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Como Nasceu o Pôr-do-Sol

por Margarida Parreira Alves
Era uma vez uma sereia diferente de todas as outras sereias. Não morava no mar nem tinha a cauda coberta de escamas. Assemelhava-se mais a uma fénix emplumada de fulgurantes cores e vivia num arco-íris. Dedicava o seu tempo a cuidar de que as sete cores não esmorecessem e, para isso, demorava a sua bela e colorida cauda em cada uma delas, sacudia-a e tudo ficava mais brilhante após a sua passagem.

O arco-íris mergulhava uma das suas extremidades num prado verdejante, onde saltitavam regatos e mansas ovelhas pastavam ao som da flauta tocada por um jovem pastor. A extremidade oposta repousava num palácio, cujas portas e janelas se abriam de par em par às suas cores exuberantes.

No seu vai e vem incessante, a sereia gostava de descansar ora num extremo, ora no outro. Aprazia-se com o sossego bucólico do prado, lavava o olhar nas águas cristalinas dos regatos, encantava-se com os balidos das ovelhas, deixava-se enlevar com a melodia mágica da flauta pastoril. Por tanto se demorar em tão belo sítio, o pastor enamorou-se dela e, de todas as vezes que a via chegar, aproximava-se e embalava-lhe os sentidos com as mais belas sonoridades que inventava na sua flauta. E assim a sereia se foi deixando seduzir, de tal modo que quase se esquecia que tinha que voltar ao palácio e, no caminho, mais uma vez dar cor e matizes ao arco-íris.

Ao chegar ao outro lado, na mais bela sala do palácio, aguardava-a uma linda princesa que igualmente se deleitava na sua companhia. As duas tinham-se tornado grandes amigas e conversavam longamente. A sereia falava-lhe da sua paixão pelo pastor do outro lado do arco-íris com tanto entusiasmo que, um belo dia, a princesa pediu-lhe para a levar consigo até ao prado, ao que a sereia anuiu. Combinaram que, para não se perderem de vista, a sereia usaria uma fita vermelha nos cabelo e a princesa um cinto de ouro. Como seria imprevidente passarem pela porta do palácio, onde os guardas as veriam, saíram discretamente por uma janela.

Com a demora nestes preparativos, o arco-íris quase se desvanecia e apenas a sereia sabia o caminho certo. A princesa, apesar dos cuidados para não se perderem, mergulhou no turbilhão de cores extasiando-se com tal maravilha, saltitou de faixa em faixa, até perder de vista a sua amiga sereia. Ao sentir-se sozinha, já um tanto assustada, pediu à brisa que passava que a ajudasse a ir até ao final do seu caminho. A brisa, para melhor lhe valer, transformou-se em vento forte e rapidamente a deixou no prado, antes ainda da chegada sereia.

O pastor, perante uma visita tão inesperada e ofuscado com o brilho do cinto de ouro, logo presenteou a princesa com uma suave melodia que propositadamente improvisou. Tal como a sereia, também a princesa se sentiu seduzida pelo pastor e se deixou encantar pela suavidade envolvente.

A sereia ao chegar, vendo o seu amado a cortejar a princesa, sentiu naturalmente uma pontinha de ciúmes. A fita vermelha esvoaçava sob os últimos sopros do vento que tinha trazido a princesa, mas o pastor continuava embevecido com o cinto dourado…

Fazia-se tarde e a princesa tinha que regressar ao seu palácio antes que dessem pela sua falta. A sereia estava com pena de se separar da amiga, mas também queria as atenções do pastor. Este, por seu lado, sentia-se dividido entre as duas e não conseguia decidir a qual delas se dedicar.

Ao som manso dos balidos das ovelhas e do rumorejar dos regatos, os três conversaram longamente e por fim chegaram a um acordo: partiriam todos para o palácio, onde viveriam felizes para sempre.

Deixou de haver arco-íris, pois a sereia abandonara a sua tarefa de retocar as sete cores e estas foram esmorecendo pouco a pouco. Em compensação, o vermelho da fita e o dourado do cinto, entretanto colocados na janela, formaram um deslumbrante pôr-do-sol, que a partir dessa altura passou a dar um novo colorido a toda aquela região.
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