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As Cores da Depressão

PictureÀ Porta da Eternidade, Vincent Van Gogh (1890)

Em algum momento da vida todos nós experienciamos uma sensação de tristeza e desesperança. Às vezes, conseguimos reunir a força suficiente para seguir em frente, mas outras vezes a sensação de abandono é tão avassaladora que é mesmo impossível ver a luz ao fundo do túnel. A Psiquiatria reconhece a depressão como uma doença, caracterizada pela falta de motivação, perda de apetite, perturbação do sono e cansaço constante. No entanto, para estes sintomas serem reconhecidos como patologia, devem impedir o normal funcionamento do indivíduo.

Da minha experiência pessoal e dos casos que já conheci de perto, entendo a depressão como uma dificuldade em lidar com a frustração e com a perda, ou seja com o lado mais sofrido da realidade. Se observarmos o comportamento de uma pessoa que sofre de depressão, apercebemo-nos que o desequilíbrio entre o eixo Virgem/ Peixes, ou casa 6/ casa 12, está bem presente nesta questão. A falta de ânimo para lidar com as tarefas mais simples do dia-a-dia, a alteração no padrão do sono, a falta de apetite, a negligência com a própria aparência, a auto-indulgência e o abandono de si próprio, o isolamento e a evasão da realidade através de adições (medicamentos, drogas, álcool ou jogo), ilustram bem a fuga da vida quotidiana e funcional de Virgem para o universo imaterial e ilusório de Peixes.

Dos mapas que observei de pessoas que já passaram por problemas de depressão ou adição, a maioria deles tem a Lua em aspecto a Júpiter e/ou a Neptuno (regente e co-regente de Peixes). Este padrão sugere optimismo e confiança na vida, grande sensibilidade, facilidade em ver satisfeitas as suas necessidades e a fantasia de um colo incondicional, mas também auto-indulgência, fragilidade e vazio emocional e tendência para fugir da realidade. Este tipo de perfil vai ter mais dificuldade em lidar com contrariedades, com injustiças e com perdas e em aceitar o sofrimento como parte da sua existência. Esta tendência fica mais acentuada se houver energia de Sagitário ou Peixes no mapa e planetas na casa 12.

Às vezes a depressão não chega a ser vivida de uma forma disruptiva para o funcionamento “normal” da pessoa na sociedade, mas não deixa de causar dano ao próprio indivíduo e ao seu ambiente familiar. Uma personalidade mais derrotista, pessimista e amarga vive num estado de permanente depressão, sem encontrar alegria, prazer ou sentido na vida e acaba por arrastar para esta espiral de negatividade as pessoas que lhe são mais próximas.

Este segundo perfil tem características de Escorpião e Capricórnio. Os dois signos são bastante defensivos e escolhem o retraimento e isolamento quando se sentem atacados. Escorpião conhece o lado negro da vida e identifica-se com ele e a depressão pode ser uma forma de auto-destruição, o último recurso face à percepção de uma ameaça. Mas, simultaneamente, é também uma oportunidade de manipular os outros sem se expor a si próprio, as suas fraquezas, necessidades e anseios.

PictureCinzas, Edvard Munch (1894)
A depressão de Capricórnio sustenta a sua crença de que a vida é dura, esforçada e difícil e de que não vale a pena procurar satisfação nem significado, pois ele não acredita que estes sejam possíveis de alcançar. Mais uma vez, ao assumirem o fracasso como adquirido, estas pessoas não precisam de mostrar as suas limitações ou falhas, nem as suas ambições, tendo sempre garantido o sucesso da não-realização. A energia destes dois signos no mapa natal, ou aspectos do Ascendente ou dos luminares a Saturno e/ou Plutão, podem sublinhar a tendência para a depressão.

Naturalmente, estes dois padrões depressivos, o abandono de si mesmo e o negativismo, quase sempre se sobrepõem e criam uma grande diversidade na forma como a depressão se apresenta. O transtorno depressivo maior é sua forma mais grave, mas o estado depressivo pode tomar várias aparências como a distimia, uma depressão crónica e mais leve, a depressão pós-parto ou a depressão sazonal, causada pela falta de Sol no Inverno, mais grave nos países do Norte da Europa, entre outras.

Uma depressão pode ser catalisada pela perda de um emprego, uma doença grave ou pela perda de uma pessoa querida, outras vezes parece não haver uma aparente causa externa, mas uma depressão, que por alguma razão não foi vivida no momento mais evidente, pode ficar latente durante meses ou até anos e ser activada mais tarde por um impulso interno, imperceptível para quem está de fora. Astrologicamente, os gatilhos destas fases podem ser trânsitos de Saturno ou Plutão, ou progressões dos planetas pessoais a Saturno ou Plutão.

Saturno vai obrigar-nos a lidar com o lado mais duro da vida, com a separação, a solidão, os nossos limites, com responsabilidades que preferíamos não ter que assumir e também com austeridade e carência. Para uma Lua em aspecto a Júpiter, que está habituada a facilidade e abundância, pode ser uma fase especialmente difícil.

Os trânsitos de Plutão vão despir-nos de tudo o que é acessório, vão recordar-nos da precariedade da nossa existência. Põem-nos perante situações de vida ou de morte – às vezes literalmente – e nós somos obrigados a escolher se queremos manter-nos apegados àquela parte de nós que morre ou se a largamos para podermos seguir em frente. Muitas vezes estas escolhas não são fáceis nem imediatas, precisam de tempo e de paciência para serem integradas, mas a aceitação da nossa frustração, da nossa tristeza e da nossa raiva perante a nova realidade é o primeiro passo para viver.

Uma perspectiva bastante interessante sobre a depressão e, quanto a mim, também mais útil, é a de Melanie Klein, psicanalista infantil, que desenvolveu o seu trabalho na primeira metade do século passado. Klein reconhece a depressão como o último de dois estágios de um processo de crescimento e maturidade. Este processo ocorre de uma forma mais intensa durante o primeiro ano de vida, mas repete-se episodicamente ao longo de toda a vida.

Numa primeira fase a criança necessita dividir o seu mundo, ela própria, a mãe e o ambiente, em bom e mau. Ela vai separar aquilo que associa a sobrevivência e que identifica como amável, mas também controlável por si, daquilo que percepciona como ameaça e que identifica como odiável e incontrolável. A sua noção de conforto ainda está associada à vida no útero, onde vivia a sensação de que nada existe separado dela – de volta a Peixes, a Neptuno e à casa 12 – e por isso esta separação maniqueísta é necessária até que ela consiga construir um ego suficientemente forte para nele poder sustentar a sua personalidade.

PictureAs Duas Fridas, Frida Kahlo (1939)
No segundo estágio deste processo, o depressivo, a criança vai integrar os dois lados, o amável (ou luminoso) e o odiável (ou sombra). Ao fazer esta integração, vão surgir sentimentos de culpa, tristeza e remorso, por se aperceber que odeia e nutre sentimentos de vingança em relação ao objecto que simultaneamente ama e, consequentemente, ela vai ser confrontada também com a sua própria Sombra. Porque esta segunda fase traz consigo dor e sofrimento, a psique tenta proteger-se voltando atrás, à primeira posição, na qual a separação destes papéis era clara e tranquila – “aqui estão os bons, ali estão os maus”. No entanto, a integração destes dois lados é essencial ao nosso crescimento e à realização de que somos seres livres, autónomos e responsáveis por nós mesmos.

A depressão, enquanto patologia, acontece quando somos obrigados a experienciar a dor e o sofrimento, mas bloqueamos este processo e ficamos presos na visão polarizada. Somos confrontados com Saturno ou Plutão, mas rejeitamos a experiência, ou porque apenas sabemos lidar com a facilidade e fluidez de Júpiter e Neptuno ou porque não confiamos em entregar o controlo (Saturno e Plutão) a algo exterior a nós. Isto gera frustração, tristeza e raiva e uma sensação de impotência, de que “nada vale a pena”.

A Alquimia também associa a depressão a uma fase da Obra Maior, o Nigredo. Esta fase consiste em decompor a matéria através da acção do fogo, libertando-a de tudo o que é supérfluo e dispensável, reduzindo-a à sua essência. O planeta Saturno rege o Nigredo e em muitas ilustrações ele aparece simbolizado por uma estrela negra ou por um corvo, outras vezes aparece como um esqueleto, despido de tudo o que nos identifica e nos caracteriza como pessoa e que acreditamos ser necessário à nossa vida. Saturno e o esqueleto também simbolizam a morte (na Astrologia moderna Plutão assumiu essa simbologia) e, recordando a atitude de abandono, auto-destruição e anulação do eu que caracteriza a depressão, podemos perceber como esta pode ser um estágio de “morte em vida”.

A proposta da depressão é precisamente confrontar-nos com a fragilidade da matéria para que se crie a oportunidade de a transcendermos. Só despindo-nos daquilo que ilusoriamente acreditamos ser a vida, estaremos prontos para aceitar que ela é afinal muito mais. Assim, a depressão e os processos de Saturno e Plutão são condição imprescindível à vida, ao renascimento e a tudo o que é simbolizado por Júpiter e Neptuno, crescimento, confiança, fé e aceitação. Esta é a chave para a compreensão da depressão, se olharmos para ela como uma fase do nosso desenvolvimento, podemos entender que ela não é apenas um momento de dor e sofrimento ou uma atitude negligente em relação à vida.

A depressão pode ser um processo profundamente transformador e alquímico, que nos abre para a possibilidade de verdadeiramente transcendermos a nossa existência. Apenas quando tomamos consciência da vida como ela é, com toda a sua riqueza e toda a sua fragilidade, com todas as cores dos 12 signos do Zodíaco, podemos seguir em frente. E em frente é o único caminho para regressarmos a casa, à nossa essência espiritual, o único caminho para voltarmos a mergulhar, mas agora com consciência total e plena, no Universo de Peixes.


Publicado no Jornal da ASPAS, edição Outubro a Dezembro 2013
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