Durante a última lunação, que iniciou com a Lua Nova de Carneiro os acontecimentos precipitaram-se, obrigando-nos a algumas reavaliações, mas tornando o nosso caminho mais claro e mais definido e apontando o curso do próximo ano astrológico. Agora, com o Sol já em Touro, o ritmo abranda e, durante as próximas semanas, teremos oportunidade de perceber qual a estabilidade do chão que entretanto pisamos e que recursos aí podemos encontrar. Mas talvez num lugar diferente daquele onde estamos a procurar… A próxima Lua Nova acontece já daqui a poucas horas, às 13h16 em Portugal e às 9h16 no Brasil, a 6° 27’ de Touro, signo de Terra e fixo. Sensorial e paciente, este signo busca a sustentabilidade e a segurança material, reconhecendo à sua volta e em si mesmo os recursos necessários para esse fim. Mas Lua e Sol estão isolados em Touro, sem contactos com outros planetas, deixando-nos com poucas pistas sobre como trazer sustentabilidade e uma noção de auto-valor para as nossas vidas, mas nem por isso menos obstinados. Vénus, que recebe esta lunação, está muito confortável no signo de Peixes, mas outras circunstâncias deixam-na fragilizada e instável. A deusa da harmonia encontra-se no último grau do signo, uma posição crítica, e afasta-se, apesar de ainda muito próxima, de uma conjunção com o mestre Quíron e da quadratura a Saturno, o planeta da seriedade e do realismo, em Sagitário. Vénus percorre ainda os graus da sua recente retrogradação. Temos presente a memória das dificuldades, do sofrimento e do constrangimento que encontrámos quando, em tempos, nos entregámos incondicionalmente a uma relação, a um sonho ou a uma missão para depois nos apercebermos que, pelo meio, nos perdemos de nós mesmos, perdemos o nosso contorno, os nossos limites. Mas agora isso é apenas uma lembrança e cabe-nos a nós escolher em que chão vamos dar os próximos passos, se no chão da memória, se no chão da realidade. No impulsivo signo de Carneiro está Mercúrio que, depois de uma curta passagem por Touro, faz marcha atrás para se reencontrar com o imprevisível Urano, os dois chegando a um entendimento com Saturno, também retrógrado. Alguns assuntos que surgiram há cerca de um mês voltam para ser reavaliados, para serem postos em perspectiva e para percebermos como é que os valores e princípios que trazemos do passado nos pode ajudar a construir o futuro. Conversas, ideias, intuições, tudo ficará mais nítido no início de Maio, quando Mercúrio, já em movimento directo, voltar a fazer aspectos aos outros dois planetas, e seremos capazes de entender melhor o sentido das pequenas ou grandes mudanças que aconteceram no mês passado. Sozinho em Gémeos e completamente por sua conta, sem fazer aspectos maiores a nenhum outro planeta, segue Marte. A capacidade de acção está dispersa e desligada do nosso propósito, mas o pensamento é rápido, a ofensa é fácil e a paciência para ouvir e entender é curta. Isto pode gerar discussões e desentendimentos que em nada nos ajudam a assentar e a encontrar a tão desejada estabilidade. O melhor mesmo é usarmos a determinação marciana para não cedermos a provocações, reconhecendo quando é que a palavra é eficaz e invocando o silêncio nas outras situações. Com esta Lua Nova o que há a fazer é parar, observar e sentir, afinal saber esperar é uma das características mais fortes de Touro. Entretanto podemos fazer algumas perguntas à Lua, com a consciência de que as respostas apenas virão daqui a cerca de duas semanas, quando ela estiver Cheia e iluminada pela sua oposição ao Sol. Quais são os meus contornos? O que é que é realmente meu e o que é que foi herdado, adoptado, apropriado, mas não me pertence? Que recordações, boas ou más, eu guardo do passado sobre o meu valor próprio? Que dons reconheço em mim no presente? O chão estável e fértil que procuramos não está debaixo dos nossos pés, mas dentro do nosso coração. Vamos parar um pouco para o conseguir sentir.
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