Lua Nova: 16° Leão 14’ Lisboa: 8.Ago.2021, 14h49 Brasília: 8.Ago.2021, 10h49 A lunação anterior trouxe-nos alguma dose de coragem para assumirmos a nossa verdade e a realidade das circunstâncias, com toda a vulnerabilização que isso implica. Espero que tenhas aproveitado para começar algo novo, talvez criativo e original, e que tenhas conseguido dar início às mudanças que já sabias necessárias em alguma área da tua vida. O tema das mudanças continua este mês, mas mudar por mudar não nos leva a lado nenhum. É crucial perguntarmo-nos qual o impacto das nossas escolhas pessoais, não apenas a nível individual, mas também que impacto têm a nível colectivo. A rebeldia pode ser tão cega quanto a obediência. Signo de Leão O palco da próxima Lua Nova é o signo a que o Sol chama casa, Leão. Este signo nunca passa despercebido, bem pelo contrário. Leão quer ser visto e admirado e o seu brilho pode até ofuscar quem está à sua volta. Ele conhece a importância da imagem, mas é essencial que esta esteja alinhada com a sua essência e que não seja apenas um artifício para disfarçar aquilo que não aceita na sua própria natureza. A sua determinação e a sua autoconfiança são do mesmo tamanho que a sua generosidade e a sua capacidade de aquecer os outros com o seu afecto é gigante. Mas nem tudo gira à sua volta e reconhecer isso pode ser o maior desafio para Leão. Apesar de o Sol ser essencial à nossa vida, ele é apenas mais uma estrela num universo de milhões delas. A nossa individualidade é indispensável à nossa existência, mas só existimos porque pertencemos a um sistema maior. Júpiter e Saturno em Aquário No zodíaco, o signo que se opõe a Leão é Aquário. Este signo simboliza tanto a noção de que nos inserimos e somos apoiados por uma comunidade, um sistema ou uma rede, como a discriminação e a rejeição dessa mesma comunidade que nos deixa isolados e à margem. Neste signo estão Saturno, o seu regente, e Júpiter, acabado de regressar depois de uma curta visita a Peixes. Os dois são planetas sociais e significadores das dinâmicas que nos organizam e nos orientam enquanto grupo. De um lado temos dois planetas pessoais, nada menos que as duas luzes, Sol e Lua, num signo de individualidade. Do outro estão dois planetas sociais num signo colectivo. O conflito é entre as nossas necessidades, a nossa autenticidade e a nossa verdade pessoal e um sistema que precisa de servir a todos e de respeitar e acomodar necessidades e vontades diversas. Pode ser interessante reflectir se com a minha vontade e o meu brilho pessoais estou a contribuir para uma sociedade que inclui a todos, onde há espaço para estrelas de todas as cores e de todas as intensidades. Ou se, pelo contrário, estou a abrir espaço a um mundo eugenizado à minha imagem, onde apenas alguns — os mais bonitos, os mais saudáveis, os mais inteligentes, os mais cis- heteronormativos, os mais ricos (escolher aquilo com que me identifico) — têm o direito de existir. Quadratura a Urano A trazer mais tensão a este confronto está o radical Urano. Em Touro, ele ocupa o lugar de fiel da balança: os planetas em Aquário fazem-lhe quadratura por signo e os luminares, em Leão, não apenas por signo, mas também por grau. Esta configuração é bastante tensa e dinâmica, mas acontece em signos fixos, que preferem teimosamente dar continuidade ao que já conhecem a ter que assumir mudanças. A pressão obriga ao movimento, mas é difícil largar hábitos e sair da zona de conforto, especialmente se essa zona de conforto for o caos. Lua e Sol ligados a Urano têm tendência a tornar-se agitadores inconformados, a gritar pela liberdade de desobedecer e de chocar, rebeldes sem causa a contestar toda e qualquer autoridade só porque sim. Saturno e Júpiter influenciados por Urano podem ficar mais intransigentes e resistentes às mudanças colectivas tão necessárias quanto inevitáveis. Síntese da Lua Nova Dependendo de como esta Lua Nova ressoa no nosso mapa natal, nas próximas semanas podemos ser confrontadas com expectativas ou limitações sociais que nos impedem de expressar a nossa identidade, a nossa criatividade ou a nossa vontade. De outra forma, podemos sentir que o egoísmo, a arrogância ou a vaidade de alguém nos deixa de fora e nos marginaliza porque somos dissonantes. Antes de deixarmos que o sentimento de insatisfação e uma rebeldia cega nos empurrem para mudanças de rumo repentinas ou reacções impensadas e inconsequentes, façamos um exame de consciência. A liberdade de escolha que eu quero para mim é acessível a todos? Qual o papel da minha individualidade num contexto colectivo? Como é que o meu brilho pode iluminar e incluir quem ficou do lado de fora? A que outras estrelas eu me posso juntar para aumentar a minha luz? Ao contrário do que se diz, a minha liberdade não acaba quando começa a liberdade do outro. Não é esse o significado de liberdade. Mas o meu privilégio, esse sim, devia acabar quando implica a negação da individualidade, da dignidade e do bem-estar do outro. Que a minha luz nunca ofusque a luz dos outros e que a minha revolta me leve sempre pelo caminho da justiça e da solidariedade.
8 Comentários
Tânia Martins
6/8/2021 08:54:04
Magnifico texto Bárbara.
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Bárbara Bonvalot
6/8/2021 13:45:13
Obrigada, Tânia :)
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Sílvia Rufino
6/8/2021 11:51:51
Adoro quando escreves estás reflexões sobre a "atualidade astrológica"! 👏🏼👏🏼
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Bárbara Bonvalot
6/8/2021 13:45:48
E eu adoro saber-te desse lado, Sílvia :)
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Christel
7/8/2021 00:00:55
As tuas analises ajudam me compreender melhor as minhas lutas diarias, inspiram me e dao me força de continuar! Obrigada, Barbara!
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Bárbara Bonvalot
9/8/2021 12:18:41
Obrigada, Christel.
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Catarina
8/8/2021 20:31:20
Adorei a reflexão, mas melhor ainda foi a semente que me deixou. Muito obrigada, Bárbara.
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Bárbara Bonvalot
9/8/2021 12:21:14
Obrigada, Catarina! Que essa semente cresça e dê muitos frutos :)
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