A Formiga Guerreira
por Helena Tempera
Era uma vez...
Uma formiga muito trabalhadora, aplicada no que fazia e sempre pronta a ajudar os outros. Mas, quanto mais trabalhava, mais exigiam dela. A recompensa e o reconhecimento eram “mais trabalho”. Estava a ficar cansada, mas não era capaz de dizer “não”. Já não se sentia feliz com o que fazia, a sua vida já não fazia sentido. Quis partir, mas ainda não se sentia preparada para enfrentar novos desafios. Para tentar sentir-se um pouco melhor, arranjou outras coisas para fazer que lhe dessem mais prazer e que gostasse mais. Quando começou a gostar do que fazia, o corpo traiu-a e ficou doente. E agora o que é que eu faço? Não sei fazer mais nada! Vou ficar em casa? Eu não quero! Eu tenho que estar com pessoas, sozinha NÃO! Chorou copiosamente, chorou até ficar exausta. Eu tenho que fazer alguma coisa, eu não posso parar! Eu quero saber quem sou, eu tenho de partir! Partir para onde? Vou deixar o meu amigo sozinho? Vou perguntar-lhe se quer ir comigo. Como ele não estava interessado, partiu sozinha. Partiu à descoberta, não sabia do quê, mas foi andando. Encontrou um feiticeiro que lhe disse “se me acompanhares eu posso fazer-te feliz, vou ajudar-te a descobrir quem tu és.” Que ilusão! Afinal não era o que a formiga esperava, mas compreendeu que não era aquilo que ela queria para a sua vida. Mais uma vez teve de partir, sem saber para onde. Quando passava por um caminho estreito e cheio de pedras encontrou um cavaleiro, que lhe propôs acompanhá-lo até ao seu castelo, para trabalharem juntos. Aí aprendeu algumas coisas necessárias para a sua vida e que ela andava à procura. Aprendeu a encontrar-se um pouco consigo própria. Mas... ainda não estava satisfeita. Queria saber o sentido da sua vida, como evoluir. E foi andando sem nunca perder a esperança de que havia de encontrar aquilo que ambicionava. Andou dia e noite, não sabe bem por onde. Vagueou por montes e vales, apreciou a natureza, os rios por onde passava e muitas vezes se sentou encostada às árvores ou junto aos rios para chorar e para se libertar da “carga” que levava. A determinada altura cruzou-se com um velho que lhe disse “Eu sei do que precisas, mas tens de fazer o que eu disser!”. A formiga, como já estava a ficar cansada de tanto procurar, aceitou pensando que era desta vez. Passado pouco tempo começou a perceber que tinha entrado dentro de um poço e que iria ter dificuldade em sair dele porque já estava muito confusa e, de noite, já lhe apareciam fantasmas. Queria mandá-los embora, já estava a ficar sem força e, cada vez mais, as dúvidas iam ficando. Queria fugir mas não sabia como, já não sabia o que queria, estava cada vez mais perdida. Numa noite, em que não conseguia dormir, apareceu-lhe um guerreiro que lhe disse “levanta-te e caminha, não fiques aí parada, a tua luta ainda não terminou. Não procures tanto pois o que pretendes vai aparecer. Deixa acontecer! Queres saber quem és? Procura dentro de ti!” De repente fez-se luz... Se eu quiser eu posso sair daqui! Vou ter que ter muita força mas... vou conseguir! Eu também sou uma guerreira! Mais uma vez foi andando, desta vez com mais calma e com a esperança de que algo de bom estava para vir. Encontrou amigos que a ajudaram a fazer o seu percurso e percebeu que NÃO ESTAVA SÓ! |