seguir em frente sozinho. Quem recebe esta Lua Nova é Marte, a acção determinada, que está em Capricórnio, onde se sente como em casa. De um lado ele recebe o suporte estruturado de Saturno e do outro Plutão oferece-lhe uma reserva quase inesgotável de energia para a concretização dos seus objectivos. Marte no signo da cabra harmoniza-se por trígono com Vénus, voluptuosa e abundante em Touro, o seu território nocturno, e por sextil com o etéreo Neptuno, em Peixes. O nosso esforço dinâmico e disciplinado alinha-se com as pessoas que estimamos e com aquilo que valorizamos, e sintoniza-se também com as nossas mais altas idealizações e com os nossos sonhos. A oposição de Vénus a Júpiter, que conta com a ajuda valiosa e intensificadora de Plutão, aumenta o potencial de crescimento desta lunação, mas também carrega consigo aquilo que é provavelmente a única armadilha deste mês. Por um lado opera o milagre da multiplicação dos nossos recursos e dos nossos afectos, por outro pode tender para um certo facilitismo e uma noção de errada de merecimento sem esforço. Dito isto, Vénus, Marte e Saturno encontram-se todos dignificados em signos de Terra e dão a esta lunação uma sensação de firmeza e de continuidade. O que for impulsionado agora tem chão fértil e estruturas sólidas para crescer, permanecer e capitalizar. O que é que precisas de iniciar este mês? Que parte da tua vida gostarias de potenciar? Que recursos teus queres fazer crescer? Esta Lua Nova vem com a combinação certa de impulso, foco no objectivo e sorte para transformarmos as nossas intenções numa realidade sustentada. Quer seja um projecto novo ou algo que já foi iniciado antes, aproveita a energia desta lunação para dar um novo alento à área tua vida onde se encontra o 26° de Carneiro. Ainda assim é bom lembrar que não vale tudo para conseguirmos o que desejamos. Apenas a combinação de trabalho, disciplina e audácia nos pode fazer chegar às estrelas. E, como diz uma querida aluna, “o resto são fósforos”.
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![]() Esta noite, de segunda para terça-feira, às 3h57 do dia 28 em Portugal e às 23h57 do dia 27 no Brasil, a Lua alcança o Sol aos 7°37’ de Carneiro e lança à Terra a semente para o próximo mês lunar. Carneiro é o primeiro signo do zodíaco e emerge do colectivo indistinto de Peixes, afirmando-se separado e auto-suficiente. Assim, esta Lua Nova é o início do início, o ponto zero de uma nova etapa, o momento ideal para plantar as nossas intenções, não apenas para as próximas quatro semanas, mas também para o ano astrológico que se inicia. Os dois luminares tocam em Vénus, que no signo de Carneiro se encontra desconfortável. Em Astrologia, Vénus simboliza o feminino e a beleza, aquilo que valorizamos e que nos agrada, a sensualidade, a harmonia e as nossas relações pessoais. Carneiro é a acção, o ímpeto e a masculinidade. Talvez não seja Vénus que está desconfortável neste signo, mas somos nós que sentimos desconforto e estranheza quando a princesa se expressa desta forma tão autónoma e aguerrida. Vénus está também retrógrada e, ainda escondida pelo brilho do Sol, prepara-se para reaparecer daqui a poucos dias no nosso horizonte como estrela da manhã. Em movimento retrógrado, ela propõe-nos uma revisão e uma introspecção sobre temas como relacionamentos, que valor damos às coisas, às pessoas ou a nós próprios e ainda sobre as nossas noções de feminino e do que é ser mulher. Esta Lua Nova traz-nos pois questões paradoxais, individualidade e relacionamento, inícios e reavaliações, impulsividade e ponderação. Podemos sentir vontade de estar com outras pessoas e, simultaneamente, de querer fazer coisas sozinhos ou, pelo menos, à nossa maneira. Ou talvez pretendamos iniciar algo novo, mas somos obrigados a olhar para o que ficou lá atrás. Por outro lado, podemos estar a alimentar a nossa autonomia e a nossa auto-confiança, mas não sabemos lidar com a vulnerabilidade e a insegurança que a relação desperta em nós. Também podem surgir questões relacionadas com a violência nos relacionamentos ou com a afirmação do feminino. Um pouco à frente das duas luzes, ainda em Carneiro, está Mercúrio que se torna acelerado e impaciente neste signo. Ao formar conjunção com Urano, ele activa a tensão entre este último, Júpiter em Balança e Plutão em Capricórnio. Com tanta precipitação e urgências para resolver, acontecem acidentes e discussões que nos deixam ainda mais confusos e irritados. Se soubermos ter jogo de cintura para encaixar as surpresas que nos surgem sem querer dominar a situação nem tentar justificar as nossas falhas com argumentos ocos, talvez consigamos ganhar alguma perspectiva e perceber que a imprevisibilidade faz parte da vida pois, na verdade, controlamos muito menos do que supomos. Marte, que recebe esta Lua Nova no seu domicílio diurno, está em Touro a ter uma conversa amena, mas muito focada, com Neptuno em Peixes. A verdadeira acção, aquela que nos leva realmente a avançar em direcção à nossa individualidade, é lenta, feita de passos seguros e pacientes, alinhados com a nossa intuição. Para construir o que vem a ser é necessário agora aceitar e dar sentido ao que é, sem fantasias nem ilusões, mas com os dois pés no chão e os olhos postos adiante. A ordem do dia é, sem dúvida, seguir em frente, mas o passo não pode ser dado à toa, não sem antes fazermos uma revisão do caminho percorrido. Precisamos tomar decisões, mas estas só serão proveitosas se estivermos conscientes do que realmente valorizamos e se levarmos em conta as pessoas de quem gostamos. Invocamos a coragem e a força para enfrentarmos os perigos, mas aquelas só nos servem se conhecermos as nossas fraquezas e os nossos medos. Caso contrário, o impulso de Carneiro torna-se vazio de sentido e esgota-se no mesmo momento em que surge, desperdiçando a sua energia sem foco nem significado. Quer seja um início novo e limpo, quer seja o recomeço de algo que ficou inacabado, esta Lua Nova encoraja-nos a entrar em acção e a pôr em andamento as nossas intenções mais puras e mais autênticas ![]() A entrada do Sol no signo de Carneiro, seguido por Mercúrio e Vénus, deixou para trás o ambiente difuso e imprevisível do excesso de modo mutável e da energia de Peixes e trouxe-nos mais foco e mais iniciativa. Carneiro é o primeiro signo do zodíaco e representa o vigor e o impulso necessários a qualquer começo. Também as luas novas nos falam de começos e por isso a Lua Nova de amanhã, quinta-feira dia 7, precisamente às 12:25, hora de Portugal, e às 8:25 no Brasil, naquele signo, é tão propícia a abrir novas portas e novos caminhos. O encontro da Rainha celeste com o seu Rei dá-se este mês num clima de Fogo, com realce para os signos Carneiro e de Sagitário, duas energias de muita acção e dinamismo. Tanto um como outro olham para a frente, Áries foca-se no futuro imediato e o centauro perspectiva um horizonte mais longínquo, mas ambos seguem em frente com entusiasmo e coragem. Muito perto da Lua Nova, numa conjunção apertada, está Urano, o planeta das mudanças rápidas e radicais, por isso é bem provável que apareçam oportunidades repentinas e inesperadas que nos propulsionam para sermos mais pioneiros e destemidos e que nos oferecem oportunidades para testarmos novas soluções e formas de agir diferentes do nosso habitual. O denso Plutão ameaça a renovação proposta nesta lunação, instigando o medo do desconhecido e o apego ao controlo e às antigas estruturas. Mas isto não é nada de novo, afinal nos últimos anos vivemos todos sob a quadratura de Urano a Plutão, que nos lançou um tsunami de transformações inexoráveis e nos deixou as vidas mais limpas e mais autênticas. A quadratura entre estes dois gigantes, apesar de estar já a desfazer-se, é activada mais uma vez por esta Lua Nova e podemos aproveitar esta oportunidade para perceber se quebrámos realmente com todas as cristalizações, prisões e medos que nos separam da nossa verdade ou se há ainda algo que precisamos de deixar para trás, algum padrão emocional que nos passou desapercebido e que volta a surgir com os acontecimentos imprevistos destes dias. Quem escolher seguir em frente, em direcção ao novo e quiser abrir mais espaço dentro de si para o entusiasmo e a audácia, tem esse movimento facilitado pelo mestre Saturno em Sagitário. Este planeta oferece estrutura e disciplina para tudo aquilo que temos estado a iniciar nos últimos meses, mas também para todos os inícios que quisermos convidar neste momento para as nossas vidas. O corajoso Marte, que recebe a união da casal real no seu signo, também se encontra em Sagitário e aproxima-se de Saturno. É importante tomar atenção à tendência para alguma intransigência ao nível dos nossos princípios morais ou standards de perfeição minar a confiança exigida neste passo. Isto porque o par Marte/ Saturno está em quadratura T à oposição de Júpiter em Virgem com Neptuno em Peixes. No entanto, Marte é acalentado pela simpatia de Vénus, que lhe pisca o olho desde em Carneiro. Fiquemos na nossa verdade, sim, mas sem sermos invasivos ou dogmáticos, apenas com humildade e amor. A minha verdade é apenas a minha verdade. O ambiente ígneo desta Lua Nova afasta-nos da confusão e desorientação do último mês e deixa-nos mais animados e mais decididos para seguirmos adiante, olhando para o futuro que queremos construir, com a consciência de que “o que foi não volta a ser”. Confiantes, cheios de coragem e centrados na nossa autenticidade, podemos começar a dar forma e sustentação aos inícios que já se começam a desenhar nas nossas vidas, por muito estranhos e inusitados que eles nos pareçam. ![]() Na noite de domingo para segunda-feira, de 27 para 28 de Setembro, a Senhora Lua e o Senhor Sol encontram-se frente a frente e reconhecem-se, mas desta vez a Terra intromete-se entre os dois, provocando o eclipse lunar e lançando uma sombra vermelha sobre a Mãe Lua. A Lua Cheia ocorre às 3h52 de 28 de Setembro em Lisboa e às 23h52 do dia 27 em Brasília a 4° de Carneiro e 5 minutos antes é precisamente o ponto alto do eclipse. A ocultação total terá a duração de cerca de uma hora e pouco e será visível tanto em Portugal como no Brasil. Assim, esta Lua Cheia é especial por ser um eclipse lunar, ou uma Lua de Sangue, e ainda porque nesta noite a Lua se encontra no perigeu da sua órbita, o ponto em que ela fica mais próxima do nosso planeta, tornando-a maior do que o habitual. Uma Lua Cheia traz à luz do dia intenções e desejos latentes, ela confronta-nos com as consequências dos nossos actos e aquilo que foi semeado está agora pronto a ser colhido. É também um relacionamento entre a Lua, que simboliza o inconsciente e o que foi, e o Sol, que simboliza a consciência e devir. Por isso um eclipse lunar é, essencialmente, uma oportunidade para cortar o cordão umbilical, largar emoções antigas e padrões desgastados que já não nos pertencem e seguir em frente, em direcção a uma nova forma de estar, de ser e de se relacionar, mais leve e mais adequada com a essência de cada um. A Lua encontra-se conjunta à Cauda do Dragão em Carneiro, o signo da individualidade e da iniciativa autónoma, e o Sol está conjunto à Cabeça do Dragão no signo oposto, Balança, dos relacionamentos e do equilíbrio. Aqui já encontramos o tema deste eclipse, eu e o outro, o eixo dos relacionamentos. O regente deste eclipse, o impulsivo Marte, encontra-se mesmo no início de Virgem e torna esta Lua guerreira e fortemente emocional mais atenta ao detalhe e mais crítica. Marte forma uma quadratura ainda bastante forte ao rígido Saturno e já começa a opor-se a Neptuno, que lhe dilui a iniciativa e dissipa a energia, acentuando a sua insatisfação e frustração. A Lua em Carneiro, rápida e instintiva, forma ainda um trígono a Saturno em Sagitário, que segura os seus repentes e até a apoia, desde que ela cumpra o compromisso com a sua verdade. Em oposição, o Sol em Balança e conjunto a Mercúrio retrógrado no mesmo signo leva-nos olhar para o outro e a rever princípios, atitudes e acções que dificultam as relações justas e harmoniosas, mas também abre espaço para mal-entendidos e palavras não ditas. O Sol, significador da nossa consciência, está também conjunto à Lua Negra, Lilith, a antítese da Lua, a força bruta dos vendavais e a fúria das tempestades. Assim, de um lado do eixo nodal, e como foco do eclipse, está a Lua em Carneiro que é desafiada a deixar para trás a sua necessidade infantil de afirmação e de independência. Do outro lado, o Sol em Balança acompanhado pela selvagem Lilith, que só permite uma consciência alinhada com a nossa verdadeira natureza, por muito insubordinada que ela pareça aos outros e por muito que ela ofenda as regras sociais. Aparentemente afastada de tudo isto, está Vénus, a princesa que recebe o Sol, Mercúrio, o Nodo Norte e a Feiticeira Negra, em Leão e em recepção mútua com o Rei, uma troca directa que favorece o brilho da nossa identidade dentro dos relacionamentos. Vénus ainda recebe as influências benéficas e libertadoras de Urano que acentuam a vivência da autonomia, da verdade e da diferença na relações com os outros, sejam elas uniões duradouras ou apenas encontros fugazes. Júpiter, expansivo e orientador, no signo da prática Virgem mantém a sua oposição a Neptuno, senhor da fantasia e do devaneio, no igualmente sonhador signo de Peixes e põe as nossas ilusões em confronto com valores mais pragmáticos e terrenos do dia-a-dia. Uma coisa é a utopia do relacionamento idealizado, outra bem diferente é o relacionamento possível, mas real e concreto. O trígono que Júpiter começa a formar com Plutão vai ajudar a reformular e a reciclar princípios éticos e morais de forma a abrir espaço para a tolerância e para a humildade, valores que nos tornam menos autocentrados e mais disponíveis para os outros Durante este eclipse vamos ver os nossos relacionamentos a serem esticados como um elástico e a servirem-nos de espelho para olharmos o nosso lado mais impulsivo, mais primitivo e mais cru, mas também o nosso lado mais honesto, mais genuíno e mais livre. Se conseguirmos perceber a diferença entre individualismo e autonomia, entre indiferença e liberdade e entre agressividade e honestidade, se estivermos preparados para nos mostrarmos nus e despidos de definições e de máscaras sociais, estaremos prontos para viver os nossos relacionamentos de uma forma mais justa, mais verdadeira e mais pura. Esta Lua Vermelha vai ser forte, intensa e disruptiva e até pode demorar algumas semanas ou meses a trazer resultados, mas vai servir como um catalisador para um grande salto em frente no nosso crescimento pessoal. |
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