Logo à noite, às 22h42 de Lisboa e 18h42 de Brasília, a Lua faz-se Cheia no signo de Escorpião, aos 20°. Esta Lua Cheia é Mãe Kali, a que mata tudo o que está podre e fora de prazo e que nos impede de crescer. Ela separa o que está gangrenoso e apodrecido, para que a saúde e a vitalidade possam prosperar. Sim, parte de nós vai morrer, mas não há vida sem morte. A Lua Cheia é um momento de revelação, o auge de um ciclo. Há duas semanas, com a Lua Nova de Touro, estávamos a sentir o nosso chão, a definir o que é nosso. Agora é para deitar fora o que já não nos pertence, ou que nunca nos pertenceu, de forma a podermos cuidar melhor da nossa essência. Mas para que a morte e a consequente cura possam acontecer é necessário primeiro reconhecer os nossos podres, enfrentar os nossos medos e olhar as nossas sombras de frente. Que partes de ti pesam e bloqueiam o teu crescimento? Que medos ainda te prendem ao passado? Que sombras alimentas e qual a Luz que elas escondem? Se souberes em que casa do teu mapa natal esta Lua está, ou que planetas ela toca, poderás ajudar a Mãe Kali a focar ainda melhor a sua limpeza. Morte, desapego, sanação. Esta noite a Lua faz-se poderosa, poderosamente Cheia em Escorpião. De que lado está o teu poder, dentro ou fora de ti?
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Uma das técnicas biográficas mais usadas em Astrologia são as progressões secundárias. Este método faz corresponder simbolicamente cada dia de vida a um ano, partindo do princípio que nós vivemos pequenos ciclos dentro de ciclos maiores e que estes se assemelham aos primeiros em padrão, apesar de divergirem em escala. Explicado de outra forma, se dividirmos o todo em pequenas partes, cada uma delas espelha em si mesma o padrão do todo. Nas progressões secundárias é dada uma grande importância à Lua. Sendo o planeta mais rápido, a Lua marca o ritmo dos nossos dias e a fluência do nosso quotidiano. É a Lua que nos esvazia e que nos alimenta, é através dela que pertencemos, que sentimos, que ganhamos raízes e nos ligamos à Terra e ao colectivo. Assim, também nas progressões secundárias, a Lua marca o ritmo do nosso sentir, da nossa carência e da nossa atenção ao longo da vida, daquilo que precisamos alimentar e ajudar a crescer em determinada fase. Da mesma forma, o ciclo de lunação por progressão secundária reflecte os diferentes momentos de desenvolvimento pessoal e interno dentro de um período de cerca de 29 anos – os 29 dias do ciclo de lunação projectados em um ano por cada dia. Dependendo da relação entre Sol e Lua no mapa natal de cada pessoa, a primeira Lua Nova progredida poderá acontecer logo nos primeiros anos de vida ou até aos 29 anos de idade. Por exemplo, alguém que tenha nascido com o Sol e a Lua opostos viverá a primeira Lua Nova progredida entre os 14 e os 15 anos; outra pessoa que tenha nascido no quarto crescente terá o Sol e a Lua conjuntos por progressão apenas aos 21 anos. Enquanto os trânsitos nos falam de eventos externos ou, pelo menos, visíveis e fáceis de datar, as progressões acrescentam-lhes um pano de fundo emocional, um sentido de ritmo subtil, mas bastante relevante na significação pessoal de cada momento astrológico. Independentemente da idade em que qualquer das fases deste ciclo é vivida, cada uma delas assinala os mesmos movimentos do ciclo de lunação, do qual falo em outro artigo, mas numa escala maior e a um nível de psicológico, interno e subjectivo. Quando comecei a dar consultas, esta técnica parecia-me demasiado abstracta e vaga para que eu me sentisse segura na sua utilização. Com o tempo (e com o meu próprio mapa), fui percebendo as suas subtilezas e o seu rigor e, hoje em dia, a lunação progredida é essencial para eu enquadrar os trânsitos numa moldura maior de crescimento pessoal de cada cliente. Lua Nova Progredida Esta é uma fase de inícios, mas também de finalizações, pois para abrir espaço para algo novo é necessário primeiro limpar o passado. A Lua Nova é um ponto de vazio, de escuridão e traz consigo uma sensação de perda ou, no mínimo, alguma confusão. Podemos sentir-nos ainda apegados a alguma coisa que já não é real, que já desapareceu das nossas vidas, com receio de que nada possa alguma vez vir a preencher o vazio deixado por essa vivência, com a qual nos identificámos intensamente. No entanto, este é o momento dos começos, mesmo quando ainda não conseguimos ver o caminho a seguir e o futuro nos parece incerto e vago. É uma altura em que nos apercebemos que há ciclos que se fecham e em que nos começamos a preparar para enfrentar um novo rumo na nossa vida. Agora ainda não é a hora para fazer planos ou definir metas, mas o foco deve estar em reconhecer aquilo que finaliza. Depois sim, podemos inspirar fundo e continuar a marcha sem pontas soltas ou excesso de bagagem. Este é um ponto zero, onde temos oportunidade de fazer um reset à vida e de nos conectarmos com a nossa essência mais profunda, de maneira a recomeçar o caminho ainda mais próximos de nós mesmos. Quarto Crescente Progredido Por esta altura, já não há regresso possível à antiga zona de conforto e é a nossa própria vontade que nos guia. Nesta fase, o impulso é para fora. Já existe uma primeira materialização do rumo que estamos a seguir e as nossas novas escolhas já estão a ser vividas de forma visível e palpável. Mas também nos aparecem os primeiros desafios e a nossa autonomia e capacidade de levar em frente os nossos desejos e aspirações são testadas. Porque a nossa direcção começa a ficar mais definida e concreta, este é o momento de mostrarmos o quanto estamos comprometidos com o nosso próprio crescimento pessoal. À nossa volta encontramos competição e até hostilidade que nos obriga a fortalecer as nossas intenções e a ganhar consciência das nossas forças, do nosso valor e da firmeza do nosso propósito. Muitas vezes, encontramos espaço para ajustes, adaptações e aperfeiçoamentos que se revelam necessários para que o plano maior possa ser bem sucedido. O sentido geral desta fase é de urgência e inquietação, que podem ser vividas em tensão e crise ou com dinamismo e entusiasmo. Lua Cheia Progredida Tudo aquilo em que trabalhámos nos últimos catorze ou quinze anos manifesta-se agora em toda a sua plenitude. Podemos gostar daquilo que criámos e permitimo-nos usufruir do nosso momento na ribalta ou pode acontecer que a materialização dos nossos sonhos acaba por revelá-los um pesadelo e obrigar-nos a assumir, forçadamente, as consequências das nossas escolhas anteriores. Da mesma forma que a Lua Cheia é iluminada pelo Sol e se torna visível e aparente, também nesta fase ficamos mais expostos e mais vulneráveis. Seja êxito ou seja fracasso, o resultado do nosso esforço e das nossas decisões vai estar num pedestal, para todos verem. A Lua Cheia progredida é como o cume de uma montanha que demorámos catorze anos a subir e, como qualquer pico depois de alcançado, o caminho que se segue é descendente. Após atingirmos a completude da forma, temos a oportunidade de deixar para trás a materialidade e o sucesso mundano e de iniciarmos o nosso “regresso a casa” com uma atitude de desapego, mas também de partilha e de dádiva. Depois de colhermos os frutos, doces ou amargos, chega a hora de partilhar a aprendizagem vivida. Podemos tornar-nos professores ou mentores, escrever sobre a nossa experiência ou criar métodos e práticas que podem ajudar e orientar outras pessoas que queiram trilhar na mesma direcção. Quarto Minguante Progredido Como no primeiro quarto, esta quadratura da Lua ao Sol traz um momento de crise e de insatisfação. Agora são-nos pedidas provas de maturidade e a forma como lidamos com a desconstrução e desestruturação das realizações alcançadas no ciclo anterior é um bom indicador do quanto crescemos com essas aprendizagens. Olhamos uma última vez para trás antes continuarmos a descida de regresso à nossa profundidade e reavaliamos as vitórias conquistadas e as derrotas sofridas e escolhemos que lições queremos guardar connosco para o futuro. Ao nos afastarmos do ponto mais alto, o ritmo abranda, deixamos de estar tão visíveis e o foco vira-se para dentro, para nós mesmos. Este pode ser um processo natural e voluntário ou pode ser-nos imposto através de impedimentos reais e físicos que limitam a nossa acção externa. Forçados ou não, esta é a fase em que deixamos cair as máscaras e nos mostramos frágeis e despidos, com as nossas qualidades e defeitos. No fim deste período, chegamos então ao término deste ciclo, prontos para semear novos inícios, contidos nas sementes que nos foram dadas pelos frutos colhidos no ciclo anterior. A Lua Cheia de hoje, em Sagitário, às 22h16 em Lisboa e às 18h16 em Brasília, vem carregada de tensão. A corda já está demasiado esticada, o ambiente é de irritação e reactividade e as respostas aos conflitos podem ser desproporcionadas. Mas isto apenas acontece se não estivermos a usar a nossa assertividade e capacidade de afirmação para definir de forma clara e inequívoca as nossas necessidades e os nossos limites. Esta definição deve ser manifestada para fora, para os outros, mas, antes disso e para que isso aconteça, ela precisa de ser tornada lúcida para nós próprios. Diz-se que “a palavra é de prata e o silêncio é de ouro” e agora é especialmente importante termos em atenção aquilo que dizemos e não deixar que a precipitação nos faça falar coisas das quais nos podemos arrepender mais tarde. A comunicação é poderosa e deve ser usada para transmitirmos aos outros o que é realmente verdadeiro para nós, com a consciência de que cada um tem a sua própria verdade. No entanto, verdade, idealização e realidade nem sempre estão alinhadas e é importante revermos as nossas convicções, olhá-las sob outros pontos de vista e perceber que, provavelmente, somos mais do que apenas uma ideia, uma certeza, uma crença ou um ideal. Somos seres múltiplos, com diversas facetas que, muitas vezes, são incongruentes e antagónicas. O trabalho de cada um é aprender a integrar os opostos e as incompatibilidades que carrega dentro de si, de maneira a tornar mais construtiva e mais produtiva a sua vida e, por consequência, o mundo que todos habitamos. Os desafios chegam dos sítios mais inesperados e nos momentos menos oportunos. Nestas alturas a resposta é respirar fundo e contar até dez. Durante a contagem, podemos aproveitar para sentir o contacto dos nossos pés com o chão, o ar a entrar e a sair dos pulmões e a passar pelas narinas. Se conseguirmos, podemos ainda agradecer à vida por nos dar estes momentos de crescimento e de aprendizagem, "Obrigada por me segurares. Obrigada por me amares mais do que eu sei." Acontece daqui a pouco, às 12h de Lisboa e às 9h de Brasília, a Lua Cheia, que este mês vem acompanhada por um eclipse penumbral, nos 3° de Balança. Isto significa que, enquanto a Rainha se enche no signo da relação e o Sol brilha no signo da individualidade, Carneiro, a Terra vai projectar a sua sombra na superfície lunar, trazendo a oportunidade de espreitarmos o outro lado da Lua e de desvendarmos algumas respostas sobre os temas deste eixo zodiacal. Será que me vulnerabilizo o suficiente numa relação para conseguir estabelecer uma ligação de confiança e de partilha ou luto para afirmar as minhas ideias? Será que consigo manter a minha independência e as minhas opiniões num relacionamento sem me perder no outro ou estou mais disponível para ele do que para mim? Qualquer que seja o pólo desta equação onde me sinto mais confortável, o difícil é encontrar o equilíbrio entre relacionamento e individualidade. Para isso é essencial, por um lado, conhecer o meu centro, identificar a minha verdade e ter a coragem de arriscar ser eu mesma em frente ao outro. Por outro lado, é fundamental saber estar vazia, receptiva, ter a capacidade de me diluir no outro, sabendo que, na verdade, eu e o outro somos apenas reflexos distintos da mesma existência. Será que é possível ser inteira e completa e, simultaneamente, ter espaço dentro de mim para o outro? Na noite de domingo para segunda-feira, de 27 para 28 de Setembro, a Senhora Lua e o Senhor Sol encontram-se frente a frente e reconhecem-se, mas desta vez a Terra intromete-se entre os dois, provocando o eclipse lunar e lançando uma sombra vermelha sobre a Mãe Lua. A Lua Cheia ocorre às 3h52 de 28 de Setembro em Lisboa e às 23h52 do dia 27 em Brasília a 4° de Carneiro e 5 minutos antes é precisamente o ponto alto do eclipse. A ocultação total terá a duração de cerca de uma hora e pouco e será visível tanto em Portugal como no Brasil. Assim, esta Lua Cheia é especial por ser um eclipse lunar, ou uma Lua de Sangue, e ainda porque nesta noite a Lua se encontra no perigeu da sua órbita, o ponto em que ela fica mais próxima do nosso planeta, tornando-a maior do que o habitual. Uma Lua Cheia traz à luz do dia intenções e desejos latentes, ela confronta-nos com as consequências dos nossos actos e aquilo que foi semeado está agora pronto a ser colhido. É também um relacionamento entre a Lua, que simboliza o inconsciente e o que foi, e o Sol, que simboliza a consciência e devir. Por isso um eclipse lunar é, essencialmente, uma oportunidade para cortar o cordão umbilical, largar emoções antigas e padrões desgastados que já não nos pertencem e seguir em frente, em direcção a uma nova forma de estar, de ser e de se relacionar, mais leve e mais adequada com a essência de cada um. A Lua encontra-se conjunta à Cauda do Dragão em Carneiro, o signo da individualidade e da iniciativa autónoma, e o Sol está conjunto à Cabeça do Dragão no signo oposto, Balança, dos relacionamentos e do equilíbrio. Aqui já encontramos o tema deste eclipse, eu e o outro, o eixo dos relacionamentos. O regente deste eclipse, o impulsivo Marte, encontra-se mesmo no início de Virgem e torna esta Lua guerreira e fortemente emocional mais atenta ao detalhe e mais crítica. Marte forma uma quadratura ainda bastante forte ao rígido Saturno e já começa a opor-se a Neptuno, que lhe dilui a iniciativa e dissipa a energia, acentuando a sua insatisfação e frustração. A Lua em Carneiro, rápida e instintiva, forma ainda um trígono a Saturno em Sagitário, que segura os seus repentes e até a apoia, desde que ela cumpra o compromisso com a sua verdade. Em oposição, o Sol em Balança e conjunto a Mercúrio retrógrado no mesmo signo leva-nos olhar para o outro e a rever princípios, atitudes e acções que dificultam as relações justas e harmoniosas, mas também abre espaço para mal-entendidos e palavras não ditas. O Sol, significador da nossa consciência, está também conjunto à Lua Negra, Lilith, a antítese da Lua, a força bruta dos vendavais e a fúria das tempestades. Assim, de um lado do eixo nodal, e como foco do eclipse, está a Lua em Carneiro que é desafiada a deixar para trás a sua necessidade infantil de afirmação e de independência. Do outro lado, o Sol em Balança acompanhado pela selvagem Lilith, que só permite uma consciência alinhada com a nossa verdadeira natureza, por muito insubordinada que ela pareça aos outros e por muito que ela ofenda as regras sociais. Aparentemente afastada de tudo isto, está Vénus, a princesa que recebe o Sol, Mercúrio, o Nodo Norte e a Feiticeira Negra, em Leão e em recepção mútua com o Rei, uma troca directa que favorece o brilho da nossa identidade dentro dos relacionamentos. Vénus ainda recebe as influências benéficas e libertadoras de Urano que acentuam a vivência da autonomia, da verdade e da diferença na relações com os outros, sejam elas uniões duradouras ou apenas encontros fugazes. Júpiter, expansivo e orientador, no signo da prática Virgem mantém a sua oposição a Neptuno, senhor da fantasia e do devaneio, no igualmente sonhador signo de Peixes e põe as nossas ilusões em confronto com valores mais pragmáticos e terrenos do dia-a-dia. Uma coisa é a utopia do relacionamento idealizado, outra bem diferente é o relacionamento possível, mas real e concreto. O trígono que Júpiter começa a formar com Plutão vai ajudar a reformular e a reciclar princípios éticos e morais de forma a abrir espaço para a tolerância e para a humildade, valores que nos tornam menos autocentrados e mais disponíveis para os outros Durante este eclipse vamos ver os nossos relacionamentos a serem esticados como um elástico e a servirem-nos de espelho para olharmos o nosso lado mais impulsivo, mais primitivo e mais cru, mas também o nosso lado mais honesto, mais genuíno e mais livre. Se conseguirmos perceber a diferença entre individualismo e autonomia, entre indiferença e liberdade e entre agressividade e honestidade, se estivermos preparados para nos mostrarmos nus e despidos de definições e de máscaras sociais, estaremos prontos para viver os nossos relacionamentos de uma forma mais justa, mais verdadeira e mais pura. Esta Lua Vermelha vai ser forte, intensa e disruptiva e até pode demorar algumas semanas ou meses a trazer resultados, mas vai servir como um catalisador para um grande salto em frente no nosso crescimento pessoal. |
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