Bárbara Bonvalot - Astrologia
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O Cavaleiro das Trevas
​e as Trevas dos Transpessoais

PictureO Poço, O Cavaleiro das Trevas Renasce, 2012

O Medo e a Sombra

Com o Saturno em trânsito no céu a fazer conjunção ao Sol do meu mapa natal, estou a ser confrontada com alguns dos meus medos, que, num tema natal com muita energia de Escorpião e um Saturno angular, não são poucos nem pequenos. Estes medos nascem daquilo que escondo na minha Sombra e, com o Saturno em Gémeos, escrever artigos, expor-me verbalmente e mostrar aquilo que penso, é um deles. Por isso decidi escrever precisamente sobre esse tema, o Medo e a Sombra: o nosso Dark Side.

O termo “Sombra” é introduzido na psicologia por Carl Jung para designar tudo o que permanece escondido no nosso inconsciente, tudo o que o nosso superego entende como inaceitável e indesejável para a nossa sobrevivência. Nós nascemos com um impulso instintivo para a vida e assim, desde muito cedo, aprendemos que determinados comportamentos e atitudes afastam aqueles de quem estamos dependentes para nos alimentar e nos cuidar. Logo vamos percebendo o que precisamos esconder e negar em nós próprios para assegurarmos a nossa nutrição, a nossa permanência na vida, para mantermos perto as pessoas de quem precisamos. Toda a Sombra da nossa psique vem de um medo, o medo mais básico, mais instintivo e mais animal de todos os medos, o medo da morte.

Podemos associar Saturno ao superego, o polícia que guarda as fronteiras do ego e só permite deixar passar para o nosso lado visível aquilo que aprendemos a reconhecer como admissível, tolerável e aceitável. Saturno é a fronteira que separa o conhecido do desconhecido, é o medo de ir além dos limites, o medo de tudo o que foge do nosso controlo. Ele permite por um lado a gestão civilizada do nosso lado animal e impulsivo, mas também pode manter bloqueados dentro dos seus anéis limitadores aspectos profundamente criativos e libertadores de nós mesmos, como se fossem velhos prisioneiros esquecidos nas profundezas da nossa memória. Mas Saturno também vacila na sua vigília pois, mesmo que muito severa, ela nunca será constante e é nesses momentos de desatenção que a nossa Sombra escapa ao seu apertado escrutínio e se manifesta, seja através de mecanismos de projecção, reflectindo-se exteriormente em pessoas ou situações, seja em comportamentos espontâneos e imponderados, dos quais às vezes nos arrependemos mais tarde.

O reino do inconsciente, das pulsões, dos instintos e da destruição, o Id, pertence a Plutão. Este planeta denso e pesado rege tudo o que está escondido, ele é o senhor do submundo, e rege também tudo o que não conseguimos aceitar, tudo o que preferíamos que ficasse enterrado e longe da vista para podermos dizer que o mundo é perfeito. Plutão representa o lixo psíquico, seja a nível colectivo, temas como a sexualidade, a morte e até o dinheiro ainda são vistos como incómodos, inconvenientes e ameaçadores para a sociedade em geral; seja a nível pessoal, cada um de nós tem os seus próprios assuntos tabu, sobre os quais não se pode sequer permitir pensar, quanto mais admiti-los como legítimos. Mas a função de Plutão ultrapassa a nossa capacidade de julgamento e esta energia tem também o papel absolutamente crucial de matar tudo o que já não tem préstimo nem utilidade e de preparar o terreno para que novas vidas, mais frescas e mais brilhantes, possam continuar a elevar-nos a níveis cada vez mais subtis da existência.

PictureScarecrow, Batman – O Início, 2005
Os Vilões

Encontrar estes temas no Cinema não é difícil, eles estão presentes em todos vilões de todos os filmes: o tirano Darth Vader, da série “Guerra das Estrelas”, ou o abominável Sauron, da trilogia do “Senhor dos Anéis” são ilustres exemplos. Outros serão talvez menos épicos, mas não menos memoráveis, como o doentio Max Cady, Robert De Niro, em “O Cabo do Medo”, a insaciável Catherine Tramell, Sharon Stone, em “Instinto Fatal”, ou ainda o inumano Anton Chigurh, interpretado por Javier Bardem em “Este País Não É Para Velhos”.

Uma trilogia que ilustra bem esta temática – não apenas nos vilões, mas em todo o contexto da história – é a dos três filmes do Batman, de Christopher Nolan, “Batman – O Início” (2005), “O Cavaleiro Das Trevas” (2008) e “O Cavaleiro Das Trevas Renasce” (2012). Medo e Sombra, Saturno e Plutão são uma constante nestes filmes – estão presentes na personagem de Bruce Wayne / Batman, no medo omnipresente, na forma que Bruce dá a esse medo, o morcego, e nas suas motivações e atitudes – é pelo medo que Batman vai limpar Gotham City da corrupção e da criminalidade. No entanto, os vilões são, quanto a mim, o melhor dos três filmes.

Scarecrow – Neptuno

No primeiro filme desta série, “Batman – O Início”, o herói enfrenta Dr. Jonathan Crane, ou Scarecrow, um vilão com características neptunianas. Dr. Crane é médico psiquiatra e gere um asilo para doentes mentais. Enquanto figura ele não é de todo intimidante, pequeno, com óculos e de ar passivo e tranquilo, ele não inspira qualquer terror, mas quando se esconde por trás da sua máscara de serapilheira e larga um gás tóxico, que induz as pessoas que o inalam a ter delírios e alucinações, elas vêem os seus maiores medos e fobias ganharem vida. A cena em que Dr. Crane responde ao senhor do crime, Carmine Falcone, depois deste o ameaçar é talvez a mais representativa da sua dinâmica:

“Dr. Jonathan Crane: Quer ver a minha máscara, eu uso-a nas minhas experiências. Provavelmente não é tão assustadora para alguém como você, mas estes doidos não a aguentam. (Põe a máscara.)

Carmine Falcone: Então quando é que o louco tomou conta do asilo?

(Scarecrow dispara o gás e Falcone começa a alucinar e a gritar de terror)

Scarecrow: Eles gritam e berram… Como está a fazer agora.”

Não há qualquer tipo de violência física, também não há um aviso ou um sinal que permita à vítima perceber o perigo e adoptar uma atitude defensiva, além disso a ameaça é ilusória e a crueldade acontece a um nível puramente psicológico. Como Neptuno, quando deixado na escuridão do nosso inconsciente, mas a conspirar fugas para sair para a luz do dia de forma subtil e silenciosa.

PictureJoker, O Cavaleiro das Trevas, 2008
Joker – Urano

Em “O Cavaleiro das Trevas” o vilão de serviço é Joker, o mais maníaco e alucinado dos vilões, com uma associação clara ao planeta da desordem e do caos, Urano. Dos três arqui-inimigos de Batman, este é aquele que me parece o mais bem conseguido a nível de interpretação, Heath Ledger leva esta personagem a um nível surpreendente. O Joker não tem um plano, não tem objectivos nem valores, ele é a desestabilização, a anarquia e o caos. Este bandido tem a cara deformada, como se fosse um mutante com uma máscara permanente e um sorriso de escárnio como cartão de visita. Não existe um passado ou uma razão para a sua loucura – ao longo do filme ele vai contando diferentes histórias sem que possamos entender verdadeiramente o seu passado.

Ele não serve ninguém, ao contrário de Dr. Crane, que está ao serviço de Ra’s al Ghul, e tudo nesta personagem é desconexo, inesperado, chocante e radical. Ele apenas pretende lançar Gotham City no tumulto e na revolta e para isso usa preferencialmente explosões e truques de ilusionismo, a surpresa e o choque. O Joker resume a sua essência numa frase: “Eu tenho a cara de um tipo com um plano? Sabes o que sou? Eu sou um cão a perseguir carros. Eu não saberia o que fazer se os alcançasse! Eu apenas… faço coisas.” O desafio que o Joker oferece a Batman é ir para além das regras, das estruturas e dos códigos, sem perder a sua consciência. É entrar no território de Urano, mas sem se dissociar de si mesmo.

“Batman: Eu tenho uma regra.

Joker: Então essa é a regra que vais ter de quebrar para conhecer a verdade.”

PictureBane, O Cavaleiro das Trevas Renasce, 2012
Bane – Plutão

No final desta trilogia, last but not least, o vilão mais resiliente e mais forte de todos eles, Bane. Dono de um grande auto-domínio, a sua missão é aniquilar Gotham City, eliminando assim toda a podridão, toda a corrupção e todo o crime que vivem nela. Bane é robusto e resistente e aparenta ser algo primitivo e grosseiro, mas a sua força física vem de uma equivalente força psicológica e intelectual, que o faz ser capaz de controlar a dor ao ponto de se tornar quase invencível.

A densidade desta personagem é equivalente à de Plutão, soberano do submundo e, como esta energia, Bane também vem de um mundo inferior, uma prisão conhecida como Poço, onde estão os prisioneiros que o mundo superior e civilizado quer esquecer e de onde muitos tentaram escapar, mas apenas um conseguiu. A memória dessa prisão é uma constante para Bane, tanto a nível mental, “… Eu nasci nelas (nas Trevas)… Fui moldado por elas. Só vi a Luz depois de me tornar adulto. E tudo o que ela me causou foi cegueira!”; como físico, ele tem tantas dores das lesões que sofreu na prisão que precisa de respirar através de uma máscara com um gás analgésico e que lhe dá um aspecto inumano. A sua arma é uma bomba de neutrões e o detonador está nas mãos de um qualquer cidadão anónimo, ou seja, o poder de decidir sobre a aniquilação da cidade está oculto. A natureza plutónica de Bane fica bem definida neste diálogo:

“Daggett: O que é que você é?

Bane: Eu sou o julgamento final de Gotham. Vim acabar com o tempo emprestado de que têm andado a viver.

Daggett: Você é o mal puro!

Bane: Eu sou o mal necessário!”

Bane é o único que consegue quebrar Batman, depois de uma luta corpo a corpo em que Batman quase morre, o cruel bandido envia-o para o Poço, a mesma prisão de onde ele vem, quebrando-lhe o corpo e o espírito. Mas a determinação de Batman fá-lo voltar a erguer-se e ele renasce para salvar Gotham City.

Os Transpessoais No Mapa Natal

Este é o lado mais sombrio e escuro das três energias transpessoais, Urano, Neptuno e Plutão. Claro que estes planetas têm também uma face luminosa e, mais importante do que isso, têm um propósito. Mas, por serem forças que nos ultrapassam, que estão para lá do nosso alcance e com as quais ainda temos muita dificuldade em lidar – estes planetas não são visíveis a olho a nu – muita da matéria da nossa Sombra tem origem nestes três princípios. No mapa natal podemos perceber como e onde se manifesta a sua actividade através dos aspectos que fazem aos planetas pessoais ou ângulos e das casas onde se encontram. É necessário reconhecê-los e olhá-los de frente para sermos capazes de minimizar os seus danos e maximizar todo seu potencial de inovação, de aceitação e de transformação.


Publicado no Jornal da ASPAS, edição Julho a Setembro 2013

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