Às vezes apercebo-me que a questão da espiritualidade é vista por algumas pessoas como uma espécie de escada, uns estão uns degraus abaixo, outros uns degraus acima, mas será mesmo assim? Será que existem “níveis” de espiritualidade? Assumindo que sim, quem será mais evoluído? O que vai para África em missão, ou o que ajuda uma família carenciada no seu bairro? O paramédico que todos os dias está pronto para salvar vidas, ou aquele que doa medula óssea, sangue, ou um rim? O que faz voluntariado com animais abandonados, ou o vegan? Existem causas mais evoluídas que outras? Obviamente, não existe apenas uma resposta certa. Todas estas pessoas estão de alguma forma a contribuir genuína e espontaneamente para um bem comum e para algo maior do que elas próprias. A nossa essência, a nossa expressão mais verdadeira, é representada no mapa astrológico pelo Sol. Assim como esta estrela é o centro do nosso sistema solar, também o Sol no nosso mapa natal é o centro da nossa personalidade. Ele é a força criativa de onde tudo emana, a luz que nos ilumina, o eixo da nossa consciência. O seu símbolo na Astrologia é um círculo com um ponto no centro, representando a unidade como o ponto de partida para o todo. O Sol simboliza também o espírito, a chama divina que cada um de nós traz dentro de si. A nossa missão é fazê-la brilhar o mais possível, permitindo que ela ilumine tudo e todos à sua volta. Acredito que a Humanidade, enquanto colectivo, tem um caminho de crescimento e evolução que, eventualmente, nos levará de regresso a casa. Esse caminho é feito de todos os pequenos passos que cada um de nós, individualmente, dá em direcção ao seu próprio Sol, à sua própria essência. É neste movimento para dentro que inevitavelmente nos viramos também para fora, para o todo, deixando o nosso espírito e nossa essência transparecer para o Mundo inteiro. Servindo algo maior do que nós, fazemos a integração do nosso propósito individual com o propósito de toda a Humanidade. Sempre que caminhamos, umas vezes o pé esquerdo está à frente, mas logo a seguir está o direito, pois os dois são necessários para avançar. Da mesma forma, todos somos necessários para fazer este caminho. Assim como o Sol tudo ilumina sem nada discriminar e sem nada julgar, talvez a verdadeira espiritualidade seja a plena consciência de tudo e de todos, os mais e os menos “espirituais”, que é, em última instância, a plena consciência de todas as partes de nós próprios.
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