Todos os meses acontece uma Lua Nova, o momento em que a Lua, no seu ritmo de cerca de quatro semanas à volta do zodíaco, se cruza com o Sol e marca o ciclo deste na sua viagem pelos signos. Durante os doze meses de cada ano, a Lua encontra-se com o Sol doze, às vezes treze vezes, cada uma dessas vezes num signo diferente, seguindo a ordem zodiacal. Ao longo de um ano, as sucessivas Luas Novas vão também percorrendo as casas do nosso mapa natal, marcando assim um ritmo pessoal para cada um de nós. A Lua Nova representa um início de ciclo, o momento em que a terra recebe a semente, o ponto de fecundação, quando nasce a ideia, e é um ponto pleno de potencial. Assim, a casa do mapa natal onde ocorre o início da lunação indica-nos para que área da nossa vida será mais favorável expressarmos as nossas intenções, aproveitando a interacção do ciclo de lunação com o nosso próprio tema astrológico. As horas seguintes ao momento exacto da Lua Nova é quando o seu efeito está mais forte e, se esta tocar em algum planeta ou ângulo natal, a sua energia será ainda maior e mais impactante. É necessário ter sempre em conta os aspectos que esse ponto natal faz a outros pontos do mapa e, no caso dos planetas, as casas e correspondentes áreas de vida que eles regem. De seguida faço uma breve descrição de como podemos aproveitar a energia da Lua Nova em cada uma das casas do nosso mapa astrológico. Lua Nova na casa 1 Quem está à espera de um momento de coragem para iniciar alguma coisa que o vai deixar mais visível ou exposto, este é momento. A Lua Nova nesta casa, ainda mais se estiver perto do Ascendente, dá-nos uma oportunidade para fazer mudanças de atitude e até de visual, desde que seja no sentido de uma expressão mais sincera e mais autêntica daquilo que somos e daquilo que sentimos. Lua Nova na casa 2 Podemos aproveitar esta lunação para lidar com assuntos que envolvam a forma como ganhamos ou gastamos dinheiro. Por exemplo, investimentos ou alguma compra extraordinária poderão ser favorecidos nesta altura. Tudo o que tenha como objetivo o aumento da auto-estima e a nossa auto-valorização também sairá beneficiado se iniciado com esta Lua Nova. Lua Nova na casa 3 Esta é uma boa ocasião para iniciar a aprendizagem de algo novo, começar uma pesquisa, fazer exames, ou estabelecer novos contactos. Qualquer actividade mental ou que implique comunicação e trocas estará optimizada nesta altura e a atenção poderá estar em vários assuntos em simultâneo, desde que se mantenha o foco. Se tem diversas pequenas tarefas para resolver, agora será mais fácil começá-las. Lua Nova na casa 4 Os temas desta lunação têm a ver com a casa, a família e as raízes. Assim esta fase poderá ser vantajosa para começar obras em casa ou até fazer uma pequena renovação na decoração. Mas importante mesmo será reatar laços familiares ou simplesmente passar mais tempo com a família, pois isso irá trazer-nos bem mais do que apenas boas memórias. Saber que pertencemos a algum lugar e a alguém irá devolver-nos também uma sensação de segurança e de conforto emocional. Lua Nova na casa 5 A expressão criativa, o prazer e a brincadeira estarão favorecidos nesta lunação, que é um bom auspício para iniciar um hobby, subir a um palco ou começar um namoro. Também será beneficiada qualquer actividade com crianças que tenha início agora. Este é o momento para nos divertirmos e para despertarmos o nosso lado mais espontâneo e alegre, pois esse brilho irá iluminar o nosso caminho mais à frente. Lua Nova na casa 6 Se o que precisamos é de uma mudança de rotinas, de dieta ou simplesmente um modo de vida mais saudável, esta é a lunação para isso. Nesta fase podemos implementar novos hábitos, organizar o nosso quotidiano e o nosso ritmo de trabalho ou até experimentar novas técnicas e métodos, pois tudo o que for iniciado agora a esse respeito terá tendência a crescer. No entanto, é importante ser realista e pragmático para que aquilo que está agora a ser iniciado seja sustentável a longo prazo. Lua Nova na casa 7 Novas parcerias e novos relacionamentos terão um desenvolvimento positivo se iniciados neste momento, mas mesmo uma relação já existente poderá passar a um nível maior de compromisso. A lunação nesta casa é propícia a estabelecer acordos e contratos, pois favorece todas as relações de um para um. Ainda que não exista relacionamento ou perspectiva dele, é uma oportunidade para entendermos a forma como vivemos as parcerias, o compromisso e o equilíbrio entre o eu e o outro. Lua Nova na casa 8 Com a lunação nesta casa, este é o momento certo para pedir um empréstimo ou saldar uma dívida, mas é necessário reconhecer a real necessidade de o fazer, de outro modo pode ser mais pesado do que vantajoso. Também podemos aproveitar para fazer um mergulho em nós mesmos e começar algum tipo de psicoterapia, que traga os nossos medos e a nossa sombra à superfície para que possamos lidar com eles. Aprofundar relacionamentos e estabelecer relações de intensa confiança irá mostrar-se benéfico a longo prazo. Lua Nova na casa 9 Grandes viagens, estudos superiores, filosofia e religião são alguns dos temas que poderão expandir se forem iniciados com esta Lua Nova. Se procuramos novos horizontes, esta lunação inspira à aventura e dá-nos asas para explorar para lá das fronteiras que conhecemos. Podemos finalmente, planear aquela viagem de sonho, iniciar um percurso académico ou mudar de curso superior para um que seja mais de acordo com a nossa aspiração. Estaremos também mais abertos a ampliar a nossa perspectiva sobre a vida, incorporando uma nova crença ou filosofia. Lua Nova na casa 10 Agora é o momento para apostar na carreira e definir objectivos a longo prazo. Estaremos mais dispostos a assumir responsabilidades e a ocupar funções de maior visibilidade. Por outro lado, poderá ser uma fase de mudança de rumo profissional que podemos aproveitar para nos aproximarmos mais do nosso propósito de vida. O importante é alinhar a acção com a ambição, pois tudo o que agora for projectado nesse sentido irá crescer forte e robusto. Lua Nova na casa 11 Nesta fase será enriquecedor cultivar novas amizades, aumentar a nossa rede de contactos e travar conhecimento com pessoas diferentes daquelas com quem estamos habitualmente. Actividades que impliquem algum tipo de compromisso social, como voluntariado ou participação num grupo ou associação, onde possamos projectar o nosso ideal de sociedade, irão desenvolver-se de forma produtiva se foram iniciadas nesta fase. Lua Nova na casa 12 De vez em quando é necessário recarregar as baterias e fazer algum tipo de retiro ou simplesmente uma pequena fuga da correria do quotidiano e este é momento certo. Pode ser simplesmente um período de descanso, mas podemos fazer dele também uma fase de reflexão interior e de comunhão com o divino. A intuição estará em alta e os sonhos podem trazer-nos importantes mensagens do nosso inconsciente. A paz e a tranquilidade que conseguirmos alcançar nesta lunação ficará connosco durante muito tempo. Publicado no Jornal da ASPAS, edição Abril a Junho 2016
4 Comentários
Uma das técnicas biográficas mais usadas em Astrologia são as progressões secundárias. Este método faz corresponder simbolicamente cada dia de vida a um ano, partindo do princípio que nós vivemos pequenos ciclos dentro de ciclos maiores e que estes se assemelham aos primeiros em padrão, apesar de divergirem em escala. Explicado de outra forma, se dividirmos o todo em pequenas partes, cada uma delas espelha em si mesma o padrão do todo. Nas progressões secundárias é dada uma grande importância à Lua. Sendo o planeta mais rápido, a Lua marca o ritmo dos nossos dias e a fluência do nosso quotidiano. É a Lua que nos esvazia e que nos alimenta, é através dela que pertencemos, que sentimos, que ganhamos raízes e nos ligamos à Terra e ao colectivo. Assim, também nas progressões secundárias, a Lua marca o ritmo do nosso sentir, da nossa carência e da nossa atenção ao longo da vida, daquilo que precisamos alimentar e ajudar a crescer em determinada fase. Da mesma forma, o ciclo de lunação por progressão secundária reflecte os diferentes momentos de desenvolvimento pessoal e interno dentro de um período de cerca de 29 anos – os 29 dias do ciclo de lunação projectados em um ano por cada dia. Dependendo da relação entre Sol e Lua no mapa natal de cada pessoa, a primeira Lua Nova progredida poderá acontecer logo nos primeiros anos de vida ou até aos 29 anos de idade. Por exemplo, alguém que tenha nascido com o Sol e a Lua opostos viverá a primeira Lua Nova progredida entre os 14 e os 15 anos; outra pessoa que tenha nascido no quarto crescente terá o Sol e a Lua conjuntos por progressão apenas aos 21 anos. Enquanto os trânsitos nos falam de eventos externos ou, pelo menos, visíveis e fáceis de datar, as progressões acrescentam-lhes um pano de fundo emocional, um sentido de ritmo subtil, mas bastante relevante na significação pessoal de cada momento astrológico. Independentemente da idade em que qualquer das fases deste ciclo é vivida, cada uma delas assinala os mesmos movimentos do ciclo de lunação, do qual falo em outro artigo, mas numa escala maior e a um nível de psicológico, interno e subjectivo. Quando comecei a dar consultas, esta técnica parecia-me demasiado abstracta e vaga para que eu me sentisse segura na sua utilização. Com o tempo (e com o meu próprio mapa), fui percebendo as suas subtilezas e o seu rigor e, hoje em dia, a lunação progredida é essencial para eu enquadrar os trânsitos numa moldura maior de crescimento pessoal de cada cliente. Lua Nova Progredida Esta é uma fase de inícios, mas também de finalizações, pois para abrir espaço para algo novo é necessário primeiro limpar o passado. A Lua Nova é um ponto de vazio, de escuridão e traz consigo uma sensação de perda ou, no mínimo, alguma confusão. Podemos sentir-nos ainda apegados a alguma coisa que já não é real, que já desapareceu das nossas vidas, com receio de que nada possa alguma vez vir a preencher o vazio deixado por essa vivência, com a qual nos identificámos intensamente. No entanto, este é o momento dos começos, mesmo quando ainda não conseguimos ver o caminho a seguir e o futuro nos parece incerto e vago. É uma altura em que nos apercebemos que há ciclos que se fecham e em que nos começamos a preparar para enfrentar um novo rumo na nossa vida. Agora ainda não é a hora para fazer planos ou definir metas, mas o foco deve estar em reconhecer aquilo que finaliza. Depois sim, podemos inspirar fundo e continuar a marcha sem pontas soltas ou excesso de bagagem. Este é um ponto zero, onde temos oportunidade de fazer um reset à vida e de nos conectarmos com a nossa essência mais profunda, de maneira a recomeçar o caminho ainda mais próximos de nós mesmos. Quarto Crescente Progredido Por esta altura, já não há regresso possível à antiga zona de conforto e é a nossa própria vontade que nos guia. Nesta fase, o impulso é para fora. Já existe uma primeira materialização do rumo que estamos a seguir e as nossas novas escolhas já estão a ser vividas de forma visível e palpável. Mas também nos aparecem os primeiros desafios e a nossa autonomia e capacidade de levar em frente os nossos desejos e aspirações são testadas. Porque a nossa direcção começa a ficar mais definida e concreta, este é o momento de mostrarmos o quanto estamos comprometidos com o nosso próprio crescimento pessoal. À nossa volta encontramos competição e até hostilidade que nos obriga a fortalecer as nossas intenções e a ganhar consciência das nossas forças, do nosso valor e da firmeza do nosso propósito. Muitas vezes, encontramos espaço para ajustes, adaptações e aperfeiçoamentos que se revelam necessários para que o plano maior possa ser bem sucedido. O sentido geral desta fase é de urgência e inquietação, que podem ser vividas em tensão e crise ou com dinamismo e entusiasmo. Lua Cheia Progredida Tudo aquilo em que trabalhámos nos últimos catorze ou quinze anos manifesta-se agora em toda a sua plenitude. Podemos gostar daquilo que criámos e permitimo-nos usufruir do nosso momento na ribalta ou pode acontecer que a materialização dos nossos sonhos acaba por revelá-los um pesadelo e obrigar-nos a assumir, forçadamente, as consequências das nossas escolhas anteriores. Da mesma forma que a Lua Cheia é iluminada pelo Sol e se torna visível e aparente, também nesta fase ficamos mais expostos e mais vulneráveis. Seja êxito ou seja fracasso, o resultado do nosso esforço e das nossas decisões vai estar num pedestal, para todos verem. A Lua Cheia progredida é como o cume de uma montanha que demorámos catorze anos a subir e, como qualquer pico depois de alcançado, o caminho que se segue é descendente. Após atingirmos a completude da forma, temos a oportunidade de deixar para trás a materialidade e o sucesso mundano e de iniciarmos o nosso “regresso a casa” com uma atitude de desapego, mas também de partilha e de dádiva. Depois de colhermos os frutos, doces ou amargos, chega a hora de partilhar a aprendizagem vivida. Podemos tornar-nos professores ou mentores, escrever sobre a nossa experiência ou criar métodos e práticas que podem ajudar e orientar outras pessoas que queiram trilhar na mesma direcção. Quarto Minguante Progredido Como no primeiro quarto, esta quadratura da Lua ao Sol traz um momento de crise e de insatisfação. Agora são-nos pedidas provas de maturidade e a forma como lidamos com a desconstrução e desestruturação das realizações alcançadas no ciclo anterior é um bom indicador do quanto crescemos com essas aprendizagens. Olhamos uma última vez para trás antes continuarmos a descida de regresso à nossa profundidade e reavaliamos as vitórias conquistadas e as derrotas sofridas e escolhemos que lições queremos guardar connosco para o futuro. Ao nos afastarmos do ponto mais alto, o ritmo abranda, deixamos de estar tão visíveis e o foco vira-se para dentro, para nós mesmos. Este pode ser um processo natural e voluntário ou pode ser-nos imposto através de impedimentos reais e físicos que limitam a nossa acção externa. Forçados ou não, esta é a fase em que deixamos cair as máscaras e nos mostramos frágeis e despidos, com as nossas qualidades e defeitos. No fim deste período, chegamos então ao término deste ciclo, prontos para semear novos inícios, contidos nas sementes que nos foram dadas pelos frutos colhidos no ciclo anterior. Logo a seguir ao ciclo diário, o ciclo mensal da Lua é o mais fácil e imediatamente observável nos céus. Todos os meses podemos assistir às mudanças da Lua: como ela fica invisível e vai crescendo até, passadas duas semanas, se tornar redonda e cheia, partilhando connosco a luz que recebe do Sol, para depois voltar a diminuir até se tornar novamente oculta sob os raios solares. Desde a força das marés ao ciclo menstrual das mulheres, a Lua rege os fluídos da Terra e marca o ritmo de vários processos orgânicos. O ciclo lunar é a interacção entre a Lua e o Sol do ponto de vista da Terra, é chamado mês sinódico e dura cerca de 29 dias. Estes dois astros, não sendo os únicos na análise de um mapa natal, são os mais importantes. Eles definem a nossa essência, aquilo que é mais intrínseco ao nosso ser. A Lua é o nosso instinto e o nosso passado, é a matéria que toma forma, o inconsciente que se vem conhecer. Ela é a Grande Mãe, o colo primordial e a rainha da noite, ela exerce a sua força sobre o que é oculto e mutável. O Sol é o nosso potencial de realização, o devir, o espírito que anima a matéria, o consciente que se conhece a si mesmo. O astro-rei é o Herói mitológico, o centro do Self, a objectividade e a constância, ele rege a nossa vontade e a nossa força vital. Em Astrologia, os dois são chamados de luminares, pois ambos iluminam a Terra: o Sol durante o dia, quando os seus raios incidem sobre a nossa metade do planeta; e a Lua quando, pela noite, reflecte a luz que recebe do Sol. Esta dança entre os dois luminares é dividida em quatro grandes fases: a Lua Nova, o Quarto Crescente, a Lua Cheia e o Quarto Minguante. O princípio implícito a cada uma destas fases é análogo a todos os outros ciclos: a Lua Nova corresponde à meia-noite no ciclo diário, ao solstício de Inverno, a noite mais longa do ano, e ao momento zero de todos os acontecimentos; o Quarto Crescente seria o nascer do dia, o equinócio da Primavera e todas as etapas de crescimento e desenvolvimento; a Lua Cheia é o meio-dia, o solstício de Verão, o auge anual da luz, e o momento de culminação e de força de cada processo; segue-se o Quarto Minguante, o pôr-do-sol, o equinócio do Outono e o período de assimilação e entendimento da experiência. Dane Rudhyar identifica a primeira metade deste ciclo, desde a Lua Nova até à Lua Cheia, como um período de actividade instintiva. O propósito deste hemiciclo é o fortalecimento e definição da forma. Na segunda metade, da Lua Cheia à Lua Nova, depois de alcançado o auge do crescimento, quando já somos aquilo que podemos conhecer, o trabalho é ao nível da consciência, do sentido e do significado do acontecimento. Esta estrutura simbólica aplica-se a todos os ciclos e à nossa própria experiência enquanto seres humanos, tanto no plano individual como no plano colectivo. De uma forma mais prática, podemos usar as fases lunares na análise de um mapa natal – a relação Lua/ Sol no momento do nascimento dá muita informação sobre a personalidade –, como técnica biográfica nas progressões secundárias, ou simplesmente no dia-a-dia, com intenção para estimular uma fase específica de algum processo a decorrer nas nossas vidas. É sempre importante analisar as casas do mapa natal onde se encontram a Lua e o Sol e levar em conta os planetas natais que são tocados pelos dois astros para entender quais os temas da nossa vida que estão a ser influenciados pela lunação, seja esta por trânsito ou por progressão secundária. A Lua Nova Este é o momento da conjunção, quando a posição dos dois astros relativamente à Terra é coincidente. A Lua fica acima do horizonte durante o dia, mas oculta sob os raios do Sol. Esta fase é de inconsciência e subjectividade, o ponto de fecundação e tem implícita a natureza da semente que vai crescer durante as semanas seguintes. É aqui que começa o processo e tudo é pleno potencial. As pessoas nascidas nesta fase são mais criativas, muito intuitivas e auto-suficientes. Elas têm um mundo interior muito rico e encontram as suas referências dentro si próprios. Esta Lua protege os inícios e todos os processos que pedem intuição, criatividade ou secretismo e é uma boa altura para implementar mudanças. Podemos semear intenções que se irão realizar na Lua Cheia seguinte. O Quarto Crescente Nesta fase, a Lua fica visível a Ocidente no início da noite, ela faz quadratura ao Sol e está à frente dele no zodíaco. É uma etapa de crescimento, na qual o impulso é feito para fora, em direcção ao que é exterior a nós, mas este movimento também gera alguma instabilidade e crise. Quem nasceu nesta fase procura definir-se em relação ao que está fora de si, são pessoas dinâmicas e insatisfeitas, que vivem o esforço permanente de se libertarem do passado. Agora é o momento para intensificar tudo o que queremos que cresça e que aumente. É também uma boa altura para tornar visível um projecto ou uma criação, ou ainda para termos uma conversa aberta e honesta com alguém, pois tudo o que estava escondido vai começar a vir à superfície. A Lua Cheia Quando a Lua se opõe ao Sol e este a ilumina com os seus raios, ela começa o seu espectáculo a nascente, logo após o pôr-do-sol, e segue aclarando toda a noite com a sua luz difusa e indefinida. Esta é a fase de realização do potencial implícito na Lua Nova, o ponto de maior visibilidade e o início do segundo hemiciclo, da consciência e do significado. Quando os dois luminares fazem oposição no mapa natal, a pessoa tem mais tendência para se relacionar, para procurar o outro e as experiências fora de si como motores de auto-conhecimento, mas também pode ser um pouco dependente ou indecisa. Nesta fase iremos colher os frutos daquilo que plantámos na Lua Nova. Este momento favorece a visibilidade e a popularidade e é uma boa altura para festas, inaugurações ou qualquer outro evento pontual mas que se quer memorável. Os instintos também estão mais à flor da pele e tudo o que for feito agora terá mais força e impacto. O Quarto Minguante A Lua faz novamente quadratura ao Sol, mas agora ela encontra-se atrás deste na ordem do zodíaco. Ela nasce à meia-noite e por isso é visível no céu nocturno apenas durante a madrugada. Este é um período de enfraquecimento e finalização, mas também de revisão e desconstrução de estruturas, crenças e ideologias. As pessoas com os luminares em quadratura minguante no seu mapa vivem o processo de voltar a si mesma através do desapego daquilo que lhes é supérfluo e exterior a si próprias. Estão favorecidas todas as acções que têm como intenção fechar ciclos, limpar algo que ficou por resolver. Podemos também aproveitar esta fase para actividades que exijam introspecção, pesquisa e sigilo ou para o planeamento do ciclo seguinte. Publicado no Jornal da ASPAS com o título "Ciclo de Lunação - O reflexo de todos os ciclos", edição Outubro a Dezembro 2015 Em Astrologia, cada signo é definido pelo seu elemento e pelo seu modo. Os elementos são a primeira materialização da energia – já escrevi sobre eles neste post – e os três modos definem os diferentes ritmos de expressão de cada elemento. Quatro elementos expressos de três formas dão origem aos doze signos. Os signos cardinais abrem as estações do ano e são signos de arranque, de impulso e de iniciativa, eles soltam a energia do elemento a que estão associados. As pessoas com muita energia cardinal no seu mapa astrológico são activas, dinâmicas e cheias de iniciativa. Carneiro, signo de Fogo, dá início à acção, ele é rápido e determinado, impulsivo e impaciente. Com Caranguejo, signo de Água, iniciam-se os sentimentos, os afectos e as primeiras ligações emocionais, nomeadamente à família. No signo aéreo de Balança encontramos o começo da relação, aqui abre-se espaço para o outro e, apesar de indeciso, pode ser bastante confrontativo, se sentir que a justiça não foi respeitada. O último signo cardinal, Capricórnio, representa os inícios sólidos do elemento Terra, com planeamento e gestão calculada dos riscos, mas sem hesitar e sem perder de vista o objectivo final. Os signos do meio das estações são os signos fixos e o seu papel é preservar e dar continuidade à energia do elemento. Quem tem uma ênfase deste modo no seu tema natal é persistente, constante e dá o seu melhor em projectos de longa duração. O primeiro signo fixo, Touro, um signo de Terra, é calmo e previsível, ele segura a matéria e faz-nos parar para desfrutarmos o mundo dos sentidos. Leão é o Fogo fixo, uma lareira que arde e que nos aquece o coração, mas sem pressa, ele fixa e traz estabilidade à nossa expressão, à nossa identidade e ao nosso entusiasmo. A seguir vêm as águas paradas de Escorpião, um signo capaz de ir a grandes profundidades emocionais sem perder o fôlego e com uma tenacidade invejável em situações de crise. Com Aquário temos o Ar fixo, que pretende espalhar os conceitos humanistas e as ideologias progressistas com a perseverança e a certeza de que os seus ideais são inabaláveis e indestrutíveis. Por fim, temos o signos mutáveis, que representam o fim da estação. Ainda pertencem a uma estação, mas já estão virados para a seguinte e o seu propósito é multiplicar e distribuir a energia do seu elemento. Uma carta astrológica com muito peso em signos mutáveis representa alguém com uma grande capacidade de adaptação, capaz de lidar com o imprevisto e com o imponderável. Gémeos, Ar mutável, admite vários pontos de vista para qualquer assunto, todos válidos. Virgem é a Terra versátil, que divide e separa as coisas do mundo concreto para analisar melhor a matéria. O Fogo mutável de Sagitário espalha por todos o seu optimismo, o seu entusiasmo e a sua verdade. Em Peixes, é a água que é multiplicada, desaguando num oceano de sentimentos infinitos, onde podemos encontrar cada uma das almas que existem neste e nos outros mundos. Por isso, às vezes encontramos pessoas tão frontais e decididas que não precisam de pedir licença para avançar e seguem sempre em frente. Outras que, pelo contrário, tardam a iniciar alguma coisa, mas quando estão numa situação sabemos que é para o que der e vier. E ainda há aquelas que parecem ser tão flexíveis que rapidamente se adaptam a qualquer nova circunstância. Cada um de nós tem o seu próprio ritmo e cada ritmo tem o seu propósito na ordem maior de todas as coisas. Antes de me interessar por Astrologia entendia que somos todos diferentes, cada um com a sua motivação e a sua expressão próprias, mas, só depois de começar a aprender Astrologia, percebi o quão diferentes nós somos. Uma das primeiras coisas que aprendi em Astrologia são os quatro elementos e é também a base da análise de qualquer mapa, pois eles são o pano de fundo da interpretação astrológica. Os elementos, como manifestação primeira da energia na matéria, estão presentes em diferentes filosofias e antigos sistemas de crenças. Na Grécia clássica, a teoria dos elementos era transversal a várias disciplinas, como a Filosofia, a Medicina e, claro, a Astrologia. Os quatro elementos são o Fogo, o Ar, a Água e a Terra. Os dois primeiros são elementos masculinos, que funcionam de forma extrovertida, de dentro para fora, e os dois últimos são elementos femininos, introvertidos e receptivos. Os signos de Fogo são Carneiro, Leão e Sagitário. Na natureza, o fogo tem uma direcção ascendente e não pede licença para avançar, ele é enérgico e dominante e assim são as pessoas com este elemento muito presente em si, directas, frontais e com facilidade em assumir a liderança e em dar a cara. Intuitivos e instintivos, estes indivíduos não param a pensar no que virá, nem a olhar para o que ficou atrás. O Ar traduz o nosso lado racional e social. Os signos pertencentes a este elemento são Gémeos, Balança e Aquário e todos eles simbolizam, cada um de sua forma, as conexões mentais e sociais que estabelecemos com o que nos rodeia. O Ar relativiza, põe em relação e aquilo que sei, o que eu conheço, pode ser apenas um ponto de vista, existindo sempre outras perspectivas para qualquer questão. Alguém com o Ar dominante o seu tema natal vai funcionar de uma forma essencialmente mental, lógica e analítica. Caranguejo, Escorpião e Peixes incluem-se no elemento Água, que está ligado ao sentimento e à emoção. Quando é este elemento que está em primazia no nosso mapa, a subjectividade, a imaginação e a criatividade estão favorecidas. Por causa da sua grande sensibilidade, estas pessoas podem ser de uma grande empatia e compaixão. Aqui está o nosso colo primordial, o que nos nutre e o que nos une, o nosso inconsciente colectivo. Por último, temos o mais denso dos quatro elementos, a Terra, que se expressa através dos signos de Touro, Virgem e Capricórnio. Este tipo de personalidade é pragmático e realista, lida com a matéria e com os sentidos. São pessoas estáveis, confiáveis, conservadoras e sérias. É a Terra que nos sustenta, que nos dá chão e alimento, e as prioridades destes indivíduos são concretizar, construir e estruturar. Todos nós temos estes elementos presentes no nosso mapa natal, em proporções variadas. Pragmático ou sentimental, impulsivo ou racional, o Universo manifesta-se em cada um de nós através das infinitas possibilidades do caleidoscópio da vida. |
Apoiar o meu trabalho:
Categorias
Tudo
Arquivo
Fevereiro 2024
|