Depois da minha ausência na Lua Nova de Capricórnio, que teve lugar mesmo no fim do ano que terminou, volto com o artigo da Lua Nova em Aquário, a primeira de 2017. Esta acontece na noite de sexta-feira, dia 27, para sábado, dia 28, às 0h07 de sábado, em Portugal, e às 22h07 de sexta-feira, no Brasil. Os dois luminares encontram-se aos 8° de Aquário, o signo da amizade e dos grupos, mas também da independência e da diferenciação. Aquário é um signo de Ar, com uma grande capacidade de se distanciar emocionalmente das situações e de trazer um olhar imparcial e desprendido. Nesta Lua Nova, Sol e Lua não fazem aspectos maiores a nenhum outro planeta, o que acentua a natureza fria e desapegada característica deste signo. Podemos aproveitar a energia desta lunação para pôr em perspectiva a nossa vida, de uma forma geral, ou, preferencialmente, a área específica correspondente à casa do nosso mapa natal onde se encontra o oitavo grau de Aquário. Com a distância e o desprendimento que este signo nos oferece, conseguiremos ter uma noção mais clara do nosso papel e do nosso caminho, de como podemos manter a nossa individualidade e ainda assim permanecermos ligados aos outros. No entanto, neste movimento de distanciação corremos o risco de nos afastarmos demasiado e de nos isolarmos ao ponto de nos sentimos alienados ou discriminados, perdendo o contacto com a situação que estávamos a tentar avaliar em primeiro lugar. O aspecto mais forte desta Lua Nova é a quadratura que a amorosa Vénus em Peixes forma com o intransigente Saturno em Sagitário. Vénus no signo do amor incondicional vive as relações com entrega e uma enorme capacidade de aceitação. Saturno no signo do arqueiro obriga-nos a encarar as nossas crenças e as nossas convicções com pragmatismo e objectividade. Quando estes dois planetas formam uma quadratura a nossa abordagem a temas como relacionamentos, parcerias e até a nossa noção de auto-valor torna-se mais dura, mais rígida e pessimista. Este aspecto pode acentuar algumas expectativas idealizadas sobre a relação, sobre o outro e também sobre nós mesmos, fazendo-nos sentir mal-amados e até rejeitados. Mas também nos traz bastante realismo e põe limites nas nossas fantasias românticas. Assim, esta tensão vem pedir essencialmente que façamos um exame à forma com estamos ou não a respeitar a nossa verdade e os nossos princípios dentro da relação. Será que estamos a ser demasiado permissivos e, ao mergulharmos numa dependência do outro em nome da compaixão e do altruísmo, abandonamos o compromisso com os nossos próprios valores e com a nossa própria liberdade? Também a oposição de Júpiter em Balança a Urano em Carneiro, que marca o ano de 2017, é acentuada no início desta lunação pela quadratura-T que Mercúrio, aliado a Plutão, forma àqueles dois desde em Capricórnio. A palavra é poderosa e podemos ter tendência a querer guardar informação importante ou querer aceder a informação que não nos pertence, de forma a termos o domínio sobre determinada situação. Mas pode sair-nos o tiro pela culatra, pois vamos apenas acicatar a discussão já de si polarizada entre Júpiter e Urano — ou faço crescer o relacionamento ou expresso a minha individualidade — acabando por extremar mais ainda este conflito. Talvez a melhor forma de lidar com este aspecto seja assumir que uma conversa aberta e honesta, partindo de um princípio de isenção e neutralidade, pode ter um efeito transformador e curador para as duas partes envolvidas. Podemos usar o diálogo, e também o silêncio, não para manter uma posição de controlo, mas para restabelecer a confiança e o respeito num cenário fragmentado. Este mês há alguma tensão no ar e pode apetecer-nos apenas virar as costas e sair de cena, mas não será esta a atitude que nos faz crescer e verdadeiramente seguir em frente. Esta Lua Nova traz-nos o distanciamento e afastamento emocional necessários para que possamos olhar para nós mesmos e para o que nos rodeia com alguma dose de realismo e de perspectiva impessoal e desapaixonada, tirando os óculos cor-de-rosa e olhando para a vida com todos os seus tons, incluindo os mais escuros. À Lua Nova de Aquário podemos pedir que nos dê uma perspectiva aérea de uma determinada questão, ou até da nossa vida para que possamos alcançar um novo entendimento sobre nós próprios. Neste movimento poderemos também encontrar respostas diferentes e inovadoras que nos ajudem a viver a partilha com os outros, seja num relacionamento, nas amizades ou na comunidade, com mais liberdade, mais autonomia e mais individualidade. Primeiro precisamos ter a audácia de subir suficientemente alto e, de seguida, precisamos ter a humildade de voltar a descer à terra.
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